Paternidade e Confiança caminham num enlace profundo. Quando se olha nos olhos de um filho e se vê nas íris um brilho luminoso, contempla-se a confiança e o reflexo da nossa própria confiança. Paternidade é confiança mútua.
Sempre que um “Amo-te Pai” se torna melodia no momento em que o Tudo se pausa numa lágrima de emoção, percebe-se o quanto um filho é Clave de Sol na pauta da existência. O Amor espelhado pela paternidade é como uma galáxia: no Universo representa um conjunto de estrelas… de Vida. Cada estrela é um abraço, um aconchego, uma carícia nos cabelos, um beijo de boa noite, um sorriso de bom dia… Uma repreensão seguida de um beijo e de um “acredito em ti”. Ser pai é nomear uma galáxia única, onde a díade com um filho é incomparável com qualquer outra.
Ser Pai é então mais que uma condição: é uma identidade… Um marco espiritual que nos transforma e é transformador do Mundo. Na Paternidade não há tempo… Há um momento único que se conjuga num único tempo verbal: a Eternidade. No Amor entre um pai e um filho, o beijo encerra sempre um até já, pois o sangue torna-se tinta permanente que une o papel e a caneta numa única identidade, que escreve o genótipo de ambos num só Espírito.
Numa relação genuína de Pai e Filho, não cabe o perdão, porque não cabe a desilusão… Pai e Filho não se perdoam… Transformam-se na Luz da aprendizagem mútua. Paternidade é pois Mestria. É saber Ser, Estar, Saber, Transformar-se na mais pura concretização do Ser Humano.
Conforme escrito no livro “Margens”, de Pedro Melo: Moldar uma Margem é ser dotado do Milagre da Parentalidade. À medida que a Água da Verdade transforma em Barro de Vida os grãos de areia partilhados pelas Margens de Conceção, a Luz do Sentido de Existirmos vai-se tornando mais intensa. Ser Pai é por isso mesmo dar Sentido à Existência. Mesmo quem não é Pai, tem o privilégio de amar: não um filho de sangue… Mas os “filhos” do sangue da partilha… Quando amamos alguém e transformamos e somos transformados por essa pessoa, também vivemos uma forma de paternidade… Somos pais da obra que a metamorfose da partilha nos proporciona… Tornamo-nos filhos e pais uns dos outros.
Um filho é por isso e acima de tudo, sangue de Amor… Sangue de pertença… Quando amamos um filho, é no suor e nas lágrimas que está o corpo… todo o resto é Alma. Com esta premissa, entendemos o quanto a paternidade é a Alma da Existência. A paternidade é a conceção… A proteção… a transformação… A paternidade é pois a imortalidade. Um pai jamais é mortal quando ama incondicionalmente um filho! Um filho jamais é mortal quando se deixa amar incondicionalmente pelo pai! Ambos se imortalizam na fusão do Amor mútuo.
Quem se permite à paternidade sabe o que significa o que leu antes neste texto. Todos de alguma forma podem ser pais, lembram-se? Sim, mesmo as mães… [pensamentos irrompem agora a vossa consciência: “uma mãe ser pai? Não, a paternidade é masculina e a maternidade feminina!”] – Será? Uma mãe só é completa se se permitir à paternidade. Se se permitir à conceção, à proteção, ao suor e às lágrimas… Sim são quatro genes do ser Pai que a Mãe pode e deve ter… Tal como o Pai só é completo se tiver dedicação única, resiliência de amor, sussurros de amor e calor no coração (genes da mãe). Mãe é paterna e Pai é materno quando se fala da parentalidade espiritual… E o alimento do Espirito é tão importante como o leite materno para o corpo.
Por isso, em qualquer tipo de família, seja quem for que exerça a parentalidade, se se dedicar ao Amor profundo e incondicional a um filho, saberá ser um espirito tanto materno como paterno e orientar a cápsula que é o corpo no seu trabalho material.
A paternidade é assim o sangue e a tinta… a história no papel da existência… A paternidade é o espelho… é o reflexo… Ser Pai é Corpo e Alma.
PEDRO MELO PROFESSOR NA UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA (ICS – PORTO) ESCRITOR www.facebook.com/escritorpedromello in REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2015 (clique no link acima para ler o artigo na Revista) |