in REVISTA PROGREDIR | ABRIL 2020
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Enfrentar a dor, o sofrimento, a tristeza de perder alguém, pode ser muito desafiante para alguns e algumas pessoas tendem a escolher “seguir em frente” sem dar tempo para processar o luto.
É preciso compreender que as emoções são processos automáticos em nós, respostas a estímulos exteriores com reacções orgânicas intensas e que todas elas têm uma função positiva. A tristeza é uma das formas de ultrapassar e digerir um luto.
As emoções por si só não são patológicas e só se tornam tóxicas quando não são reconhecidas, identificadas, digeridas e libertadas.
O Ser Humano prefere naturalmente ser feliz e estar alegre, muitas vezes optando por fugir de emoções como a tristeza, o medo ou a raiva. No entanto, estas fazem parte de nós e da vida, tal como a alegria. Escolher não sentir, não enfrentar as emoções que se consideram menos boas ou dolorosas, pode constituir um problema de futuro, sobretudo ao nível da nossa saúde.
Não temos só um corpo físico – temos um corpo energético e emocional. Quando não reconhecemos, digerimos e libertamos as emoções, elas ficam como que gravadas no nosso corpo emocional e mais tarde irão manifestar-se em sintomas, no nosso corpo físico.
São vários os casos que surgem em clínica, cuja origem dos sintomas e desordens físicas, tem por base emoções não identificadas ou digeridas, eventos traumáticos emocionais não aceites, não “processados”.
A Medicina Chinesa é extraordinária no estudo do Ser Humano, quer ao nível emocional quer ao nível físico, estabelecendo a relação entre as 5 emoções base e os órgãos e sistemas do corpo humano. Por exemplo, sabia que a tristeza está relacionada com o Pulmão e por sua vez, com o sistema respiratório?
São vários os casos clínicos que espelham esta relação, apresentando sintomas vários, tão bem compreendidos e explicados por esta Medicina milenar. Bronquite asmática, tosse, rinite, pneumonias, problemas dermatológicos (pois à luz da Medicina Chinesa, a pele é também associada ao órgão Pulmão) e outros sintomas podem ser encontrados em pessoas que nunca processaram e aceitaram a perda de um ente querido.
De referir que na maioria das vezes, os sintomas não se manifestam imediatamente, mas sim um bom tempo depois – muitas vezes vários anos depois. Tal acontece porque o Ser Humano tem a qualidade inata de encontrar forças para lidar com as mais difíceis situações traumáticas. No respetivo momento, ativamos as nossas defesas e a nossa “armadura”, arregaçamos as mangas e lidamos com as mais variadas situações que precisam da nossa atenção. Um luto envolve muitas vezes várias questões burocráticas e familiares que são, inevitavelmente, importantes de resolver e atuar naquele devido momento. Por outro lado, há mesmo quem escolha não chorar, não enfrentar o acontecimento em si.
Entretanto, a vida vai acontecendo, ao ritmo alucinante a que vivemos, e a pessoa segue em frente, aguentando, gerindo tudo dentro das suas possibilidades. É mais tarde, quando já podemos relaxar da nossa força necessária para processar todo o acontecimento, que os sintomas surgem. É quando baixamos as defesas, largamos a armadura e pensamos ter ultrapassado, que a doença surge.
A relação entre a tristeza e o Pulmão é muito evidente em vários casos clínicos, no entanto, não é a única. O Fígado é o grande gestor emocional e este também apresenta muitas vezes desordens físicas relacionadas com eventos emocionais não digeridos, evidenciando sintomas tais como enxaquecas, irritabilidade, tendinites, problemas visuais e desordens menstruais nas mulheres. Também ao nível do estômago e intestinos é comum encontrar sintomas associados a emoções não digeridas, uma vez que não digerimos apenas alimentos, mas também pensamentos, emoções, acontecimentos.
O nosso corpo fala connosco, a toda a hora. É importante começar a escutá-lo e a compreender as suas mensagens, antes que estas se transformem em doença.
Então como lidar com o luto? Por mais que seja doloroso, este é um momento que deve ser vivido e sentido. É necessário. É a forma de ultrapassar. Procurar ajuda e apoio pode ser fundamental, seja de um ombro amigo ou de Terapeutas e profissionais devidamente habilitados para o efeito.
ESPECIALISTA DE MEDICINA TRADICIONAL CHINESA & DESENVOLVIMENTO PESSOAL E HUMANO
www.anasofiarodrigues.com
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