in REVISTA PROGREDIR | MAIO 2020
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
O que é que será então tão importante integrarmos e/ou alterarmos dentro de cada um de nós, de cada uma das nossas famílias nucleares, cada um dos nossos bairros, cidades, países e no mundo inteiro na generalidade?
Quanto penso e sinto sobre isto, a palavra que me vêm sempre à cabeça é “Família”, no seu sentido restrito e nuclear, mas também num sentido mais amplo que nos envolve a todos e testa as nossas capacidades de cidadania, solidariedade, contenção, capacidade de distinguir entre o essencial, o acessório e capacidade de nos doarmos. A verdade é que a família, enquanto unidade fundamental da vida tem andado meio perdida e com muito menos capacidade para cumprir as suas funções.
A vida corre a uma velocidade imensa e mesmo os mais conscientes dos seres acabam por ser apanhados neste turbilhão e todos nos vamos habituando à falta de tempo para estarmos juntos, à falta de tempo para olharmos verdadeiramente para nós próprios, para a nossa família, para estarmos com os nossos filhos em qualidade, quanto mais para as restantes pessoas que estão à nossa volta, para o mundo ou para o planeta.
O Coronavírus é um vírus que causa infeções que afetam o sistema respiratório e os pulmões, sendo o novo coronavírus, SARS-CoV-2, ainda mais grave denominado como Síndrome Respiratória Aguda Grave.
Se pensarmos na psicossomática e na interligação corpo/espírito, os pulmões estão relacionados com a tristeza e o nosso sistema imunitário com todas as nossas emoções, em especial na forma como cada um de nós se sente no mundo à sua volta.
Não querendo parecer excessivamente esotérica ou estranha, não consigo deixar de questionar-me sobre se cada um de nós estava a viver de forma apenas robotizada ou estava realmente consciente da sua caminhada e feliz?
Viktor Frankl falou muito sobre a Frustração Existencial, que representa a falta de sentido que o ser-humano tem sobre a sua própria existência. Essa frustração é algo que se aplica cada vez mais aos nossos dias e faz com que nada possa preencher o nosso vácuo existencial. Existe alguma coisa pior do que não saber ou não reconhecer o sentido da nossa vida, da nossa presença no mundo e ir apenas vivendo ao sabor da maré e na correria louca que o século XXI nos impõe? Ficamos vazios e a estrutura familiar, vista sempre como um todo, fica vazia também. No esforço de abafar esse vácuo, continuamos a alta velocidade numa tentativa inútil de automedicação, mas chegou o momento em que fomos obrigados a deixar de usar esse mecanismo de defesa.
Agora fomos todos obrigados a PARAR;
Agora fomos todos obrigados a estar JUNTOS no nosso agregado familiar;
Agora fomos todos obrigados a praticar o nosso CIVISMO para não infetar o próximo;
Agora fomos todos obrigados a APOIAR os que precisam;
Agora fomos todos obrigados a JUNTARMO-NOS como país;
Não parar ou pelo menos não abrandar neste momento já não é uma opção. Todos sem exceção vamos ter que percorrer agora este caminho difícil, com consequências sérias para a economia e para o sustento de cada unidade familiar, mas que acredito nos trará muitos benefícios. Goethe dizia “não há nenhuma situação que não se possa enobrecer, seja realizando, seja suportando”.
Vamos todos juntos enobrecer este momento para cada um de nós, para as nossas famílias, para o nosso país e sair mais fortes do que antes…
Acredito que vamos todos voltar renovados desta calamidade, que nos vai fazer renascer na forma como temos assistido à vida familiar, social e comunitária!
PSICOTERAPEUTA CORPORAL
www.espacocrescer.pt
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