in REVISTA PROGREDIR | MAIO 2017
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Etimologicamente, o termo “orgulho” surge de dois conceitos. Um catalão (orgull) e outro do francês (orgueill). Conseguimos ainda relacionar o conceito “orgulho” (conceito exagerado acerca de si mesmo), com a “soberba” (orgulho exagerado).
É no entanto no paradigma filosófico que se determina o sentido positivo ou negativo desta emoção. De um modo geral, podemos afirmar que é uma sobrevalorização do EU em detrimento da humildade.
Somos seres biopsicossociais, e portanto influentes e influenciados pelo meio. Estas marcas, podem ser de caráter espiritual ou psicológico.
Pela vertente espiritual o orgulho, está sempre associado à fonte de todos os problemas. É esta emoção que desencadeia as discussões, dificuldade no perdão e até na facilidade e prazer com que se magoa o próximo.
Definitivamente temos dificuldade em limitar a manifestação desse sentimento. Não é o facto, por exemplo, de nos orgulharmos dos nossos filhos, que nos deverá levar a julgar que são melhores que os filhos dos outros. Ou até mesmo quando alcançamos algo a que nos propusemos realizar, que devemos levar ao extremo o nosso amor-próprio.
No dia-a-dia o maior problema relacionado com o ser humano, prende-se exatamente com o fator “orgulho”. Não sabemos perder. Perder um emprego, uma discussão, um relacionamento, são por exemplo situações diárias para as quais não temos muitas vezes estrutura para ultrapassar de modo sereno e razoavelmente resignado. Acabamos deste modo por despoletar discussões, e violência verbal e/ou física.
Então, mas sendo o orgulho algo aparentemente tão nefasto, não seria caso de o abandonarmos? E como?
Primeiramente há que observar que orgulho anda de mãos dadas com competitividade, e que esta última por sua vez não é negativa. Ela faz parte da evolução, do crescimento e do progresso. No entanto, nesse crescimento, estão inerentes as perdas e perder é difícil e a dor, a mágoa de perder…vem do orgulho.
Se fizermos uma introspeção, deparamos com muito lixo emocional do qual não nos conseguimos libertar por orgulho. Apesar do que inicialmente se falou relativamente ao caráter ancestral deste sentimento, não é argumento para que sejamos tão condescendentes connosco. Combate-lo exige espirito de sacrifício e treino diários.
Para a Psicologia, o Orgulho é igualmente curioso de ser observado. Ele é contraditório e a linha que separa a perspetiva positiva da negativa é quase indelével. A educação pode ser assente no conceito do orgulho (o educador orgulha-se do feito do educando, demonstrando-o, gerando assim um reforço positivo na ação). É o orgulho de admiração, e os riscos são consideravelmente baixos e ocorrem apenas quando o efeito de halo se torna presente. Quem se orgulha, desenvolve determinada expetativa sobre o outro, a qual pode vir a ser defraudada dando origem a irritações, frustrações, tristeza e críticas destrutivas.
Depois, surge o orgulho rancoroso. Certamente o mais nefasto. Um indivíduo carrega sobre si as frustrações e culpas de algo que não correu como esperado. Numa discussão entre um casal, por exemplo, muitos serão os casos em que por orgulho, nenhum dos dois dá um passo no sentido de uma solução positiva por não quererem dar o “braço a torcer”. E se esta situação é aparentemente de fácil solução, para quem sofre de orgulho exacerbado é uma fonte de sofrimento. Reconhecer que se está errado, ou pelo menos não completamente certo, é um sinal de fraqueza que não deve jamais ser demonstrado.
Por fim, o orgulho preconceituoso. É um orgulho “social”. As pessoas não se aproximam de quem não pertence ao seu extrato social, por considerarem ser superiores aos demais. Alfred Adler descrevia bem como era ridículo este tipo de emoção em sociedade. Quem abraça este tipo de pensamento, caiu na dualidade superioridade / inferioridade. No entanto, o facto de se sentir superior a alguém, não anula a consciência de ser inferior a outros.
Então, como ultrapassar algo que a bem ver traz mais repercussões negativas que positivas? Em psicologia assim como na espiritualidade, a consciencialização do sentimento é fundamental bem como o reconhecimento do prejuízo ou utilidade que possa trazer ao indivíduo. Seguidamente há que mudar padrões de pensamento. Apelar a emoções como o amor e a humildade são opções eficazes. O orgulho por admiração pode ser melhorado pela via da aceitação do outro exatamente como ele é. Já o orgulho rancoroso e o orgulho preconceituoso requerem um exercício profundo de apelo à humildade, à aceitação.
Será ainda útil referir que nestas coisas das emoções mal geridas, há sempre a fonte educacional. Padrões comportamentais dentro de casa, uma educação mal gerida, maus exemplos, tudo contribui para o crescimento de indivíduos sofredores e até mal formados. Deveríamos rever valores humanos e familiares. Passar mais tempo com os filhos e ajuda-los na sua formação de valores morais positivos, altruístas e construtivos.
TERAPEUTA HOLÍSTICA
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