in REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2016
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Na realidade, tudo começa connosco e dentro de nós. Nascemos e crescemos num mundo muito próprio. A forma como nos relacionamos com ele depende de nós, da forma como o recebemos e representamos interiormente (é bonito ou nem por isso? É doloroso ou feliz?) e também das experiências que, entretanto, vamos tendo na vida, sobretudo com as pessoas e actividades que sentimos como sendo importantes.
Creio que todos sabemos o que é sentir paz interior, ainda que possamos senti-la apenas por breves momentos durante eventos especiais de vida como aquele dia na praia a apanhar sol, aquele abraço caloroso, aquela viagem, aquela massagem, aquele filme… ah, se a vida fosse sempre assim… poderemos sonhar e sorrir perante a possibilidade deste paraíso eterno.
No mundo globalizado de hoje, cheio de estímulos e solicitações exteriores, sobretudo para quem vive nas grandes cidades e rodeado das novas e maravilhosas tecnologias, poderá não ser fácil encontrar momentos para a paz interior e para estar e ser simplesmente. E talvez até muitos evitem estes momentos a sós, sentindo com receio: não sei estar comigo. Não sei lidar com as vozes interiores, o silêncio e o não ter o que fazer… Tenho que me distrair.
Embora seja excelente ir usufruindo dos encantos da vida do dia-a-dia, a dada altura torna-se necessário olhar verdadeiramente para o nosso interior. Para alguns, essa procura talvez ocorra devido a alguma grande perda ou dor que os leva a despertar. Para outros, talvez aconteça naturalmente. Para outros ainda, talvez esta altura nunca chegue realmente a ocorrer… Somos todos únicos e diferentes. Mas, para aqueles seres humanos corajosos que ousam ir mais além (e que abraçam não só o seu enorme potencial humano de criação, mas também a sua responsabilidade para consigo e para com o mundo), as questões: quem é que eu sou? e quem é que eu quero realmente ser? tornam-se fundamentais. Infelizmente, muitas vezes, as respostas diferem muito, chegando a parecer realidades paralelas, aparentemente incompatíveis para muitos de nós. Entre elas poderão existir montanhas e vales, histórias pessoais dolorosas e mal resolvidas, lutas interiores connosco e com o mundo… monstros, mitos, amarras, prisões.
Vamos fazendo sempre o melhor que podemos, com os recursos que temos em determinada altura das nossas vidas. E não temos que carregar connosco as bagagens dolorosas do passado que pesam na alma e no coração. Podemos sonhar e criar as nossas visões. Mas para que tal aconteça em paz, torna-se necessário seguir o caminho da transformação e reconciliação interiores.
Criar maravilhas a partir do nosso interior com verdadeira paz é uma arte. Tal como um escultor cria as suas deslumbrantes peças ou um escritor nos leva a viajar através das suas inspiradas palavras, existe também dentro de nós um artista pacifista à espera de se expressar e reinventar.
Poderá parecer ficção científica para muitos mas as nossas memórias são dinâmicas e alteráveis. Se pudesse reinventar a sua história de vida, começar de novo ou ser uma pessoa diferente, quem escolheria ser e como gostaria de se sentir?
Fazer as pazes dentro de si requer olhar para o álbum de fotos e os vídeos antigos das suas memórias e mudar as histórias que não correram assim tão bem, libertando as percepções e crenças que o estão a limitar.
Ninguém tem o poder de nos fazer sentir de determinada forma sem a nossa permissão. Ser paz é viver em paz consigo e com as representações internas que tem de si, do mundo e dos outros, independentemente das suas circunstâncias exteriores de vida atuais. Se vive em conflito, tem sempre a escolha e a possibilidade de mudar. Poderá não ter a possibilidade de mudar os outros e o mundo mas tem o poder de se transformar a si e de contribuir positivamente para a reconciliação universal, sendo paz. Para tal, torna-se necessário ir até onde dói e tornar-se consciente. Escolha sentir-se bem.
O seu corpo terá as respostas certas. Experimente fechar os olhos. Como é que sabe que dói? Talvez veja uma imagem de alguém, um filme da sua vida, presente ou passado. Talvez sinta uma sensação ou oiça sons. Respirando profundamente e focando-se na dor, imagine vários balões à sua frente onde colocará uma a uma todas essas sensações, imagens, sons… juntamente com hélio. Assim que sentir que já colocou tudo o que gostaria de libertar, abra a mão e deixe os balões voar… observando como sobem e desaparecem no céu. Sinta-se leve. Regresse ao corpo e, com os olhos ainda fechados, imagine-se no seu lugar da paz (um local, alguém ou alguma actividade que lhe tragam verdadeira tranquilidade). Deixe essa paz crescer dentro de si e expandir-se até ocupar todo o espaço ao seu redor. Respirando sempre profundamente, regresse ao corpo. Sinta os dedos das mãos. Abra os olhos e repare na diferença. Consegue senti-la? Se sim, excelente! Se não, repita a prática até sentir a transformação.
Reinventar as suas histórias é um caminho de reconciliação interior e uma aventura. Requer prática, consciência e dedicação mas vale verdadeiramente o compromisso: viver leve é uma dádiva acessível a todos. Consegue imaginar um mundo repleto de seres humanos em paz? Eu sim! e sorrio com esperança neste mundo verdadeiramente pacífico e feliz.
COACH DE REINVENÇÃO PESSOAL
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