in REVISTA PROGREDIR | JANEIRO 2020
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Nessa altura existia o respeito pela ordem, o direito a pertencer e o equilíbrio entre dar e receber que fazia com que todos se sentissem parte de um todo A verdade é que à medida que fomos evoluindo e a vida se foi tornando menos “selvagem” por isso aparentemente mais segura, perdemos o sentido de aldeia, vila e cidade e deixamos de “precisar aparentemente uns dos outros” e de sentir o espírito de pertença de nos vermos uns aos outros como comunidade onde cada um tem o seu papel e contribui para o todo.
Mas ficou gravado nas nossas células esse espírito de união e de desejo de cooperação e complementaridade que se expressam através de interesses maiores como a justiça, colaboração, sentido de pertença, união, Amor pelo próximo entre muitos outros.
O interessante é que a conduta altruísta também pode ser observada em diferentes espécies animais como, por exemplo as abelhas ou as formigas que trabalham e se organizam para o bem comum com uma tal mestria que servem de exemplo para o que deixamos de saber fazer e viver faz tempo…
Alguns estudos nas áreas da neurociência têm procurado estudar as bases cerebrais do altruísmo na tentativa de explicar porque é que existe este sentido de cooperação apesar de não haver uma recompensa imediata ou direta de forma pessoal.
Foi usada uma técnica de ressonância magnética funcional que permite ver ao vivo as áreas do cérebro que se ativam com um processo cognitivo determinado. O estudo conclui que os seres humanos que têm condutas altruístas ativam no seu cérebro as áreas relacionadas com a recompensa que são ricas em dopamina, um mensageiro químico que está relacionado com o prazer.
O altruísmo pode ainda manifestar-se de outras formas como, por exemplo um mecanismo de legitima defesa para combater uma dor profunda que criou uma situação traumática e que reside no nosso inconsciente. Profissões como psicólogos, médicos ou enfermeiros, conhecem bem este processo que é digno porque convida a partilhar com o outro o que entendemos e respiramos em relação ao seu sofrimento, mas é preciso, ter muito cuidado com esse mecanismo porque quando nos centramos demasiado no outro acabamos por nos esquecer de nós mesmos e perdemos a nossa equanimidade e consequentemente perdemos o nosso centro. Ajudar a proporcionar aos outros o melhor da nossa vocação ou formação está correto, mas sem nos despersonalizarmos ou cairmos no “script” do mártir ou herói.
Existe uma grande diferença entre empatia e altruísmo. A empatia leva ao altruísmo, mas não é possível o altruísmo sem empatia. A empatia é a capacidade duma pessoa se descentrar de si mesma e do apego às suas ideias para representar o mundo do outro, enquanto que o altruísmo é um caminho sistémico que está constantemente em evolução e submetido às pressões exteriores e as leis do nosso inconsciente. Todos os movimentos altruístas funcionam, na verdade como mecanismos de compensação para regular e equilibrar injustiças causadas pelos pela negação dos 3 princípios profundos que nos movem. O Direito a pertencer, o Equilíbrio entre dar e receber e a Ordem.
Descentrar-nos do nosso sofrimento e entender que o outro também tem as suas limitações e fontes próprias de sofrimento que o levam a atuar de determinada forma é aceitarmos os vários pontos de vista que a vida nos convida a viver. Esse exercício de nos expormos a aceitar, incluir e acomodar os vários pontos de vista alimenta a nossa capacidade natural de sentir, empatia e o nosso desejo sistémico de que tudo esteja em ordem. É precisamente nesse momento que o altruísmo é uma fonte de realização e manifestação do que de mais elevado mora em nós. A nossa noção de pertença, de inclusão e respeito pela dignidade do outro, pela natureza e pela vida!
Assim um ser humano que desenvolva uma atitude de altruísmo na sua vida está muito mais propenso à felicidade e a um estado de bem-estar consigo próprio porque descentrado do apego aos seus problemas e disponível para respirar o outro e o que de melhor pode oferecer de si próprio ao outro, à sociedade ou a uma causa maior.
Bem haja à Vida!
PSICÓLOGA, ASTRÓLOGA, FACILITADORA E PROFESSORA DE CONSTELAÇÕES FAMILIARES, FUNDADORA DO ESPAÇO AMAR
www.espacoamar.com
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