
Por Alexandra Pinto
in REVISTA PROGREDIR | ABRIL 2020
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Para Gameiro (1999), «trabalhar o luto» exige uma canalização de energia, vivência de sentimentos de perda, integração e reconstrução, podendo não decorrer de forma linear e estando sujeito à possibilidade de haver avanços e recuos.
Worden (1997) identifica quatro ações a desenvolver pela pessoa no seu processo de luto, quando existe perda:
- Aceitar a realidade da perda. Pode surgir a negação, com ligeira distorção ou a negação total, ou procurar minimizar a situação, negando o verdadeiro significado da perda.
- Trabalhar as emoções e a dor da perda reconhecendo e trabalhando a dor (física e emocional associada à perda) para realizar o trabalho do luto. Bowlby (1993) refere que quem evita o luto consciente, sofre um colapso, geralmente com alguma forma de depressão.
- Adaptar-se à situação, mudando, por exemplo, algumas coisas da sua vida, dando sentido à perda. Muitas vezes há uma luta interior, o que leva à sensação de impotência, não desenvolvendo mecanismos de confrontação e não se adaptando a essa perda.
- Recolocar emocionalmente a perda e continuar a viver, conduzindo a energia emocional para outros aspetos e outras vivências.
Não há limite temporal para o processo de luto. De certo modo, o luto só acaba quando a pessoa sente novamente interesse pela vida, mais esperança, satisfação e consegue adaptar-se à nova realidade.
Para Pereira (2008), a forma como o indivíduo lida com a perda e o luto depende da sua situação e do seu nível de desenvolvimento, da sua personalidade, das suas características pessoais, das suas experiências anteriores, condição física e psíquica, da sua cultura, das suas crenças e da sua adaptabilidade às situações. Para esta autora pode ser uma oportunidade de dar um novo sentido à vida, uma oportunidade de crescimento, de grandes realizações e até um catalisador de criatividade.
Apesar de este processo ser individual e cada um lidar com a perda de uma maneira diferente, a seu tempo, poderá ser necessário algum acompanhamento psicológico, bem como outras formas de compartilhamento desse processo, como grupos de apoio que acolhem e ajudam nessa superação. O facto de perceber que há histórias semelhantes, ajuda na sensação de pertencimento. Nestes grupos, as pessoas percebem que não estão sozinhas encontrando um lugar onde conseguem apoio e onde partilham experiências, onde é possível tirar dúvidas e expressar sentimentos. Uma das formas de amenizar o processo de luto e/ou perda poderá ser a inclusão num grupo de apoio, numa sessão de leitura orientada ou de biblioterapia.

BIBLIOTECONOMIA E DESENVOLVIMENTO PESSOAL
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in REVISTA PROGREDIR | ABRIL 2020
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