Falamos do feminino como conceito psicológico e espiritual. E deste ponto de vista fica mais claro o quanto a sociedade tem privilegiado o animus, o masculino, a competição, a agressividade, a racionalidade, a exigência; em prol da ânima, recetividade, cooperatividade, intuição. Todos os seres humanos contêm ambos, mas estamos bastante empenhados em reprimir o que de mais feminino há dentro de cada um. por Anju in REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2014 (clique no link acima para ler o artigo na Revista) |
O masculino, mais ativo, mais agressivo, confere a possibilidade de ação e, portanto de ir à vida buscar o que precisas. Por outro lado, o feminino é mais receptivo, está associado à criação, nutrição. As duas são fundamentais para cada ser humano.
Entretanto, ao longo de milhares de anos a energia feminina nos homens e mulheres, tem sido reprimida e negada, como se fosse um sinal de fraqueza. Todo o nosso lado mais feminino, mais sensível, mais amoroso, vem sendo aniquilado, e a consequência disso é o mundo extremamente masculino em que vivemos. Homens e Mulheres estão masculinizados. Numa sociedade orientada pela masculinidade, pela agressividade, pelo ego, onde o único desejo é a conquista de poder, dinheiro e status, naturalmente, e na luta pela sobrevivência as pessoas abandonaram tudo o que é feminino dentro delas. Abandonaram metade do seu ser, e por isso nunca poderão ser saudáveis. O desequilíbrio é gritante, e enquanto humanidade precisamos urgentemente de resgatar o feminino dentro de cada um de nós.
Reprimir ou negar qualquer coisa dentro de Si é torná-la inconsciente. Reprime o inconsciente principalmente por conta de todos os julgamentos que lhe foram incutidos a respeito do que é mais instintivo e natural em si, e com isso, crias a obsessão e a perversão. Desde a infância que vem sendo moldado e talhado no que pode ou não pode ser, no que pode ou não sentir. Desde criança que vem aprendendo que é errado, e que portanto não pode mostrar quem é porque os outros não vão aceitar. E assim, a naturalidade e inocência inata da criança é quebrada. Como adulto, vive limitado ao que a sua mente (masculina) permite que seja, que manifeste. Impedir que alguma coisa seja feita ou sentida não faz com que ela desapareça. Apenas faz com que seja reprimida, que seja empurrada para o inconsciente, e que atue na sua vida sem que se aperceba, ampliando o medo e o julgamento que tem sobre si e sobre os outros. A dificuldade da humanidade reside exatamente aqui, nas barreiras e separações que foram criadas entre o consciente e inconsciente e que não permitem este encontro equilibrado entre o feminino e o masculino. O feminino está fora das pretensões de controlo. O universo feminino é misterioso, inconsciente e por isso fora do controlo e previsibilidade que as sociedades masculizadas tanto almejam, o que o torna perigoso. Acreditamos que entrar no mundo inconsciente é correr o risco de perder a razão, de enlouquecer, e a civilização requer o domínio dos impulsos, do corpo, em contrapartida do desenvolvimento desacerbado da lógica, da razão, da intelectualidade.
A repressão de quem é, do seu feminino, da sua naturalidade só levará à doença e à frustação.
Se masculino é ação, é movimento. Feminino é recetividade, é sentimento, e aqui encontramos o que mais está reprimido dentro de cada um, sentimentos e emoções. É fundamentalmente este lado da energia feminina que vem sendo abafado por toda a humanidade. Vivemos numa prisão emocional! O corpo bloqueado, o coração fechado, a sensibilidade desconectada, como se estes pontos tivessem deixado de ser parte de nós. Carregamo-los como se fossem um fardo.
“Permita que todo o seu ser funcione.” (osho)
Resgatar o seu lado feminino é permitir e aceitar que as suas emoções fluam novamente, que o seu corpo volte a ser vibrante, que a vida volte a circular dentro de si. A conexão com o seu feminino vem do contacto do que há de mais natural em si. Falamos do que é natural, que vem da sua natureza, ou essência, se quiser. Não falamos do que é normal, que vem da norma, do que é imposto pela sociedade. Permita-se voltar a sentir tudo o que está dentro de si, e grandes revelações ser-lhe-ão feitas. Falamos da forma como a sua sensibilidade é aflorada e manifestada no carinho e cuidado consigo e com o outro, e uma nova dimensão de si pode ser experimentada!
O feminino precisa de ser aceite. O feminino é não-ego, é recetividade, é amor!
É uma energia de aceitação que começa em si. É a inocência, o cuidado amoroso que se reflete nas relações com os outros. É a sensibilidade que coloca ao seu serviço. É doçura, vitalidade, amor. Pérolas sem as quais a humanidade perde a sua alma, que é feminina!
Olhe para dentro. Busque o feminino em si. A energia feminina detém em si, todo o potencial criador. Deixe que ela crie, dentro de si! Deixe que ela renove o seu ser!
PSICOTERAPEUTA DE BIOENERGÉTICA
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in REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2014
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