in REVISTA PROGREDIR | AGOSTO 2018
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
A partilha está ligada à felicidade. Partilhar os nossos sentimentos, devaneios, sonhos e emoções traz felicidade.
Se não existe uma partilha genuína, estamos de certa forma a insensibilizarmo-nos e, inevitavelmente, ao insensibilizarmos sentimentos e emoções, condicionamos drasticamente a qualidade dos nossos relacionamentos, deixamos de ter a possibilidade de criar vínculo. Somos essencialmente seres de vinculação, porque nós, seres humanos, somos seres de afetos.
Não partilhar tudo o que nos habita está muitas vezes ligado ao julgamento e ao medo de não sermos aceites. Então, mas de que é que nos vale ter relacionamentos se tivermos de usar máscaras, se não pudermos ser genuínos, ou seja, se não pudermos mostrar quem realmente somos? Se sentes que não podes partilhar aquilo que realmente necessitas, por medo e/ou vergonha com as pessoas que fazem parte dos teus relacionamentos talvez seja a altura de te questionares com que tipo de pessoas é que te dás.
A verdade é que quanto mais contemos as nossas partilhas mais perdemos a capacidade para falarmos acerca delas e isso deixa-nos infelizes e…doentes. Esta iliteracia emocional provoca-nos um desequilíbrio tal que nos desconecta totalmente da nossa essência e traz com ela a solidão, um dos grandes males do nosso século. Não fomos educados para as partilhas genuínas. Seria bom que percebêssemos realmente que fomos educados para reprimir, para conter, para criticar e muitas vezes para vivermos de aparências. Tudo isto, em grande parte, consequência de uma educação maioritariamente católica.
Quantos de nós não nos relacionámos, ou relacionamos, com pessoas com as quais não temos quase nada em comum, ou por uma questão de “fica bem” dar-me com fulano ou sicrano, ou por uma questão de “educação” ou “interesse”, ou, pura e simplesmente, porque nem sequer nunca refletimos sobre o tipo de pessoas com que nos damos. Criamos a ilusão que assim não nos sentiremos sozinhos. Na verdade, vamos continuar a sentir-nos sozinhos enquanto não estivermos conscientes destes processos e pararmos de agir em piloto automático. Como afirma Zygmunt Bauman, sociólogo polonês: “Vivemos tempos líquidos. Nada é para durar.” Bauman fala-nos precisamente da fragilidade das relações humanas.
É que, rodeados de pessoas em continuadas partilhas vãs e estéreis, sentiremos sempre uma solidão excruciante.
As partilhas defendem-nos, mas nós não partilhamos porque achamos que assim nos estamos a defender. Dá que pensar!
Quando eu acabo de escrever um texto, fico feliz. É um tipo de felicidade difícil de colocar em palavras, e não é por ir partilhar o texto com não sei quantas pessoas. O motivo é outro: eu partilho sempre nos meus textos um pouco de mim, partilho o que me vai na alma e muitas pessoas, ao lerem os meus textos, gostam e identificam-se com o que eu escrevo.
Às vezes deparo-me com este medo de partilhar com determinados públicos quiçá mais heterogéneos ou com pessoas muito parecidas ou muito diferentes de mim. São situações que me provocam um nervoso miudinho, verdadeiros desafios que, sempre que superados, tornam-me uma pessoa melhor. Invariavelmente chego sempre à mesma conclusão: se não posso partilhar(-me) genuinamente, acabo por retirar-me. Talvez seja da idade ou das vivências, mas, dar-me sem profundidade já não me faz qualquer sentido e traz-me uma incompletude insuportável, e ainda bem!
Partilhar sem estarmos condicionados torna-nos mais espontâneos, mais sábios, mais autênticos e mais humildes. E esta parte da nossa vida chama-se: Felicidade!
Partilhar é também mostrar a nossa vulnerabilidade, e ser vulnerável é um sinal de força.
Sempre que partilhamos produzem-se momentos mágicos a que chamamos de encantamento criando vínculos que perduram uma eternidade.
Partilhar é darmos voz à nossa criatividade, intuição, imaginação, sensibilidade, e é também um ato de amor.
Partilhar torna(-te/nos) incomparavelmente maiores e inteiros e é um sinal inequívoco de bravura.
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in REVISTA PROGREDIR | AGOSTO 2018
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