Por Nelson S. Lima
in REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2012
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Estas são perguntas lícitas que pertencem a um domínio que raramente vemos publicado (e divulgado) não obstante a sua indiscutível importância para o bom funcionamento orgânico e a manutenção da saúde e do bem-estar, incluindo a nossa sobrevivência: os ritmos biológicos!
Peguemos em dois exemplos: um condutor de automóvel corre muito mais riscos de ter um acidente de automóvel entre as 3 e as 4 da manhã numa estrada sem trêfego, do que durante o dia no meio do caos urbano; as pessoas correm maior risco de sofrerem um ataque cardíaco entre as 6 e as 9 horas da manhã no inverno, do que ao fim do dia e no verão.
Ocorreu uma vez um grave acidente aéreo nos Estados Unidos, em que pereceram todos os passageiros e tripulantes por razões durante muito tempo inexplicáveis, quando estava tudo bem com o avião e com as condições atmosféricas. Depois de longas investigações chegou-se à conclusão que os pilotos cometeram graves erros minutos antes do acidente, porque os seus cérebros estavam a funcionar como se fosse 5 horas mais tarde e, por isso, não estavam nas melhores condições para tomarem decisões (tinham dormido muito pouco e mal nas últimas 24 horas em que atravessaram vários fusos horários).
A ciência dos ritmos biológicos
Chama-se “cronobiologia” ao ramo da ciência que estuda a organização temporal, dos organismos vivos e dos mecanismos que controlam os diferentes sistemas vitais e as atividades químicas e elétricas de cada órgão. Verifica-se então, que a organização temporal da vida tem um enorme efeito sobre as estruturas e as dinâmicas dos seres vivos (e não só). Ou seja, o tempo, para nós, (que podemos dividir em segundos, minutos, horas, semanas, meses, estações do ano e anos) não é algo linear.
O tempo sujeita o corpo aos seus caprichos e o corpo funciona de acordo com ritmos. Mas o que é isso de "ritmos biológicos"? Um ritmo é uma variação periódica de algo no tempo. Por exemplo, o ritmo do coração é um bom exemplo. Em média e numa situação de repouso o coração humano bate cerca de 70 vezes por minuto. Já de noite ou em estado induzido de relaxamento, (através da meditação ou de medicamentos) esse ritmo pode descer até 50 pulsações por minuto.
Um ritmo tem várias características, a saber:
1. Período - é o espaço de tempo entre dois eventos regulares (por exemplo, as batidas do coração); o período dos ritmos corporais mede-se em segundos, minutos, 24 horas, 28 dias, um ano, etc.); o chamado "ritmo circadiano" é o mais estudado - representa o espaço de tempo de 24 horas em que ocorre a alternância dia e noite; existe também o "ritmo circamensal" (cerca de 28 dias) e o "ritmo circanual" (cerda de um ano);
2. Fase - é o ponto mais elevado ou mais baixo de uma variação; a "acrofase" é a fase mais elevada (ou pico de uma atividade corporal) e a "batifase" indica o valor mais baixo de um ritmo;
3. Amplitude - é a diferença entre os valores mais baixos e mais altos obtidos durante cada período;
4. Nível médio do ritmo - dá-nos a média do ritmo após várias verificações; esta análise é importante na prática médica nomeadamente quanto à administração de medicamentos e suas dosagens.
O estado do nosso organismo varia em função das horas, dos dias e dos meses. Por exemplo, o nosso corpo “fabrica” mais cortisol (a hormona do stress) de manhã, por volta das 8 horas, do que noutras horas (e daí o risco de mais problemas cardiovasculares nesse período). Outro pico é o da prolactina que ocorre de noite quando as secreções do cortisol são mais fraca. A prolactina é uma hormona produzida numa área do cérebro chamada “hipófise” que coordena outras glândulas vitais do corpo e está implicada em aptidões como a memória, o raciocínio e o próprio desempenho da inteligência).
