Por Sofia Pérez
in REVISTA PROGREDIR | ABRIL 2018
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Há um medo entranhado em nós que nos paralisa, principalmente no que toca às grandes decisões, entre as quais a nossa vida profissional.
Resistir num emprego ou numa profissão de que não se gosta está muito assente no medo do desconhecido. Romper com esse medo é diretamente proporcional ao sofrimento vivido diariamente pela pessoa no desenvolvimento da sua atividade profissional. Esta equação dará, a essa mesma pessoa, a força motriz para a mudança, ou não.
A identidade cultural também tem influência nesta Resistência. Observemos o povo latino português: as expressões “vai-se andando” e o “tem de ser” são sobejamente utilizadas. O sonhar com o fim-de-semana e sentir, em cada domingo à noite, a ansiedade e a melancolia da segunda que está para chegar, para começar tudo outra vez, está muito imbuído na nossa forma de estar, tida como normal. Mas será mesmo? Também nos está “no sangue” este arrastar, esta tristeza latente que o nosso Fado expressa tão bem. Repetimos os padrões de gerações anteriores. Nunca nos questionamos se a vida profissional que, para a esmagadora maioria de nós, ocupa a maior parte do dia, tem de estar associada a sofrimento. Resistimos e vamos “andando”, às vezes já meio atordoados, numa espécie de “anestesia padronizada” e entranhada, autoadministrada.
E neste processo de Resistir, muitas vezes somos forçados a paragens intermitentes, e a outras definitivas. A mente por vezes cede a essa Resistência, e o corpo, que tudo somatiza, um dia, finalmente, ganha voz.
Não, não é nada fácil conciliarmos os nossos sonhos com a preocupação diária e real, a que damos o nome de sobrevivência. Quer queiramos quer não, o dinheiro faz falta. Mas estamos agarrados à ideia de que, para sobrevivermos, devemos dedicar todo o nosso tempo e a nossa energia a tarefas árduas e desagradáveis. E continuamos a Resistir. Não tem de ser assim, é imprescindível que revisitemos estas crenças que limitam e condenam muitas vidas a apenas um vislumbre do que poderiam ser.
A Resistência não se centra apenas na questão: mudar ou não mudar de emprego ou de profissão. Antes de uma eventual rutura, deverão ser analisados outros fatores, nomeadamente: se as nossas competências profissionais estão de acordo com aquilo que desejamos obter na nossa profissão ou no nosso emprego; observar a forma como comunicamos as nossas ideias e projetos, e aferir se é coerente com a “linguagem” utilizada pelo nosso chefe e com todo o ambiente profissional. Por outro lado, também é muito importante averiguarmos se as nossas queixas constantes dos colegas e das chefias não são também apenas outras formas de Resistência. Qual é o nosso grau de Resistência, quando se trata de fazermos esta autoanálise?
Autoconfiança, foco e estratégia são a base para qualquer mudança. Quem está infeliz com o seu emprego ou com a sua profissão, e não ousar fazer diferente, continuará a colher exatamente o mesmo. A falta de autoconhecimento, autoconfiança e de automotivação, a par do medo, colocam-nos à mercê da Resistência. É incrível como desistimos dos nossos sonhos por medo: medo de falhar, medo da rejeição, medo de não termos apoio, medo de trocar o conhecido pelo desconhecido. Convencemo-nos, até, que Resistimos, não por medo, mas porque acreditamos que não temos alternativa ou outra saída. Pode não parecer à primeira vista, mas, realizar o sonho de fazer o que nos apaixona envolve muitos tijolos e sacas de cimento. E o caminho é tortuoso, cheio de curvas duvidosas, subidas difíceis e descidas repentinas. Um caminho que põe à prova a fibra de que somos feitos e que exige de nós toda a nossa força, foco e resiliência, se queremos ser bem-sucedidos. Sortudos são os que se apercebem de que um caminho é isto mesmo e não uma autoestrada de asfalto acabada de construir!
Não deveríamos ter todos nós, a responsabilidade de procurarmos ser melhores em todos os sentidos e de nos superarmos diariamente? Lapidarmo-nos, na alegria e no prazer, na dor e na frustração? De entendermos que tudo é impermanente e que não controlamos quase nada? É a nossa bússola interior que indica o caminho para a nossa felicidade, a felicidade que nos faz sentido, a de cada um, não padronizada nem direccionada. Combater a Resistência a essa Felicidade, é imprescindível e vale todas as nossas tentativas. Desistir não é de todo, uma opção.
Imagina! Eu imagino-os também, os que chegaram aos dias do fim. Esfomeados de vida, arrependidos, por nem sequer terem tentado.
COACH HOLISTICO E HIPNOTERAPEUTA TRANSPESSOAL
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in REVISTA PROGREDIR | ABRIL 2018
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