in REVISTA PROGREDIR | JUNHO 2020
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
É junho e somos convidados a abrir as portas! As ruas começam a vestir-se de cor e de gente. O cheiro da natureza mistura-se com os cheiros da rotina, cheiros de gente, cheiros de antes, cheiros de agora… É junho, passou metade do ano e connosco reside uma inquilina não desejada: a sensação de não termos vivido. Sente isso? Convido-o a olhar para o fechar de portas a que fomos expostos, como uma janela de oportunidade para apreciar o essencial.
A vida é uma sucessão de acontecimentos, um malabarismo entre o bom e o mau. Contudo, não existem emoções boas ou más. Existem apenas emoções que nos impelem a agir de diferente forma. O medo sentido nestes tempos Covid, tem sido, sem dúvida, uma emoção adaptativa que nos tem permitido equilibrar e viver esta panóplia de emoções. É no encontro do equilíbrio para continuar a caminhar, que serve de consolo a impotência que nos é inerente e a resiliência para continuar a olhar para a frente.
Perante o convite de abertura de portas, ecoam certamente, um misto de pensamentos e emoções dentro de si. Por um lado, a vontade de voltar, voltar a algo mais parecido com o antes, por outro lado, o receio desta nova realidade e ainda a tristeza de deixar as rotinas que se instalaram nestes mais de dois meses. Digo tristeza, pois, primeiro estranhamos o desconhecido e resistimos, mas depois adaptámo-nos e reinventamos rotinas, tornando o desconforto num momento confortável. Quando as emoções se tornavam adaptativas, fomos convidados a sair novamente da nossa zona de conforto.
É junho e somos chamados a regressar. Somos impelidos a fechar um ciclo e a iniciar uma nova caminhada. Uma caminhada que certamente trará obstáculos, nem que sejam, as emoções ao lidar com o desconhecido e a incerteza. Convido-o a interiorizar que não importam os obstáculos e as dificuldades que nos surgem, mas sim a forma como os ultrapassamos.
Vamos fazer deste recomeço, um barómetro de evolução pessoal. Que possamos integrar no nosso dia a dia, hábitos de bem-estar que nos reduzam as sintomatologias associadas ao medo. Que possamos passar mais tempo a olhar para dentro e avançar nesta jornada de autoconhecimento que nos permite evoluir. Que possamos ter mais tempo para o que realmente importa: as relações. Deixo-vos a sugestão de uma prática diária de meditação, que poderá tornar-se o abraço pessoal que devolve algum conforto bem como o momento de auto descoberta.
Os recomeços serão sempre uma oportunidade de evolução. No momento não aceitamos nem entendemos alguma dor que possamos sentir, nem a adversidade, mas depois… Depois percebemos a importância da reinvenção de nós e do mundo que conhecemos.
Para este regresso, também vos convido a refletir sobre as seguintes questões:
* Como avalia esta mudança obrigatória na sua vida?
* Quais as maiores dificuldades que sentiu?
* O que foi agradável?
* Vai sentir saudades de: __________________________
* Aprendeu que: ________________________________
* Gostava que as novas rotinas incluíssem: ____________________________
* Sente gratidão por: _________________________
Termino com um lembrete: A maior capacidade de adaptação ao “regresso”, reside nas escolhas que fazemos diariamente face aos pensamentos e emoções que experienciamos. Não reside em nós o poder de controlar o que acontece à nossa volta nem fazemos futurologia. Mas temos controlo sobre o que escolhemos “ruminar”. É necessário criar e preservar hábitos de auto cuidado e gerir da melhor forma as emoções que nos assolam pelo que não controlamos. Com consciência, momento a momento, de cada emoção e pensamento.
Desejo-vos um regresso reinventado de oportunidades felizes.
PSICÓLOGA CLÍNICA FUNDADORA DA CLÍNICA DA AUTOESTIMA
www.clinicadaautoestima.pt
[email protected]
in REVISTA PROGREDIR | JUNHO 2020
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