in REVISTA PROGREDIR |OUTUBRO 2019
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Quando refletimos sobre isto e tornamos consciente estas verdades há algo que podemos escolher fazer e que, acredito, irá modificar e melhorar a nossa forma de estar no mundo. Se não vejamos!
Quando percebemos a importância do nosso pensar, do nosso discurso interno, rapidamente damos conta que em muitos momentos estamos a ter pensamentos pouco possibilitadores. Quando algo que fazemos está a correr menos bem, damos por nós a usar uma linguagem interna que dificilmente utilizaríamos com o nosso melhor amigo. “Que idiota que eu sou!”, “Como fui capaz de falhar nisto? Não aprendo nunca!”, “Sou mesmo parvo! Já devia saber que ia correr mal!”. Facilmente nos tratamos sem compaixão e raramente somos o nosso melhor amigo.
Também é verdade que, de acordo com o que está a acontecer dentro de nós, também a nossa respiração se altera e modifica. Quando estamos nervosos com algo, a respiração tende a ser mais curta e acelerada. Pelo contrário, quando estamos calmos e a sentir-nos em paz, ela tende a ser longa e mais profunda. Muitas vezes, utilizamos esta verdade quando em situações de maior stress dizemos “tenho parar um pouco e ir apanhar ar” ou “estou a precisar de respirar fundo!”.
Ora, tendo consciência deste nosso funcionamento, há algo que pode ser feito, há práticas que podemos aplicar neste nosso mundo interno e que vão, com certeza, alterar substancialmente o nosso bem-estar e (arrisco a dizê-lo) dos que nos rodeiam também.
Este caminho, tira-nos do modo “piloto automático”, da irreflexão e leva-nos para o lado da reflexão e da consciência plena.
A palavra mindfulness tem estado muito presente no quotidiano de muitos de nós e, atualmente, ainda há muito trabalho a mostrar e a divulgar sobre os seus benefícios e a sua prática. Traduzir mindfulness não é tarefa simples, sendo as expressões mais usadas as de “atenção plena” ou “consciência plena”. Ela surge da língua Pali onde sati se refere como consciência e atenção. Mindfulness é a tradução Inglesa da palavra sati. E como falar de mindfulness ou atenção plena? Como definir esta experiencia? Das várias descrições, elejo a de Simón: “É a capacidade humana universal e básica, que consiste na possibilidade de termos consciência dos conteúdos da mente em cada momento.”
Na prática, de mindfulness vamos trabalhar com a nossa mente, os nossos pensamentos e com a nossa respiração. Quando juntamos estas duas ações de forma consciente e tornando-a numa prática no nosso dia a dia, vamos conseguir fazer magia no nosso estado emocional por conseguinte, nos nossos resultados!
Como referi, a nossa mente habitualmente não se encontra num estado de tranquilidade ou acalmia. O nosso discurso interno ou monólogo interior é quase sempre agitado e pouco possibilitador. Há quem descreva esta atividade como “mente de macaco”. É uma mente que trabalha sem parar dando voltas sobre si mesma e, muitas vezes, num círculo vicioso que nos atrapalha e nos guia de forma até negativa. São os pensamentos que tão bem conhecemos, que se focam ou no passado, trazendo-nos muitas vezes estados depressivos; ou no futuro plantando em nós estados de ansiedade. E é desta forma que vivemos afastados do que é, do presente, do agora.
Neste caminho diferente onde utilizamos a prática do mindfulness apaziguamos a nossa mente e tornamos possível estar no agora, habitando no presente.
E como praticar atenção plena? Como introduzir o mindfulness no nosso dia a dia?
Podemos fazê-lo de duas formas: formal ou informal. Na primeira vou escolher um momento do dia, um espaço adequado e vou adotar uma postura específica por um tempo determinado. Na segunda vou realizar a prática em qualquer momento do meu dia: quando estou a cozinhar, quando vou correr, quando estou a conduzir ou a trabalhar.
Em ambas as formas trabalha com as duas ações: o respirar e o pensar. Em ambas vamos estar em consciência plena da nossa respiração, focando-nos no ar a entrar e a sair do nosso corpo e observando os nossos pensamentos. Nenhuma será melhor que a outra, pois, o que importa é a prática e a consistência com que o fazemos. No início será, com certeza, desafiante e é com o hábito diário e persistência que iremos sentir os benefícios que são imensos: na saúde mental, física, social e emocional.
O segredo maior e mais poderoso aqui presente é que se trata de uma escolha individual e depende única e exclusivamente de cada um de nós. E é simples! Não exige conhecimentos específicos, estudo ou uma dedicação extrema. E, na verdade, é também muitas vezes, por estes dois motivos (depender de nós e ser simples) que nem todos irão acreditar e praticar. Deixo-vos neste texto o desafio de o experimentar durante 21 dias e, no final desse tempo, refletir: o que mudou interiormente? Que impacto está a ter esta prática no mundo que me rodeia?
PSICÓLOGA, COACH & FORMADORA
www.sofiadiogo.com
[email protected]
in REVISTA PROGREDIR |OUTUBRO 2019
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)