in REVISTA PROGREDIR | MAIO 2017
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O orgulho, neste sentido em que falamos, é nefasto para o nosso desenvolvimento pessoal, para a criação de relações sólidas, genuínas e construtivas e acima de tudo para a nossa felicidade.
O que nos leva a assumir uma postura orgulhosa? O que contribui para ser tão difícil, por vezes, abandonar este orgulho?
A resposta é na maioria das vezes, insegurança, necessidade de afirmação e baixa auto-estima.
Ao sermos inseguros precisamos de sentir que temos razão, que nos conseguimos afirmar e que conseguimos manter “sólida e forte” a nossa postura. A contradição, contudo, é que força e segurança têm a ver com nos sentirmos bem connosco sabendo que a cada dia damos o nosso melhor, mas que mesmo assim, por vezes, perdemos a razão, não somos perfeitos e cometemos erros.
Uma auto-estima saudável assenta em amor-próprio e amor-próprio assenta em cuidarmos de nós, das nossas necessidades, do que nos faz feliz e do que nos é mais importante. Ao sermos orgulhosos conseguimos na maioria das vezes exatamente o oposto pois o resultado é quase sempre negativo. Não dá lugar à reparação, mas sim ao afastamento por parte do outro e frequentemente pode mesmo conduzir a uma rutura no relacionamento.
Já a genuinidade e autenticidade podem de facto guiar-nos no caminho da felicidade ao contribuir para que as nossas ações sejam verdadeiras e bem-intencionadas.
O outro cometeu um erro? Estamos magoados? Fomos nós a cometer um erro? A aceitação é fundamental. Aceitação do que estamos a sentir, aceitação desse erro e decisão do que fazer com ele. Por vezes basta sermos totalmente honestos com o outro e partilhar como nos estamos a sentir, o que nos magoou, pedirmos perdão se magoámos o outro e falar sobre o que seria importante para cada um no sentido da reparação. Outras vezes não é possível e cada um segue caminhos diferentes.
Em todas as situações existe um pré-requisito fundamental, abandonar o orgulho e a crítica desnecessária. Estes últimos estão relacionados com o nosso ego, com querer ter razão, com necessidade de “vencer”. Pelo contrário, a honestidade e a genuinidade vêm diretamente do nosso Ser, da nossa verdade interior e do que é realmente importante para nós.
Quem nunca cometeu um erro? Será que alguém se sente bem quando comete um erro? É importante parar de apontar o dedo, de criticar e de julgar o outro e nós próprios. É importante sim evoluir, crescer em consciência e com responsabilização pelas nossas ações.
Se fossemos todos iguais não existiria evolução, crescimento e aprendizagem. Esse é um dos grandes propósitos dos relacionamentos, evoluir e crescer com o outro. O orgulho destrói essa aprendizagem pois impede-nos de abandonar a postura rígida, de considerarmos novas opções, de perdoarmos, de pedir perdão, de ouvir verdadeiramente o outro e de descobrir a potencialidade de uma relação de verdadeira intimidade, amizade, cumplicidade e Amor.
Como transformar uma atitude de “orgulho”?
- Pergunte-se a si mesmo o que quer da vida? Alegria, autenticidade e qualidade ou crítica, orgulho e insatisfação?
- Mantenha o contacto consigo sempre que possível, estando regularmente atento aos seus pensamentos e emoções. Quando observar que está a ser invadido por pensamentos de crítica e orgulho tenha consciência que estes provêm do ego e não lhes dê muito poder. Não lhes resista, pois aquilo a que se resiste persiste, mas procure não os alimentar.
- Mantendo esta observação e contacto consigo procure perceber o que está verdadeiramente a sentir e o que gostaria realmente? De ter tido outra atitude? Que o outro tivesse tido outra atitude? Está a sentir dificuldade em reconhecer o seu erro? É difícil aceitar o erro do outro?
- Expresse a sua opinião, os seus sentimentos e necessidades com sinceridade numa postura construtiva e não de crítica ou acusação.
- Se sente ou sabe que cometeu um erro peça desculpa. Pedir desculpa não é sinal de fraqueza ou fragilidade, é sinónimo de respeito, segurança e auto-estima… significa que desejamos acima de tudo dar o nosso melhor connosco e com os outros, que temos a confiança suficiente para assumir que não somos perfeitos e que mesmo assim decidimos ser felizes.
- Se observar que está a ser difícil abandonar o “orgulho” não se critique e encontre uma forma mais gradual de o conseguir… pode, por exemplo, escrever um bilhete ou enviar uma mensagem. Elogie-se pelos seus avanços.
- Adote uma postura de compreensão para consigo e para com o outro e decida ser feliz todos os dias.
- Se o outro estiver a ser “orgulhoso” ajude-o a sair deste estado sem acusar ou criticar. Brinque com a situação, não a alimente. Às vezes pode ser suficiente um piscar de olhos, um sorriso, um beijo, um abraço, um toque, um “gosto de ti”.
- Partilhe com quem lhe é próximo o que está a sentir. Quando falamos e trazemos à consciência o que nos perturba, habitualmente isso perde força e poder. Procure falar com quem tem uma postura neutra e imparcial.
- Pratique diariamente uma atitude de gratidão e valorização pela vida e tudo o que tem. Isso pode dar-lhe uma visão do que é realmente importante e ajudá-lo a desvalorizar pequenas implicâncias que vai alimentando diariamente.
- Pare de reclamar. Observe o número de vezes que reclama diariamente e abandone essa atitude sempre que a reconhecer. Se pode mudar alguma coisa importante para si, faça-o. Se não puder abandone essa reclamação. Aceite as pessoas e as situações como elas são e com isso decida o quer para a sua vida.
- Cuide do seu relacionamento (seja amoroso, familiar, de amizade…) com afeto e com sentido de proteção. Cada pessoa é única e insubstituível.
Em jeito de conclusão e caso este artigo tenha sido interessante para si “não deixe para amanhã o que pode fazer hoje” e comece agora mesmo a praticar.
PSICÓLOGA CLÍNICA, PSICOTERAPEUTA, TERAPEUTA DE CASAL, FORMADORA
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