in REVISTA PROGREDIR | JANEIRO 2015
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Não precisamos – nem conseguimos – deixar de ser “nós” para surgir um “novo eu”. O renascimento acontece da integração do antigo (experiências do passado, memórias, aprendizagens, opções de vida que nos permitiram conhecer, aprender e crescer) com o que decidimos fazer das nossas vidas a partir de agora.
Nunca é demasiado tarde
Ao contrário do que pensamos e ouvimos dizer muitas vezes, nunca é tarde para mudar de vida, fazer novas opções e renascer. Para isso, temos de começar por olhar para o que nos perturba e inquieta interiormente. Quase todos nos vão dizer que não vale a pena e que o melhor é ficar quieto. Mas… queremos viver a nossa vida ou a vida que os outros idealizaram para nós? Há inúmeros exemplos à nossa volta de que o sonho, a mudança e a realização pessoais não têm idade nem tempo definidos. Podem acontecer a qualquer momento.
Aceitar o medo
Pensar em renascimento assusta e mexe connosco a vários níveis. Às vezes parece que esperamos que as coisas externas da nossa vida comecem a desmoronar para conseguirmos agir e dizermos que não tivemos outro remédio a não ser mudar. No caso de “renascer”, trata-se da decisão consciente de que há algo mais que podemos fazer por nós, há outras formas de pensar e de viver que podem contribuir mais para a nossa paz interior e felicidade. Como eliminamos o medo? Não eliminamos. Olhamos para ele, aceitamos que ele existe, demoramo-nos mais ou menos tempo a perceber de onde pode vir, mas avançamos mesmo assim.
Aprofundar a relação connosco
Também nos podemos perguntar para onde avançamos e como fazemos esse renascimento. Em primeiro lugar, não é uma obrigação nem todos temos de passar por isso profundamente (apesar de, de uma maneira ou de outra, estarmos em constantes mortes e renascimentos). Quando a necessidade de renascer é mais forte, se impõe nas nossas vidas e não nos deixa caminho de fuga, é chegado o momento de desenvolvermos a relação mais íntima e duradoura que alguma vez vamos conseguir: connosco. Quem somos agora? O que sentimos que temos mesmo de deixar morrer em nós? O que nos sentimos preparados para fazer diferente? Só em silêncio e diálogo interior – seja pela via da meditação, de uma terapia ou de qualquer outra prática – vamos conseguir ligar-nos intimamente à nossa essência e ouvir o nosso coração.
Cada momento é um professor
Desengane-se quem pensa que renascer é eliminar todas as formas de sofrimento e fazer um reset total de quem fomos até aqui. Imagina-se a deitar fora 30 ou 40 anos de vida? Qual o sentido disso? As situações surgem e repetem-se nas nossas vidas tantas vezes quantas as necessárias para aprendermos e seguirmos caminho de forma diferente. Se assim é, tudo o que vivemos até aqui foi uma tomada de consciência e uma preparação para este momento de renascimento. Nem sempre vamos conseguir fazê-lo logo à primeira, sobretudo se estivermos muito envolvidos emocionalmente com a situação. Mas uma das primeiras perguntas a fazermos assim que conseguirmos ser mais objetivos é: “o que tenho a aprender com esta situação ou pessoa(s)? O que me quer mostrar de mim?”
Os dois lobos interiores
Se queremos renascer, não nos iludamos pensando que vai acontecer sem que interfiramos no processo. É-nos exigida, além da intenção, vontade de mudar velhos hábitos e padrões que, entretanto, se enraizaram. A forma como o fazemos é sempre uma das grandes dúvidas e preocupações de quem quer deixar ir o antigo. Há uma velha lenda dos índios Cherokee sobre um avô que fala com o neto a propósito da vida e diz-lhe que, no seu interior, há uma luta entre dois lobos. Um é mau, arrogante, invejoso e faz-se de vítima; o outro é bom, alegre, pacífico, humilde e generoso. Esta luta, diz o avô, passa-se no interior de todas as pessoas. Depois de parar para pensar, o neto pergunta: “Avô… e que lobo vai acabar por ganhar?”. O avô responde: “aquele que tu alimentares”.
Neste novo ano, vamos tentar alimentar o lobo que mais poderá contribuir para sermos autênticos, conscientes e sentir paz interior.
SOFIA FRAZOA TERAPEUTA www.caminhosdaalma.com [email protected] in REVISTA PROGREDIR | JANEIRO 2015 (clique no link acima para ler o artigo na Revista |