Por Catarina Lucas
in REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2020
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Felizmente, as pessoas já não se sentem obrigadas a permanecer em relações não gratificantes apenas porque a sociedade o impõe, porque existem filhos em comum, bens em comum ou outros fatores igualmente tidos como responsáveis por permanecer nas relações. Todavia, esta tendência tem um lado menos positivo, um lado que pode gerar a intolerância, a rigidez ou a inflexibilidade.
As relações amorosas são extremamente difíceis de se manter a longo prazo, de uma forma saudável e feliz. Para que isso aconteça é necessário que muitas variáveis se conjuguem. Cada ser é único e tem caraterísticas próprias e individuais. De igual modo, esse ser já foi moldado por fatores vários ao longo do desenvolvimento, pela socialização, estilos parentais, experiências de vida, entre muitas outras. Esta pessoa tem ainda uma família de origem, com todas as interferências que isso possa trazer. Depois, existem estas mesmas variáveis no outro elemento do casal.
Paralelamente, existe a própria dinâmica da relação, existe a necessidade de conciliar diferentes formas de ser, de pensar e de agir. Poderão já existir filhos, assim como diferentes visões da sua educação. Poderão existir os amigos e as diferentes formas do casal se relacionar com eles. Há necessidades diferentes, gostos diferentes, ritmos diferentes...são efetivamente inúmeras as variáveis que é preciso interligar e que é necessário estarem em equilíbrio. É percetível por isso, a dificuldade em fazer com que as relações resultem e perdurem no tempo.
A pergunta chave é: como se consegue?
As respostas óbvias e fáceis não existem e já diz o velho ditado que, as relações precisam ser alimentadas. Além de alimentadas precisam também ser flexibilizadas. Este é um mundo em mudança, um mundo onde o homem teve que deixar velhos hábitos para trás e aprender a lidar com uma mulher independente, que trabalha, que se expressa, que busca a felicidade e que pede igualdade. Esta é também a sociedade onde o homem reclama para si o direito à parentalidade e assume um papel novo na vida dos filhos, fazendo repensar o papel que antes era atribuído quase em exclusividade à mulher.
É por isso importante ter um espírito aberto e empático, capaz de se colocar no lugar do outro, ouvir e ver com os ouvidos e olhos do outro. O diálogo ganha uma nova dimensão e, nesta nova dinâmica dos relacionamentos, revela-se crucial para a manutenção do amor a longo prazo. É importante compreender este “eu” individual do outro, que existe uma identidade de casal, mas que continua a existir uma identidade individual. É preciso criar espaços, tanto para o casal como para o individual, compreender que jamais o outro será o ser idealizado e não mudará em função da imposição de terceiros.
É necessário entender que, este desejo de felicidade pode muitas vezes levar à inflexibilidade em relação ao outro, a um querer que o outro se ajuste ou mude a sua essência...caso contrário, a relação termina. Tal como na física, o material que não é flexível tende a partir. Assim acontece com o amor e as relações. Onde não existe flexibilidade para entender o outro, compreender a sua natureza, as necessidades próprias e a identidade individual, gera-se uma grande tendência para a quebra...do amor, do respeito, do companheirismo, da relação.
PSICÓLOGA E TERAPEUTA DE CASAL
www.catarinalucas.pt
[email protected]
in REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2020
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)