Por Leonor Sentieiro
in REVISTA PROGREDIR | ABRIL 2021
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Em primeiro lugar, é fundamental compreender o que é a saúde mental. A definição de saúde mental pode ser complexa pela existência de diferenças culturais em termos de crenças, valores e contexto social, o que torna difícil uma definição consensual. A saúde mental é mais que a ausência de uma doença ou perturbação mental, sendo que é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 2015) como “um estado de bem-estar no qual o indivíduo se apercebe das suas capacidades, consegue lidar com os fatores stressores do quotidiano bem como trabalhar de uma forma eficaz e produtiva de forma a contribuir para a comunidade”.
Na mesma linha de pensamento, a Direção Geral da Saúde (2021) descreve a saúde mental como a base do bem-estar geral em que, portanto, existe a capacidade de adaptação a situações novas de vida, de transição e mudança. Para além disso, é relevante salientar que pessoas mentalmente saudáveis demonstram a capacidade de ultrapassar situações de vida stressantes como a morte de familiares, mudanças de emprego, fins de relações amorosas ou mudança de pais. A saúde mental envolve a capacidade de reconhecer indicadores de mal-estar e identificar os seus próprios limites. Adicionalmente, a saúde mental permite estabelecer relações de qualidade e percecionadas como satisfatórias e positivas com amigos, familiares, colegas de trabalho e com a comunidade.
Segundo Keyes (2006, 2014) existem três componentes relacionados com a saúde mental: bem-estar emocional, psicológico e social. O bem-estar emocional envolve a experienciação de sentimentos de felicidade, interesse na vida e satisfação; o bem-estar psicológico envolve apreciar a sua própria personalidade, ser capaz de gerir as responsabilidades do quotidiano, desenvolver relações saudáveis com os outros e estar satisfeito com a sua vida. Enquanto que o bem-estar social se refere ao funcionamento positivo e envolve a contribuição para a sociedade e sentimento de pertença na comunidade. Para além dos componentes supracitados, existem competências cognitivas e sociais (Artero et al., 2001; Gigi et al., 2014; Moritz et al., 1995; Wareen et al., 1989) essenciais na saúde mental.
As competências cognitivas incluem a capacidade de prestar atenção, relembrar e organizar informação, capacidade de resolução de problemas e tomada de decisão; as competências sociais dizem respeito à capacidade do próprio em comunicar, verbalmente e não verbalmente, com os outros de acordo com o contexto em que se encontra inserido. A regulação emocional é também um componente fundamental, sendo a capacidade de reconhecer, expressar e modelar as próprias emoções (Gross & Munoz, 1995) e tem sido apontado como um mediador do ajustamento a situações de stress (McCarthy et al., 2006; Schwartz & Proctor, 2000). A flexibilidade e a capacidade de lidar com a adversidade são indispensáveis na manutenção da saúde mental. Por um lado, a flexibilidade refere-se à capacidade de lidar com dificuldades, obstáculos imprevisíveis e de adaptação, em que a falta de flexibilidade pode resultar em sentimentos de angústia e originar diferentes tipos de perturbações mentais.
Ao longo da vida, todos nós poderemos ser afetados por problemas ao nível da saúde mental com maior ou menor gravidade (Associação de Apoio aos doentes depressivos e bipolares, 2021). Existem momentos e fases de vida, que pela sua exigência podem ser causadores de uma menor saúde mental. A adaptação aos momentos de transição dependem dos recursos (individuais, sociais, familiares ou contextuais) desenvolvidos ou disponíveis para lidar com as vulnerabilidades e fatores de risco.
Desta forma, é urgente desenvolver tratamentos e intervenções eficazes nas perturbações mentais, aumentar a compreensão e natureza das mesmas de forma a proporcionar uma nova esperança tanto a pessoas que sofram algum tipo de doença ou perturbação mentais, às suas famílias e à sociedade.
MESTRE EM PSICOLOGIA CLÍNICA E DA SAÚDE, INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA COM VÍTIMAS DE CRIME, DESENVOLVE UM PROJETO DE INVESTIGAÇÃO NO ÂMBITO DE DOUTORAMENTO SOBRE A VIVÊNCIA DA PANDEMIA COVID-19 NAS FAMÍLIAS, ESPECIFICAMENTE NA CONJUGALIDADE E PARENTALIDADE
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