Por Sofia Frazoa
in REVISTA PROGREDIR | AGOSTO 2013
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Definir “felicidade” é, por si só, um quebra-cabeças. Pode, de um modo geral, estar relacionado com êxito, sorte, alegria, circunstâncias de vida positivas e que tragam bem-estar. E, neste aspeto, não há fórmulas certas e definitivas, mas parece haver “truques” que nos conduzem lá. Que o digam os vários estudos sobre felicidade publicados nos últimos cinco anos (em que Portugal e a Europa já se confrontavam com a crise). Olhando para o nosso país e para os vários problemas que o atingem, teríamos condições para dizer que somos infelizes, mas não é essa a perceção de grande parte dos portugueses.
Já em 2009, o estudo Necessidades em Portugal – Tradição e Tendências Emergentes mostrava que havia grandes níveis de pobreza e desigualdades sociais no país, revelando que 35 por cento dos portugueses tinham uma privação alta ou média, mas mesmo assim consideravam-se felizes. E poucos haviam que, reconhecendo as suas limitações académicas, de tempo, a nível de condições de trabalho, etc, mostrassem vontade ou perspetivas de mudança. Ou seja, o estudo mostrava um povo fragilizado, pouco empenhado na mudança, mas resignadamente feliz com o que podia ter.
Outro estudo mais recente, do início deste ano, apontava Portugal como um dos países da Europa com maior índice de insatisfação com a vida, mas a meio da tabela no contexto mundial. No entanto, estar insatisfeito com a vida não invalida ter experiências de felicidade. E é neste ponto que os portugueses são apontados como os mais criativos e peritos em encontrar alternativas. Enquanto os povos nórdicos são conhecidos por associarem a felicidade aos objetivos que conseguem alcançar, os portugueses são bastante mais adaptáveis a encontrar a felicidade naquilo que podem ter a cada momento.
Um terceiro estudo publicado este verão (Processos de Envelhecimento em Portugal…) conclui que a felicidade entre os idosos portugueses é “muito alta” e o “sentimento de bem-estar e felicidade é positivo”, mostrando uma resiliência e uma maneira forte de estar na vida, principalmente por parte das mulheres. Ou seja, a felicidade para a maior parte dos portugueses pode ser encontrada nas mais pequenas coisas.
Muitos considerarão esta atitude portuguesa como falta de ambição, resignação e resistência à mudança, mas não poderá ser também encarada como uma forma inteligente de encontrar a felicidade naquilo que somos e temos? Se não conseguimos ter nem ser mais (porque não podemos ou mesmo porque não queremos), há que encontrar truques e segredos para encontrar a satisfação pessoal e a felicidade. Família, saúde e fé são elementos apontados, sobretudo pelas camadas mais desfavorecidas, para as pessoas serem felizes.
Convido-nos, este mês, a pensarmos nesta maneira de encarar a felicidade como um segredo acessível e possível de pôr em prática. Sem deixarmos de sonhar e de tentar alcançar uma vida melhor, podemos começar por encontrar no dia-a-dia motivos para sermos felizes. E refletir nas palavras de Gandhi: “a felicidade não está em viver, mas em saber viver”. E cada um saberá qual a melhor maneira.
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REVISTA PROGREDIR | AGOSTO 2013