Por David Rodrigues
in REVISTA PROGREDIR | AGOSTO 2012
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Fernando Pessoa
Esta é uma afirmação muito sábia, e que pode ser aplicada em diversos contextos. Vou aplicá-la às suas finanças pessoais. Se quer obter resultados diferentes, tem de mudar as suas crenças e os seus comportamentos.
O patrão paga mal, o governo cortou os subsídios, tudo aumenta, só enriquece quem engana os outros, e poderíamos continuar com um rol de afirmações que se ouvem frequentemente. Sente-se uma vítima dos que têm aparentemente poder e sente-se incapaz de contrariar isso. O objetivo deste artigo não é discutir as (des)igualdades e (in)justiças que existem ou não, mas levá-lo a ver aquilo que pode fazer, a agir sobre o âmbito que pode intervir de forma total e completa: você próprio.
Pense então, o que fez nos últimos 5 anos para melhorar a sua situação financeira? Passou a controlar as despesas? Otimizou os seus gastos? Pediu um aumento ao seu empregador? Procurou outros trabalhos mais bem remunerados? Desenvolveu outras fontes de rendimento alternativas (rentabilizou um hobby, arranjou um part-time que o realiza, investiu o seu dinheiro em depósitos a prazo ou aplicações financeiras, abriu um negócio por conta própria, jogou no euromilhões …)?
Resultou? Bom, pode ter feito todas ou nenhuma destas atividades e ter ou não conseguido melhorar a sua realidade financeira. A razão é simples precisa de mudar as suas crenças e comportamentos de modo significativo, na forma como se relaciona com o dinheiro, para poder ser bem sucedido nas iniciativas que visam a melhoria da sua situação financeira.
Mude de forma duradoura a sua realidade financeira
A sua realidade financeira, está muito longe de ser apenas um balanço entre o que ganha e o que gasta, é bastante mais complexa, pois envolve essencialmente aquilo que determina o que está a ganhar e a gastar, e isso pode ir desde a auto-estima, à compensação emocional ou à falta de compreensão dos fluxos do dinheiro.
Vamos focar-nos então em dois aspetos cruciais:
1 – Acreditar que pode ser agente da sua própria mudança e que não tem de ficar refém das decisões dos outros (sejam eles quem forem). Você constrói a sua realidade, e isso é tão verdade, que mesmo em contexto de crise há pessoas (honestas) que prosperam (seja através de um novo trabalho, de uma promoção, de um negócio bem sucedido) aumentando as suas fontes de rendimento.
2 – Tem de olhar para dentro e observar quais são as coisas que costuma dizer e pensar relativamente ao dinheiro. De que modo é que essas crenças podem estar a travar a sua evolução? Por exemplo, “o dinheiro só traz problemas” ou “só enriquece quem é desonesto ou corrupto”. Quer ter problemas na sua vida? Considera-se honesto? Se a resposta for não, isso pode representar um sério problema para atrair (ou manter) o dinheiro na sua vida.
Se se costuma queixar frequentemente dos preços dos produtos ou serviços, do pouco que tem ou ganha, está também a emitir vibrações muito negativas, e a criar e alimentar a escassez que existe na sua vida.
Seja polícia do que diz e pensa relativamente ao dinheiro e analise se isso é coerente com o quer obter noutras áreas da sua vida, se não for será difícil obter alterações duradouras, mesmo que aumente os seus rendimentos ou receba uma herança ou prémio. Se for complicado peça ajuda a um amigo para analisar as suas crenças ou ajuda profissional a quem lida com estas questões.
Não basta ganhar mais
É isso mesmo, não basta ganhar mais, para melhorar a sua realidade financeira pois a sua gestão financeira e decisões (racionais e emocionais) não vão mudar significativamente se ganhar 500, 1000 ou 50 000€ por mês. Ainda que pense que se ganhasse mais, seria muito mais fácil, não é necessariamente verdade, pois existem muitos problemas financeiros nos agregados familiares que ganham entre 3 e 5 mil euros (fonte DECO), com uma média de 5 créditos pessoais. Por outro lado os estudos demonstram, que quem ganha o euromilhões ou a lotaria em média ao fim de 10 anos, não só já gastou o dinheiro do prémio, como está muitas vezes largamente endividado e por isso numa situação muito pior do que antes de ganhar o prémio.
Seja dono da sua verdade e decisões
Abstraia-se do que lhe dizem sobre arranjar emprego, fazer negócios, ou conseguir dinheiro. Aja como se não visse notícias. A sugestão não tem que ver com ignorar a realidade, mas sim impedir que o seu sistema de crenças seja moldado pelo que os outros pensam e acreditam.
Ouve-se falar em crise internacional pelo menos desde de 2007, mas para a esmagadora maioria dos portugueses, que manteve o emprego, até 2010, o seu nível de vida não sofreu alterações muito significativas, tendo muitos beneficiado com a descida da Euribor, taxa de referência para o crédito à habitação. No entanto, muitas dessas pessoas (provavelmente você também) passaram a agir como estando num cenário de crise efetiva, tomando decisões com base nessa premissa que não era necessariamente verdadeira para a sua situação financeira pessoal e entrando numa (falsa) lógica de maior escassez.
As nossas crenças determinam o nosso comportamento e em última análise os nossos resultados, quando pensamos que não há solução desistimos, quando temos noção dos desafios e acreditamos que é possível reinventamo-nos. Agora não permita que sejam os outros a decidirem como vai agir. Assuma o controlo da sua vida financeira!
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