Por Maria Gorjão Henriques
in REVISTA PROGREDIR | DEZEMBRO 2013
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Neste artigo, iremos dar especial enfase à reciprocidade nas ordens do amor entre um homem e uma mulher, devido ao facto de observarmos muita tensão, repetição de padrões e sofrimento em relação à perceção e avaliação que as pessoas fazem das suas relações amorosas. Esperamos que este artigo possa contribuir para esclarecer e quem sabe proporcionar uma nova tomada de consciência em relação à expressão da forma como o Amor flui entre casais.
A nossa capacidade de receber está muitas vezes diretamente relacionada com a possibilidade de dar. Recebemos sem darmos algo de volta, torna difícil a possibilidade de conservar o que nos foi dado. Ao contrário, quando damos algo de volta sentimo-nos no direito de manter o que recebemos de forma livre e feliz. Este facto é um traço humano universal.
Podemos começar por nos perguntar o que damos e o que recebemos do nosso marido, mulher, companheiro, namorado, … como é feita esta troca? E se existem cobranças ou sensações de dever alguma coisa?
Deveríamos dar apenas o que temos, esperar e tomar para nós apenas o que necessitamos.
A desarmonia da vida começa quando uma pessoa quer dar o que não tem e a outra quer tomar o que não precisa.
Outra desordem também ocorre quando uma pessoa espera e exige da outra algo que ela não tem para dar ou quando dar ao outro pode substituir e lhe retirar a responsabilidade de carregar o que lhe é devido e lhe pertence.
Neste sentido, é importante estabelecermos limites que devem ser observados por nós no nosso dia-a-dia na forma como estamos dispostos a dar e a receber.
Entre um homem e uma mulher a ordem do amor é estabelecida quando existe uma troca. Ambos dão e ambos tomam. Esta troca flui e faz parte da nossa natureza humana porque cada um tem o que falta ao outro e a cada um falta o que o outro tem. Ambos precisam por isso dar e tomar. Esse facto apenas é possível se ambos estiverem a viver em sintonia com o lugar que desempenham designadamente o homem se dar à mulher como homem e a tomar como mulher e a mulher se dar ao homem como mulher e o tomar como homem.
A desordem acontece muitas vezes porque não depende da vontade consciente dos próprios mas sim do arquétipo vivido, dos seus inconscientes, dos condicionamentos que ambos receberam ao longo das suas vidas principalmente através das respetivas famílias, de lealdades assumidas, da utilização de recursos de forma cega e exagerada levando a mulher a não tomar na integra da sua mãe o feminino e o homem a não tomar na integra do seu pai o masculino.
Outra desordem que surge muitas vezes é quando um deseja e o outro concede. Nesses momentos, o que deseja assume um lugar de criança e o que dá assume um lugar de pai. Esse facto vai provocar na pessoa que recebe a necessidade de agradecer como se tivesse recebido sem dar e no que dá faz surgir um sentimento de superioridade ou de liberdade, como se tivesse dado sem receber. Este facto vai impedir o fluxo da compensação e colocar em risco o equilíbrio da troca. Para que exista na relação um bom equilíbrio é necessário que ambos precisem e ambos concedam, com respeito e amor.
Numa relação de casal se um dos parceiros procurar no outro um amor incondicional, como no caso de uma criança que procura amor incondicional nos seus pais, o que essa pessoa está a fazer é a projetar e a esperar receber do outro a mesma segurança que os pais dão aos seus filhos. Esse facto vai provocar uma crise na relação, fazendo com que aquele de quem se esperou demais se retraia ou se afaste. Esse movimento tem toda a propriedade porque é injusto para com o parceiro pedir-lhe para estar a altura de cumprir com uma ordem da infância ou com o papel de pai. Esse não é o seu lugar.
Estes são apenas alguns exemplos simples de reciprocidade nas nossas vidas e da forma como tantas vezes somos movidos por forças ocultas e por necessidades ocultas onde fazemos dos nossos relacionamentos um espelho perfeito das nossas necessidades mais profundas e acabamos por não entender a razão pela qual os relacionamentos têm tantas crises e se tornam tão pouco satisfatórios. Observar a reciprocidade pode ser um bom começo.
Recebo e tomo para mim o dom da Vida e ofereço-lhe quem sou!
PSICÓLOGA, ASTRÓLOGA E FACILITADORA DE CONSTELAÇÕES FAMILIARES
www.espacoamar.com
[email protected]
in REVISTA PROGREDIR | DEZEMBRO 2013
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