in REVISTA PROGREDIR | JUNHO 2019
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Ao ler e estudar os textos sagrados pelo mundo, é comum a estes a ideia de transmutação, apesar da transmutação ser um termo mais comum no universo da Alquimia, uma filosofia natural praticada desde há milénios, que se manifestou com mais enfâse na Europa, da Idade Média ao Renascimento. Para os alquimistas, a Grande Obra consistia num trabalho de transmutação, quer externo (do chumbo em ouro), quer interno, purificando o ser humano, levando-o das fases mais negras - emoções contractivas e atitudes negativas - à fase mais luminosa. Séculos mais tarde, Carl Jung, o médico Suíço que hoje conhecemos como um dos pilares da psicologia, interessou-se muito pelo processo alquímico, usando-o como analogia para o desenvolvimento psicológico e emocional que as pessoas atravessam, ao longo da vida, e ao qual ele chamou individuação.
Transmutar significa mudar de uma forma para outra, e se não é certo que alguém alguma vez tenha descoberto o segredo de o fazer materialmente, obtendo ouro do que antes fora chumbo, em termos de padrões de energia psicológicos, isso é possível e alcançável. Curiosamente, não da forma pela qual normalmente optamos. Para transmutar algo que sentimos como contractivo (medo, raiva, angústia), em algo que desejamos expansivo (confiança, amor, abertura), o caminho não é nunca o da rejeição ou evitação.
Transmutar pede consciência; e a consciência assenta na capacidade de testemunhar, de olhar com neutralidade, aquilo que há em nós. Logo, para transmutar é preciso primeiro olhar aquilo que é em nós “o chumbo”, essa matéria escura, densa e pesada, que religiosamente seria identificada como pecado e, em contextos mais “Nova Era” rotulada de negatividade.
Se a tomada de consciência é o primeiro passo deste processo de transmutação, o segundo é um que, frequentemente, recusamos: a vivência. Não posso transmutar um padrão contractivo num expansivo se não me permitir a vivência interna do que surge.
E porque recusamos este passo? Porque acreditamos que a vivência de uma determinada emoção implica uma acção externa da mesma. Acreditamos que viver, por exemplo, a raiva implica uma acção externa de agressão, e não consideramos que podemos experimentar internamente este padrão, sem que ele se manifeste externamente em comportamentos reprováveis.
A partir daqui, abre-se um caminho, um processo mais ou menos longo, incluindo a imprescindível observação e reflexão, para finalizar na transmutação final. Curiosamente, é provável que acabemos por descobrir como aquilo que nos parecia negativo estava ali para nos oferecer algo, por amor ao que somos . A transmutação passa assim a ser o corolário do processo de crescimento e maturação de um ser humano estruturado e espiritualizado, não porque existe um sentido de rejeição, insuficiência ou falta de merecimento, mas porque há um impulso de actualização e realização, um crescimento desde dentro, baseado na compreensão de que o que existe em nós, existe por amor e para nos levar ao amor consciência.
TERAPEUTA TRANSPESSOAL
[email protected]
in REVISTA PROGREDIR | JUNHO 2019
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)