Por Maria Melo
in REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2012
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Vemos surgir novas formas de nos relacionarmos uns com os outros, o conceito de família está cada vez mais alargado, e os antigos sistemas não se adequam à nova realidade, onde na grande maioria a família original é quebrada e nascem assim as novas famílias constituídas por homens e mulheres com relacionamentos anteriores, com os filhos fruto desses mesmos relacionamentos e os novos elementos, homens e mulheres que vêm compor o novo casal e consequentemente a nova família.
A frase que já tantos falam, os meus os teus e os nossos.
Mas a criação destes novos sistemas, trás ao de cimo questões que por vezes passam despercebidas aos olhos de quem não faz parte destas novas famílias. No fundo o sistema familiar é composto por vários elementos onde cada um exerce uma posição e logo um estar que é de referência para os outros.
Torna-se assim difícil enquadrar novos papéis como o de enteado, companheira ou namorado da mãe, pai do meu irmão….
Que ligações são estas, que na maioria surgem sem existir qualquer laço de sangue mas que contribuem para o desenvolvimento e afectam o crescimento dos indivíduos que compõem os novos sistemas familiares?
Como nos podemos preparar para estas novas dinâmicas?
É necessário percebermos que a constituição de uma nova família com elementos que já fizeram parte de outra, trás imperativamente uma dinâmica diferente.
O relacionamento a dois é substituído por um relacionamento a três ou mais elementos, não existindo desta forma um crescimento gradual do número de elementos que constituem o sistema familiar. É preciso haver adaptação aos novos papéis, torna-se urgente que os novos parceiros sejam inseridos no seio familiar e que lhes seja reconhecida um papel importante para o equilíbrio do novo sistema.
Aos novos parceiros, torna-se importante perceberem que o relacionamento no qual se encontram não se enquadra nos moldes comuns de um relacionamento a dois, e que as fases pelas quais um recém casal inicia o seu percurso, nada têm a ver com as fases que estas novas formas de relacionamentos assumem.
Sendo assim, todos os elementos terão que se adaptar a mais do que um papel, não sendo este processo construído de forma gradual, o que poderá levar ao surgimento de conflitos emocionais, dúvidas relativas ao comportamento a adoptar perante as situações, e consequentemente uma divisão da identidade pessoal.
É importante distinguir os diferentes processos pelos quais passam os diferentes elementos que vão compor a nova família, pois o processo pelo qual passa o elemento que vem da antiga família, não é igual ao processo pelo qual passa o elemento que vem integrar a nova família.
O conceito de família é assim influenciado não só pelas experiencias pessoais anteriores, como também pelos padrões aprendidos e percepcionados pelas próprias experiências familiares vividas com as respectivas famílias de onde provêm os elementos do casal.
São assim inúmeros os factores que influenciam todo este processo. O desafio lançado a estes novos casais é sem dúvida a transcendência de todos estes padrões e a criação de um sistema familiar onde todos os elementos se sintam inteiros, reconhecidos e felizes.
A comunicação entre os elementos torna-se assim um elemento chave para que todas as partes possam manifestar os seus desejos, vontades, dúvidas e conflitos. A criação de um ambiente de confiança e não julgamento são essenciais para que a comunicação surja de uma forma espontânea e natural, sentido os elementos disponibilidade por parte dos outros de se expressarem.
É importante que a sociedade acolha estas novas formas de sistemas familiares, que se mudem valores e conceitos, que se integrem novas formas de expressão, novos papéis, para que os seus elementos se sintam livres em escolher aquilo que efectivamente desejam para as suas vidas, podendo assim contribuir para o crescimento de uma sociedade mais feliz.
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REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2012