in REVISTA PROGREDIR | JUNHO 2023
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Para evitar um colapso, o governo norte-americano renacionalizou as grandes agências de crédito imobiliário Fannie Mae e Freddie Mac, privatizadas em 1968, que ficarão sob controle governamental por tempo
indeterminado, injetando 200 bilhões de dólares nas duas agências, (equivalente à construção de 400 pontes Vasco da Gama) considerada a maior operação de socorro (resgate) financeiro feita pelo governo norte americano na sua história econômico-financeira.
Em outubro de 2008, a Alemanha, a França, a
Áustria, os Países Baixos e a Itália anunciaram
pacotes que somavam 1,17 trilhão de euros em ajuda aos seus sistemas financeiros (equivale à construção de 3.400 pontes Vasco da Gama).
A economia global perde milhões de empresas. Os cidadãos, as famílias, perdem dezenas e dezenas de milhões de emprego.
Ocorrem noites longas nas economias e sociedades. Há sofrimento atroz. DOR.
Dir-se-á, atuaram as instituições financeiras em justo e belo equilíbrio (?) ou pelo contrário em exercícios longos e persistentes de egoísmo financeiro, isto é, procurar a qualquer preço o melhor resultado sem refletir consequências (??)
O leitor saberá a resposta. Não é preciso convocar inteligência. Está à vista. Ou melhor, esteve à vista.
Mas, convenhamos, as instituições são dirigidas, governadas, por homens (e mulheres). Não são governadas (ainda) por Inteligência Artificial (lá chegaremos).
É então, sendo homens e mulheres, que convém relembrar HOBBES (Tratado da Natureza Humana, 1650) e refletir sobre o EGOÍSMO versus ALTRUÍSMO e ponderar a importância do justo e belo equilíbrio nas atuações desenvolvidas (no domínio financeiro ou outros).
Diz, HOBBES, que toda a conduta humana é gerada por autointeresse. A pensar em si, exclusivamente em si. Desprezo pela consequência dos seus atos nos outros. Já em ‘Leviatã’, 1651, Hobbes descreve o homem, antes e depois do contrato social, como um ser egoísta que atua motivado apenas pelos seus interesses.
Na estratégia de reinterpretação dos motivos para certas atuações, certas condutas, Hobbes, explica que todas as ações altruístas podem entender-se em termos egoístas.
Isto é, por exemplo, a caridade, ou o gesto caritativo, não é senão um momento de se afirmar o poder sobre o outro ou a superioridade que se manifesta sobre o outro.
A compaixão, ainda exemplo, tende a ser um ato egoísta, porque as desgraças dos outros afetam-nos e preocupam-nos, sobretudo porque pode ocorrer a possibilidade de um dia nos encontrarmos numa situação de semelhante má fortuna.
Segundo HOBBES, a compaixão não é senão a imaginação ou a ficção de calamidade futura para nós próprios quando a verificamos nos outros.
Já o egoísmo psicológico traduz a teoria de que a natureza humana é dirigida por motivos de absoluto autointeresse, negando a existência de condutas verdadeiramente altruístas.
(nós somos de opinião que nos humanos há comportamentos de profundo egoísmo, mas também há comportamentos em sinceridade altruísta: gostar de dar, simplesmente dar, sem interesse em retorno).
É comum considerar-se que o Egoísmo Psicológico foi uma teoria proposta por Jeremy Bentham, mas há antecedentes em obras de Thomas HOBBES (1588-1679) de François de La ROCHEFOCAULD (1613-1680) e no passado recente em obras de Moritz SCHLICK (1882-1936, assassinado por nazis)
Certo é poder afirmar-se que, Governos, povos e acionistas, deveriam conhecer os labirintos do egoísmo psicológico, ético ou racional, quando se predispõem a tomar decisões acerca do sistema financeiro (produtos e propostas).
Afinal, o Conhecimento ‘não ocupa lugar’ e mantém o cérebro ginasticado.
E, a permanente busca do justo e belo equilíbrio entre o gesto adequado (e proporcionado) de egoísmo e a pintura altruísta que dá cor ao mundo, é dever ético dos melhores de nós.
URBANISTA
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