Por Cristina Marreiros da Cunha
in REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2016
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Não constitui hoje novidade que a atividade física regular e cuidados com a alimentação, assim como um estilo de vida saudável em ambientes pouco poluídos, constituem uma mais-valia para progredirmos em idade, com saúde. A esperança de vida continua a aumentar, mas a consciência de que esse aumento de longevidade pode corresponder a ser feito com tanto mais saúde, quanto nós enveredarmos por escolhas saudáveis, felizmente também.
Há, contudo, alguns aspetos que convém lembrar. Por um lado a hereditariedade e a genética têm uma palavra a dizer na longevidade e na forma como se desenvolvem algumas doenças. Por outro, a forma como vivemos é importante, não só para evitarmos algumas dessas doenças, como também porque podemos influenciar a altura ou a forma como elas se manifestam e a que velocidade vão ou não infligir os seus danos.
Todos sabemos que “os acidentes acontecem”. Mas nunca antes tivemos tantas condições para prevenir alguns desses acidentes como atualmente. Não é seguramente saudável viver angustiado ou obcecado com a prevenção de acidentes, ou com o nosso estado de saúde, mas adquirir hábitos saudáveis, como uma nova rotina, está ao nosso alcance para progredirmos saudavelmente.
É curioso, pensarmos e darmos como certo que conseguimos treinar o corpo para fazer esta ou aquela habilidade (atletismo, ginástica, dança, malabarismo, tocar um instrumento musical, etc.) e termos dúvidas sobre como podemos treinar a nossa mente ou mudar alguns dos nossos comportamentos. Certo é que a nossa plasticidade faz com que tal seja possível.
Em saúde mental também surgem problemas de doença que ocorrem por acidente, hereditariedade ou questões genéticas, mas a grande parte dos problemas de saúde mental que nos afetam ao longo da vida surgem de questões ambientais/educacionais/comportamentais e, na maior parte dos casos, de combinações de fatores. Quer na doença mental, quer na recuperação e manutenção da saúde psicológica, progredir é possível através de novas formas de olhar a doença, a saúde, de nos olharmos a nós próprios, os outros, a existência, a vida, ou seja, através de mudanças com as quais nos podemos comprometer.
Todos nós necessitamos de sermos únicos e ao mesmo tempo de nos sentirmos próximos, ou seja, a nossa necessidade de diferenciação é tão importante como a nossa necessidade de intimidade. A nossa necessidade de paz e sossego é tão importante quanto a nossa necessidade de atividade e procura. A nossa necessidade de estabilidade e rotina é tão necessária quanto a nossa necessidade de inovação e aventura. Se estas e várias outras necessidades são, de alguma forma comuns a toda a gente, o seu grau de intensidade, ou a altura em que preferimos habitar mais um lado ou outro deste contínuo, varia de pessoa para pessoa e na mesma pessoa, varia ao longo do tempo e em diferentes fases da vida.
Progredir em saúde mental é saber estar atento a essas necessidades, saber escutar as nossas emoções, ouvir as diferentes partes de nós que muitas vezes nos pedem coisas opostas, viver as contradições, compreender porque existem e aprender a dialogar e regular.
Progredir em saúde mental é aumentar o grau de conhecimento sobre nós e o grau de liberdade e responsabilidade pelas escolhas que fazemos, tornando-as verdadeiramente nossas.
Progredir em saúde mental, é conseguirmos interagir com o que nos rodeia e olhar para nós simultaneamente, como uma simples nota musical ou como uma gota de tinta, como uma linha melódica ou um movimento de pincel, mas também como um todo composto por partes; uma sinfonia em curso, ou um quadro que se vai transformando.
PSICÓLOGA E PSICOTERAPEUTA
www.espsial.com
[email protected]
in REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2016
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)