Por Katian Caria
A forma como nos relacionamos com o mundo à nossa volta, connosco próprios e com os outros, tem um impacto direto na perceção que temos sobre o nosso grau de satisfação, felicidade e bem-estar. As pessoas sentem-se geralmente mais felizes quando estão seguras da sua identidade e livres nos seus relacionamentos. O seu bem-estar é mais elevado porque conseguem viver o seu dia-a-dia de forma íntegra, convivendo com os outros sem ter a necessidade de se defender, justificar ou atacar. Aceitam o facto de que num mundo sem fronteiras “cada cabeça sua sentença” e por isso não ficam presas numa só perspetiva. São pessoas para quem o respeito para consigo mesmo e para com o outro é mais importante do que ter razão. Respeitam por isso a diferença e têm a capacidade de compreender e eventualmente integrar as várias perspetivas, não ficando presas apenas a uma. Compreendem que o conflito, ou seja, a existência das diferentes visões, embora inevitável, pode representar uma oportunidade de crescimento e união.
Por outro lado, há pessoas que adotam posturas mais limitadas e confinam os seus relacionamentos a regras rígidas e por vezes castradoras. Fixam-se sobretudo nas suas necessidades e dependem dos outros para as satisfazer. Com isto, estão a colocar todo o seu poder fora de si! O que significa que, mais cedo ou mais tarde, a relação terminará numa rutura que pode ser bastante destrutiva.
A boa notícia é que tudo na vida é cíclico e por isso “tudo passa”! Saber aceitar esta realidade revela grande sabedoria e bom senso pois a única certeza que temos é a certeza da mudança. Há que aproveitar todos os relacionamentos para nos conhecermos melhor e aceitar que "tudo o que nos irrita nos outros pode levar-nos a um entendimento de nós mesmos." Carl Jung.
A questão começa por conseguirmos identificar como é que nos sentimos relativamente aos nossos relacionamentos. A maior parte do tempo sentimo-nos livres ou limitados? Em ação ou acomodados? Em conflito ou em harmonia? Confiantes ou desconfiados?
É claro que ao longo das nossas vidas todos somos desafiados, todos sentimos um misto de emoções, por vezes bastante desconfortáveis e dolorosas, outras vezes agradáveis e prazerosas, mas quanto tempo passamos a “alimentar” cada um desses estados emocionais?
Porque será que algumas pessoas, estejam onde estiverem, permanecem presas em sentimentos como a culpa e a preocupação, e outras conseguem avançar? O mundo está cheio de seres humanos que estão em sofrimento por causa de algo que não deveriam ter feito em relação a alguém, mas que já fizeram, ou ansiosos e preocupados por causa de coisas num determinado relacionamento que podem ou não vir a concretizar-se no futuro. Como seria se aprendêssemos a viver mais o momento presente? Às vezes, quanto maior for a resistência à mudança, numa tentativa de manter o controlo sobre os acontecimentos da vida, maior será o embate e a tensão imensa causada pelo desgaste de remar “contra a maré”.
Aquilo em que pensamos, consciente ou inconscientemente, forma o nosso sistema de crenças e valores que, por sua vez, determina as nossas escolhas diárias em cada um dos nossos relacionamentos.
A tendência da maior parte das pessoas que estão insatisfeitas nos seus relacionamentos, é atribuírem a responsabilidade pelo seu estado a alguém ou a algo fora de si. Por exemplo, dizemos coisas como: “Não me divirto há anos por causa dele/dela!” É a chamada localização exterior do controlo. Ou seja, ao precisarmos dos outros para nos sentirmos felizes e livres, quando isso não acontece, provavelmente vamos sentir-nos frustrados, irritados, desiludidos e/ou enganados. Nessas circunstâncias, sem perceber bem como, entramos num estado muito frágil do qual é por vezes extremamente difícil de sair.
Como podemos então dar a volta a este enredo? Se justificarmos as nossas reações culpando o exterior, reduzimos a nossa capacidade de resposta. A inteligência emocional ensina-nos que não conseguimos o que quer que seja repartindo culpas, visto que isso nos transforma em vítimas impotentes.
O contrário, ou seja, a localização interna do controlo, dá-nos muito mais poder, já que nos permite assumir responsabilidade pelo que sentimos, bem como a responsabilidade pelo que vamos fazer com isso. Tudo são escolhas! Daí ser tão importante perante “problemas” nos relacionamentos, olhar para dentro em vez de apontarmos o dedo da culpa para fora. "Conhecer os outros é inteligência, conhecer-se a si próprio é verdadeira sabedoria. Controlar os outros é força, controlar-se a si próprio é verdadeiro poder." Lao-Tsé.
Pessoas bem-sucedidas nos relacionamentos optam sempre por se responsabilizar, ou seja por se pôr “em causa”, questionando-se e colocando-se no centro da questão, para depois decidir como atuar sobre ela no sentido de aumentar o seu grau de satisfação e bem-estar, sem prejudicar o outro.
E você, já aprendeu a resgatar o seu poder interior! Consegue colocar-se em causa? Se ainda não, saiba que está sempre a tempo! Comece por corrigir sua a perceção ao nível dos pensamentos e permita que o amor e compreensão se manifestem. Abra as suas fronteiras à escuta e à compaixão, criando mais harmonia nos seus relacionamentos. Se fizer a sua parte do trabalho e aprender a olhar-se no espelho interior do seu próprio ser, tudo é possível!
Os relacionamentos são uma representação inequívoca da nossa capacidade de amar, criar laços e pontes, partilhar sonhos e realizar objetivos.
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REVISTA PROGREDIR | JUNHO 2013