in REVISTA PROGREDIR |AGOSTO 2019
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Não existem receitas prontas quando o assunto é relacionamento, pois não existem pessoas perfeitas, o que se diria de um relacionamento perfeito, já que este é constituído a partir de pessoas em constante construção, em permanente aprendizagem. O que pode ser construído dentro da possibilidade de uma realidade possível é um relacionamento saudável, que é uma proposta bem mais sensata. Para que um relacionamento saudável se desenvolva e se estabeleça, elaborei 4 pontos fundamentais para que este funcione, promovendo crescimento e bem estar a ambos os parceiros:
1- Perceber o parceiro como uma pessoa real, com defeitos e virtudes:
A idealização do parceiro é uma armadilha. Não é um exercício fácil, mas é imprescindível não cobrar do outro a partir da própria perspetiva imaginária do que deveria ser uma pessoa ideal ou um relacionamento perfeito. Seria muito egoísmo do parceiro pretender que a outra pessoa correspondesse a todas as suas expetativas e desejos. Esta postura não respeita a individualidade nem a subjetividade do outro. Cada pessoa traz os seus modelos de vida, as suas bagagens, a sua maneira particular de ser e estar no mundo. Relacionamentos reais têm diferenças, dificuldades e desafios, mas também experiências de superação, de aprendizagem e de sedimentação. Lembrando que pessoas reais têm defeitos e virtudes; pessoas ideais são somente um produto da imaginação de quem as cria.
2- Sempre vão existir incongruências relacionais:
Incongruências relacionais sempre vão existir, por mais que os parceiros tenham afinidade, metas e objetivos em comum. A “perfeição” de um relacionamento reside na sua sincronicidade, companheirismo, cumplicidade e respeito para com a subjetividade do outro. Um relacionamento “perfeito” é aquele que funciona em harmonia na dinâmica relacional em constante transformação.
3- Ter pontos em comum:
Pontos em comum e afinidades são importantes para o enraizamento e manutenção do relacionamento. Contudo, reitero que não existe a alma gémea, a metade da laranja, alguém que esteja pronto para completar o outro, sendo exatamente nestas diferenças que são promovidos grandes aprendizagens, a partir de um olhar distinto, de uma vivência percetiva subjetivada a partir do olhar do outro. Quando as pessoas estão realmente dispostas a se relacionarem com um outro real, não na perspetiva de uma projeção criada, onde há o reconhecimento de uma individualidade, as pessoas envolvidas enriquecem, criando a oportunidade de olharem para a vida a partir de um outro parâmetro.
4- Aprender a arte do diálogo para a estruturação do companheirismo e da cumplicidade:
Um diálogo bem estruturado é imprescindível para desenvolver o companheirismo, a empatia e a cumplicidade, além de aparar as arestas de uma comunicação que porventura não ficou bem esclarecida ou não foi muito eficaz e consequentemente permitindo que pudessem abrir brechas para que padrões comportamentais destrutivos danifiquem o relacionamento. Podemos hipotetizar o que o outro pensa ou porque age de determinada maneira, mas somente através de um diálogo sincero e honesto, poderemos perscrutar, discernir e avaliar como cada um se sente diante de determinadas situações para estabelecer acordos que beneficiem a ambos.
PSICÓLOGA, PSICOTRAUMATOLOGISTA, TERAPEUTA SEXUAL, EXPERT EM MEDICINA PSICOSSOMÁTICA E PSICOLOGIA DA SAÚDE ESCRITORA E PALESTRANTE
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