Por Andreia Lourenço
in REVISTA PROGREDIR | JULHO 2019
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
A modificação do trabalho, entre as décadas de 70 e 80, culminaram para o aparecimento da Síndrome de Burnout. Verifica-se, hoje, mais burocracia, isolamento e exigência.
A combinação destas caraterísticas levou a um aumento das expetativas e consequentemente a um maior número de frustrações.
A definição do conceito tem vindo a sofrer transformações, sendo, no entanto, consensual que é "uma resposta prolongada a stressores físicos e emocionais crónicos que culminam em exaustão e sentimentos de ineficácia" (Maslachet al., 2001), ou "uma resposta à pressão emocional crónica resultante do envolvimento intenso com outras pessoas no meio laboral" (Teixeira, 2002).
Apesar de poder ser desencadeada em qualquer tipo de atividade profissional, verifica-se uma maior predisposição para esta síndrome em profissionais de ajuda ou que impliquem o contato diário com pessoas a quem prestam determinado serviço (profissionais de saúde, professores, serviço social, entre outros), dada a elevada responsabilidade e exigência profissional, e o maior envolvimento emocional.
Os sintomas mais caraterísticos do burnout são: exaustão emocional e distanciamento afetivo. Há também um sentimento de baixa realização profissional e uma baixa satisfação com o trabalho. O indivíduo afetado pelo burnout tem menos interesses em práticas inovadoras e apresentam um desgaste quando lhes é exigido criatividade e maior comprometimento com o trabalho
Segundo alguns autores podem ser consideras 3 fases de evolução da síndrome:
- Exaustão emocional - sensação de sobrecarga e desgaste, de exaustão física e emocional. Perceção de falta de energia para levar a cabo as atividades profissionais (e pessoais). O trabalho passa a ser visto como algo penoso e doloroso.
- Despersonalização/Desumanização - assumir de uma atitude mais distanciada na prestação de cuidados. Contactos mais impessoais e sem afetividade e pouco empáticos e humanizados com o outro. Barreiras cognitivas e emocionais em relação ao trabalho, àqueles a quem se presta serviços, aos colegas, aos superiores e à instituição
- Baixa realização profissional - sensação de descontentamento e desmotivação com o trabalho, que conduzem à perceção de perda de sentido e interesse e consequente sensação de que o trabalho se tornou "um fardo". Como resultado, o investimento é cada vez menor, a sensação de realização profissional também e, a eficácia fica muitas vezes comprometida
São muitos os sintomas considerados de “alerta”, de que “algo não está bem”. Desde problemas gastrointestinais, a isolamento, conflitos de valores e crenças, dificuldades de memória entre tantos outros.
Segundo dados de 2016 da Associação de Psicologia da Saúde Ocupacional, 17,3% dos trabalhadores portugueses estão em burnout. Este número tem vindo sempre a aumentar: em 2008 eram 9%; em 2013 eram 15%.
- Mais de 87% dos trabalhadores portugueses não se sentem recompensados na sua atividade profissional. Em 2013, eram 73%
- Cerca de 86% relatam situações de stress no trabalho, muito mais do que em 2013 (62%)
- Entre 2011 e 2013, 21,6% dos profissionais de saúde portugueses apresentaram burnout moderado e 47,8% burnout elevado
A Síndrome de Burnout é um grave problema de saúde pública. Existe a necessidade premente de divulgação, para conhecimento por parte dos profissionais que cuidam dos trabalhadores e por parte da população em geral. OBurnoutpode ser evitado, desde que exista uma consciencialização das organizações e implementação de medidas preventivas de stresse crónico, mas também de uma decisão interna do individuo de querer mudar e da resignificação do trabalho e do viver.
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in REVISTA PROGREDIR | JULHO 2019
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