Por Carina Serra
in REVISTA PROGREDIR | JANEIRO 2022
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Facilmente, tendemos a esquecermos ou nem chegamos a realizar em nós que, e com a ajuda das demandas frenéticas do nosso quotidiano, accionamos o “piloto automático” e Voilá... Perdemo-nos nesses automatismos que nos ausentam da consciência de quem efetivamente deu voz de comando sobre o rumo a tomar e que, não sendo esse assumidamente nosso, pode desviar-nos da nossa verdade interior. Desta forma, torna-se claro que todo este processo tende a induzir-nos em erro, no sentido em que por conta desses automatismos, que servem o propósito biológico de poupar os nossos processos mentais, de um maior investimento energético, que poderá em alguns casos causar desconforto interno, como é o caso dos processos reflexivos e quem exigem uma tomada de decisão ativa, é desencadeado um leque de experiências indesejáveis e que são frutos de escolhas desprovidas de uma responsabilidade pessoal consciencializada.
Pé ante pé, vamos nos desviando do caminho apontado pela nossa bússola interior, reduzindo a intensidade do nosso impulso vital que permite que, tudo o que vivemos e experienciamos esteja munido de significado. O livro da nossa vida é preenchido por uma sucessão de acontecimentos que se articulam entre si, de forma complexa e muitas vezes imprevisível aos nossos olhos e se isso por si só, constitui um desafio, a experiência dessa imprevisibilidade que exige de nós uma maior capacidade de resposta e de adaptabilidade, que nos iniba de um prejuízo anímico dos recursos internos que nos dão estrutura e que, nos ajudam a transcender e a integrar de uma forma profícua todas as nossas experiências, que preço iremos então pagar por vivermos as consequências das ações desprovidas de uma intenção responsável e elaboração consciente? Basta olharmos à nossa volta para percebermos que, mais cedo ou mais tarde, esse preço será demasiado caro já, não há nada que pague a liberdade de podermos ser responsáveis pelas nossas próprias escolhas, nem mesmo quando estas possam estar em rota de colisão com expectativas alheias de quem nos ama e acredita saber, mais do que nós, o que é melhor para nós mesmos. Cada um sabe de si e isso já representa, por si um verdadeiro desafio que nos deixa pano para mangas.
Diz-se que a vida (tal como a conhecemos agora) é um sopro, mais ou menos fugaz. Perante isso, é fundamental que possamos ganhar, tão cedo quanto nos é possível, esse olhar consciente e desperto de quem não deseja passar dormente ou adormecido de onde se torna mero espetador, evadido de uma responsabilidade ativa que deve pautar a história da sua vida. E como deixamos essa passividade existencial para trás? Ganhando consciência disso mesmo? Vivendo cada dia que nos é oferecido com a intenção clara de sabermos reconhecer a importância de estarmos atentos, conscientes do que nos é proposto a cada momento, para que possamos realizar as nossas escolhas, assumir os nossos compromissos que são responsáveis pelo nosso bem-estar, sucesso, equilíbrio ou o que quer que desejemos manifestar na nossa realidade. Só assim conseguiremos perceber o quão poderosos somos no processo de cocriar a vida que melhor reflete a nossa individualidade e unicidade, contribuindo para que o mundo possa receber e aceitar o melhor que temos para oferecer-lhe, sem, contudo esquecer que quanto maior for o nosso poder de realização pessoal, maior também será a nossa responsabilidade nesse processo de realização. Se nos abstivermos desse nosso poder e delegarmos ao Outro, estaremos em certa medida a abstermo-nos da responsabilidade de vivermos a Vida que desejamos, para vivermos uma que não nos serve, que não nos preenche .
O Outro só nos define e condiciona, a nós, ao nosso mundo e à nossa vida, na medida em que o permitirmos. O resto é paisagem, ou quem sabe, vitimização de quem se descarta das suas responsabilidades.
Assim sendo, que possamos seguir em frente com toda a clareza de espírito e a convicção de que, somos o artista que pinta a tela da sua própria vida, por isso mesmo, não deveremos entregar a mais ninguém, o pincel que nos é devido e que é detentor do nosso poder criador.
PSICÓLOGA HOLÍSTICA
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in REVISTA PROGREDIR | JANEIRO 2022
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