in REVISTA PROGREDIR |ABRIL 2021
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Um elefante come-se aos bocadinhos, não é todo de uma vez. O primeiro passo é identificar o elefante que queremos comer. Sugiro sempre que se comece o processo pelo espreitar dos nossos mundos interiores e verificar onde se esconde o malvado do elefante. Para se abraçar o que é novo, temos que conhecer o que já é velho ou o que já não nos é útil. Internamente, tudo começa pelo autoconhecimento. Quem sou, de onde venho e para aonde vou. A reflexão sobre estes tópicos (tão exaustos de serem falados), é de facto, o busílis da coisa. Esta descoberta de si próprio, é, se for bem-feita, dolorosa que se farta. Só se pode começar de novo se souber, ao menos, o que não se quer recomeçar. O que já não serve a nossa essência. Por detrás desta reflexão interna, pode esconder-se um elefante (ou uma manada deles) que é preciso ir “fatiando” para se poder comer, digerir e expelir.
Este processo de enfrentar os elefantes que habitam em nós, não é para todos. É para os que conseguem mergulhar em si próprios, com coragem. A coragem não se define por não se ter medo. Não. Coragem é ir com medo e tudo. É assumir o medo e toca a mergulhar de cabeça no mundo interior, levando o medo consigo, como quem leva uma mochila cheia de coisas úteis, preparada para o que der e vier. Fácil? Não. Não é fácil. Ao alcance de todos? Também não. Quem ainda não aprendeu a refletir sobre si próprio, sobre os outros e sobre o mundo à volta, dificilmente está preparado para enfrentar o maior dos elefantes: o que habita no interior de cada ser humano, criando caos e desordem. Também é verdade que há elefantes internos que são muito organizados e arrumadinhos: cada coisinha está na sua gaveta ou na sua prateleira. E é tudo a preto a branco, não há cá outras cores. O caneco é quando a vida vem e baralha a arrumação interna; o controle e a rotina perdem as estribeiras ficam sem chão. Se cada um de nós souber identificar o seu elefante interno, já tem meio caminho andado. O passo seguinte é o confronto, cara a tromba e, a seguir, tratar da saúdinha ao elefante, bocadinho a bocadinho.
Este trabalho de descoberta, de criar a ordem interna, de acordo com a essência de cada um, deveria ser o principal objetivo de vida, num contínuo processo evolutivo, com novos começos, daqueles que nos levam em direção à paz interior e ao bem-estar. O estar de bem consigo próprio, é da maior importância. É a pedra angular para toda a construção de vida. Quando a construção interna é firme, a vida cá fora ajusta-se e torna-se muito mais leve e alegre. É voltar a lembrar, que tudo começa (ou recomeça) de dentro para fora. Com passos pequeninos, mas firmes. Com pequenas alterações na forma de encarar a vida. Com mais tolerância consigo próprio e com os outros. Com menos exigência e menos (auto) crítica.
Com maior respeito pelo ser e menos preocupação com o parecer. Coisinhas que parecem lugares comuns, mas que dão um trabalho danado se quiser fazer a coisa de forma séria e verdadeira. Assim de repente, podemos começar de novo, apenas cumprindo à risca o seguinte: não se enganar a si próprio e encontrar a autenticidade. Deixo mais uma pista: a autenticidade é uma marota que tem a mania de se esconder por detrás dos elefantes…
PSICÓLOGA
magdalagabriel.blogspot.pt
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