Outros exemplos são suficientemente esclarecedores. Sabia que o ser humano foi programado para nascer às 4 horas (de madrugada) e na Primavera? Que o rendimento escolar é melhor conseguido entre as 10 e as 18 horas? Que os recordes de atletismo são mais viáveis durante o dia do que depois do anoitecer? Que o cérebro segue ritmos distintos conforme as suas regiões tal como acontece com as capacidades funcionais dos dois hemisférios (direito e esquerdo) que têm picos de atividade em horas diferentes?!
Somos seres da natureza viva
A influência dos ritmos biológicos nos processos químicos do organismo talvez seja a maior prova de como nós estamos profundamente mergulhados nos diferentes campos de energia que compõem a vida e como estamos em interação constante com o ambiente terreste.
Ou seja, o ser de manhã, de tarde, de noite, de inverno ou primavera incide sobre a dinâmica da vida, incluindo a forma como o corpo reage a estímulos “marcados” do tempo. Esta organização temporal do organismo atingiu, efetivamente, um grau de complexidade impressionante de tal forma que ignorar ou lutar contra ela pode ser altamente perigosa.
A grande contribuição do estudo da cronobiologia é a de fornecer diretrizes de como nosso organismo se comporta em determinados períodos. Por exemplo, o chamado ritmo circadiano é um dos mais importantes pois estende-se por 24 horas. Nesse período de tempo ocorrem múltiplos eventos no corpo que são mais ou menos ativos conforme as horas. O do sono é o mais conhecido.
O estudo dos mecanismos marcadores de tempo na intimidade dos organismos, ou “sistemas de temporização” permite-nos também compreender como somos sistemas abertos sujeitos a grandes oscilações, o que nos afasta bastante de uma visão mecanista do corpo cuja eficiência é a mesma em qualquer momento.
O que é o cronotipo?
É óbvio que os ritmos biológicos variam de pessoa para pessoa. Deparamo-nos então com os “cronotipos” que são determinados geneticamente. Por exemplo, existem as pessoas matutinas que se sentem muito melhor de manhã, e as vespertinas que atingem o seu ponto mais alto ao entardecer. Este grupo é o mais predominante (abrangendo cerca de 80% da população). Daí que as manhãs são geralmente menos produtivas do que as tardes, não tanto por serem mais curtas, mas porque o ritmo biológico dessas pessoas está orientado para ser assim. Os outros ritmos e funções corporais estão estabelecidos de forma mais uniforme entre todos nós. Sejamos matutinos ou vespertinos, as variações da temperatura, da pressão arterial e das muitas outras atividades eletroquímicas do organismo obedecem a um ritmo semelhante entre todas as pessoas.
Finalmente, diga-se que o nosso “relógio biológico” é controlado por uma estrutura nervosa no cérebro - o chamado núcleo supraquiasmático, localizado no hipotálamo anterior - que marca todas as funções do organismo, ditando os ritmos relacionados com a duração do dia (níveis de luz), da temperatura corporal, etc.
Presidente Executivo (CEO) do
EUROPEAN INTELLIGENCE INSTITUTE
Marca registada internacional que aglutina o Grupo Instituto da Inteligência em Portugal, Brasil, Colômbia e também em outros países através de delegações (Inglaterra, Angola, Venezuela, Equador, Peru, Chile e Argentina).
Diretor Geral e Coordenador Nacional do Grupo
INSTITUTO DA INTELIGÊNCIA PORTUGAL
Diretor na Europa do CINEAC Centro de Inovação Educacional Augusto Cury (Brasil)
Professor de Neurociência, Coordenador e Orientador na Universidade do Futuro (Brasil)
Diretor da Divisão de Investigação da EURADEC (Associação Europeia para o Desenvolvimento da Educação e da Cidadania, ALEMANHA) e da WEA - World Education Association for Sustainable Development and Global Citizenship, SUIÇA)
Representante da ZIGMA CONSULTING (América Latina), em Portugal.
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