
in REVISTA PROGREDIR | JUNHO 2015
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
A criança interior é aquela centelha que existe em cada um de nós, a fonte genuína das nossas emoções, da luz que ilumina a nossa essência e que medeia a forma como nos apresentamos e relacionamos com os Outros. É a memória constante de quem somos, como somos, sentimos e vivemos.
Porém, a nossa preocupação constante com o Outro, no que concerne à sua influência na nossa vida, faz com que consciente ou inconscientemente, não nos lembremos da nossa criança interior, de nutrir a nossa relação e de assim, transformarmos a nossa essência, a nossa forma de viver. Há um foco no que nos é externo em prol do que é interno, ou seja, na nossa essência, onde residem as nossas caraterísticas, a nossa personalidade, a nossa forma de sentir e relacionar.
É preciso parar para escutar os clamores, os conselhos, os sonhos, as ideias da nossa criança interior, que diariamente nos quer relembrar o verdadeiro sentido e significado da vida, querendo que vivamos o melhor possível, de forma genuína, com uma sintonia entre as nossas emoções e os nosso comportamentos, que sejam assim transmitidos nas e com as nossas relações.
Apraz, ao escrever este texto, perguntar porque não ouvimos a nossa criança interior? Refletir sobre o porquê de não lhe dedicarmos algum tempo a conversar calmamente com ela, a nutrir a nossa relação, a potenciar o nosso bem-estar e a nossa felicidade.
Queremos sentir as mudanças na nossa vida, seguindo vários caminhos de transformação, de transmutação e evolução, escutando o som que advém de outras experiências de vida, lendo as palavras que outros escrevem sobre as nossas emoções, os nossos sentimentos, porém não procuramos o caminho que nos conduz à nossa fonte de energia, luz e amor. Não percorremos o caminho para o qual somos convidados diariamente, através de vários sinais, avisos que recusamos escutar, ofuscados pelos ruídos externos do dia-a-dia e das vicissitudes das rotinas da vida.
É tempo de parar, para nos relacionarmos com a nossa criança interior, para a colocarmos no nosso colo, embalando e nutrindo o amor que nos une, sentindo que nesse instante acontece magia, pois sentimos que estamos a cuidar de nós, a nutrir quem somos, a potenciar o mais genuíno que existe em nós e que nos define como ser humano.
Pode o leitor, neste momento, estar a perguntar como poderá conversar com a sua criança interior, como poderá cuidar dessa parte tão importante da sua vida, considerando que não é capaz de o fazer, não é capaz de se afastar dos problemas, dos dilemas e preocupar-se um pouco mais consigo mesmo, com as mudanças que quer operar na sua vida.
Para tal é preciso ouvir atentamente o nosso coração, silenciar a nossa mente de tudo o que nos rodeia e desejar a verdadeira mudança, para que seja operada em nós, para que nos permita crescer, evoluir e potenciar a felicidade. É preciso ser capaz de assumir a nossa vontade em mudar, sem nos preocuparmos com as ideias e preconceitos alheios que tentam intimidar a nossa determinação e motivação, aceitando quem somos e como somos.
A nossa criança interior está em silêncio, emitindo simples e pequenos sinais, esperando que sejamos capaz de os escutar, integrar e que iniciemos a viagem ao seu encontro, onde nos espera de braços abertos, para nos abraçar intensa e fortemente, acalmando qualquer tormenta que existe em nós. Quer cuidar de nós, acalmando os medos, dissipando as dúvidas, através de conselhos sábios, de um apoio emocional, com toda a sua mestria.
Porque o leitor não para um pouco para escutar a sua criança interior, promovendo a calma e serenidade na sua vida, nutrindo lentamente cada momento desta relação tão única e especial? Porque evita olhar para si mesmo, analisando os sinais sábios que recebe a todo o instante e que lhe podem permitir ser mais feliz?
É tempo de cuidar da nossa criança, de nos relacionarmos alegremente, sem medos de sermos nós próprios, sem dúvidas do nosso potencial e da nossa capacidade de amar, de nos entregarmos e de sermos verdadeiramente mais felizes!
A nossa criança interior espera por nós! Espera que brinquemos com ela com toda a inocência e ingenuidade de criança, onde todas as emoções são puras e desprovidas de preconceito. Vamos brincar com a nossa criança?
RICARDO FONSECA NFERMEIRO/ ESCRITOR www.ricardosousafonseca.pt.to www.facebook.com/ RicardoSousaFonseca in REVISTA PROGREDIR | JUNHO 2015 (clique no link acima para ler o artigo na Revista) |