
in REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2025
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
E em função de tudo aquilo que tememos, a maior parte das vezes alimentamos relacionamentos que temos, independentemente dos estragos que nos causam e da toxicidade que trazem à nossa vida.
Considerando que todos os medos mencionados são legítimos porque somos seres humanos, e como seres humanos precisamos evidentemente de vínculos, de amor e sentimento de pertença para vivermos, no entanto, também é legítimo questionarmos que preço andamos nós a pagar para nos mantermos em algumas relações.
Talvez estejamos a pagar com saúde, bem-estar, equilíbrio, com mais instabilidade e insegurança do que estabilidade emocional e amor. E quando mesmo assim, neles nos mantemos, talvez isso signifique que os medos estejam a ser maiores do que a coragem de enfrentar o que é preciso, e a necessidade de fazer escolhas que geram respeito, estima, verdade, liberdade.
É fundamental percebermos se estamos a escolher por medo ou por amor, sendo que o amor não é ser dependente e faz-nos crescer, não adoecer.
E se o amor não é ser dependente e faz-nos crescer, precisamos de entender que para conseguirmos viver relações saudáveis e duradouras, também é fundamental darmos lugar à independência.
Por vezes, pensamos que ter uma vida em casal requer passar a maior parte do tempo com o nosso par. No entanto, existem muitas outras maneiras de contemplar um relacionamento.
Esquecemo-nos que manter a independência no relacionamento pode ser a chave para a tão desejada relação saudável e duradoura.
Viver demasiado preso ao outro poderá tornar-se prejudicial. Sendo que desta forma, a probabilidade de nos sentirmos saturados, afogados e às vezes completamente estagnados, aumenta com o passar do tempo.
Manter uma certa independência no relacionamento permite-nos tirar proveito de tempo para nós mesmos, de espaço para pensar, refletir, divertir, aprender, crescer tanto no âmbito pessoal quanto no profissional.
Se pensarmos um pouco, entendemos que antes de existir um Nós, já existia um Eu, Eu esse que continua a precisar da sua própria individualidade para se manter autêntico.
Por outro lado, também é importante aprender a controlar o nosso ego para que ele não afete a relação, evitando assim, não colocar as nossas ambições e desejos à frente de tudo e de todos. A medida certa chama-se equilíbrio, como para tudo na vida, é preciso sermos pessoas equilibradas.
Mas voltando à independência num relacionamento amoroso, caso não saibamos cultivar e manter uma certa independência, podemos chegar ao ponto de acreditar que não sabemos fazer nada sem a outra pessoa, mantendo-nos assim, num lugar de conforto muito perigoso.
Assume-se que nada somos sem o outro e isso não é verdade, é sim um tipo de pensamento e sentimento que encaminha muitos até à doença ou até ao suicídio.
Portanto, para crescermos a nível pessoal e para aprendermos a valorizar a relação, é importante dedicarmos tempo a nós mesmos, sendo que, isso só será possível a partir de um grau suficiente de interdependência no relacionamento.
Então, como devemos manter a independência no relacionamento? Seguem cincos pontos que considero importantes:
1. Aceitar-se para aceitar o outro
Será sempre importante recorrermos à introspecção para aprendermos a amar e a valorizar a nós próprios e, por consequência, apreciar mais o parceiro.
2. Comunicação
Outro aspeto extremamente importante é a comunicação, dialogar com o parceiro sobre a necessidade de espaço e de independência (entre tantos outros temas, mas o foco neste momento são os dois aspectos que menciono).
Assim, fazemos o outro entender que o facto de não estarem sempre juntos em tudo, na realidade, é algo positivo para o relacionamento, e que não há nada de errado nisso. Porque crescer a nível individual também irá influenciar positivamente o relacionamento.
3. Sinceridade gera confiança
Quando passamos algum tempo sem estar com a outra pessoa, é importante manter uma comunicação sincera. Desta forma, será mais fácil evitar qualquer mal-entendido, dúvidas ou até mesmo algumas dificuldades relacionadas com os ciúmes.
Isso não significa que devemos dar explicações ao nosso parceiro a cada momento sobre tudo o que fazemos na ausência do mesmo, mas significa que não devemos tentar esconder coisas importantes ou ter segredos que possam comprometer a confiança que existe entre ambos.
Confiar no outro é um processo, e para alguns de nós, é um processo um pouco moroso derivado a más experiências vividas no passado, logo, sabemos que quando a confiança é quebrada, não será fácil a recuperação da mesma.
4. Saúde mental e emocional
Valorizar o nosso espaço pessoal é algo muito positivo para a relação e para nós mesmos. Darmos um passeio, ver um filme, ler, praticar desporto ou realizar qualquer outra atividade de que gostamos é decisivamente importante, pois contribui para o nosso bem-estar.
Na verdade, este é aquele timing a que chamamos “o meu momento”.
Além disso, os “pequenos prazeres” irão permitir que possamos construir um espaço só nosso, onde nos sentiremos refugiados, além de tranquilos e relaxados.
Se não fizermos isto, vamos começar a sentir algum desconforto, irritação, tédio, saturação e imensas emoções negativas.
5. Estabelecer limites de forma saudável e com respeito
Os limites protegem o nosso espaço pessoal, por este motivo, é fundamental ficar claro quais os comportamentos por parte da outra pessoa que nos parecem mais negativos, abusivos ou até invasivos. Da mesma forma, também devemos respeitar os gostos do nosso par, para além dos seus valores, das suas crenças e dos seus sentimentos.
Como podemos verificar, termos tempo para nós mesmos é essencial ao longo da nossa vida. Tempo esse que irá permitir-nos crescer tanto a nível pessoal quanto profissional, para além de cultivar uma vida social rica e próspera.
Sendo importante entender que a independência não significa ausência de compromisso ou de afeto.
Que possamos apreender que antes da existência de um amo-te, será sempre necessário a presença de um amo-me.
Felicidades.

COACH CERTIFICADA PELA IHTP E ASSOCIATION FOR COACHING
Email: [email protected]
in REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2025
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)