in REVISTA PROGREDIR | MAIO 2018
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Estamos sempre em relação, de alguma maneira. Seja de forma mais íntima, com quem mais amamos, seja num encontro casual numa das travessas da vida pelas quais caminhamos, tocamos outras vidas, damos e recebemos, afetando o outro.
Que apelo irresistível é este que nos impulsiona para a relação?
Desde o início dos tempos que a relação íntima é, sem sombra de dúvida, aquilo que mais nos conecta ou distancia de um estado de confiança na vida e nas suas possibilidades. Na felicidade e alegria o coração expande-se e sorri, reencontrando a fé e o milagre de acordar todos os dias, respirar e estar vivo; na tristeza contrai-se e diminui, enrolando-se na mágoa, acomodando-se num estado de insegurança, desesperança e medo.
O amor é, de facto, uma energia poderosa, uma energia de força de vida cuja presença nos engrandece, fortalece, enche de esperança, de mistério e beleza, de uma fé inabalável no impossível e inexplicável. A necessidade de amor e pertença nasceram connosco enquanto humanos, fomos concebidos para criar relações com os outros. A relação dá significado, propósito, estrutura, cor à vida; a ausência da sensação de pertença causa-nos dor e sofrimento.
Em nome do amor reinventamo-nos, descobrindo que somos capazes de mais do que pensávamos. O amor inspira-nos coragem para ir mais além, tentar correr o risco, ousar o passo maior. Crescer.
Desilusão e vazio nos relacionamentos
“O coração é um mistério, não um enigma irresolúvel, mas um mistério na aceção religiosa: insondável, impossível de manipular, revelando indícios do dedo de Deus em ação.” Thomas Moore
Um relacionamento íntimo é um convite à evolução, dado que naturalmente nos atraímos pelas pessoas que falam às nossas necessidades emocionais inconscientes. Procuramos num parceiro aquilo de que sentimos falta: uma companhia que afaste a solidão, um olhar de desejo, a segurança financeira, apoio emocional, alguém que nos escute, nos motive, nos estruture, e tanto mais.
Projetamos na relação um sem número de expetativas, ser mais feliz, viajar mais, ter filhos, ter um amigo, desempenhar um papel social reconhecido, mas inevitavelmente deparamo-nos com o facto de não as ver concretizadas. Nenhuma união consegue assumir tantos papéis, muitos dos quais resultam de vazios internos que a nós competem olhar e preencher.
Por outro lado, o próprio caráter da relação pode, por vezes, tocar estórias de vida que nos feriram ou deixaram marcas, e com isso fazer-nos reviver sombras do passado de que, muitas vezes, não damos conta. Sem um olhar de observador, a dor solta-se em agressividade, fúria, medo, e a comunicação deixa de ser clara e tranquila.
A atenção plena na intimidade
A atenção plena é, segundo Jon Kabat-Zinn, “a consciência que surge do prestar atenção, de forma direcionada, ao momento presente, na ausência de julgamento, ao serviço do autoconhecimento e da sabedoria”.
Na relação íntima, este olhar atento aos nossos próprios processos internos permite-nos uma maior compreensão das nossas escolhas e motivações e, eventualmente, o quebrar do ciclo que nos aprisiona.
Quanto mais íntimos nos tornarmos de nós mesmos mais capazes seremos de escolher, conscientemente, as decisões certas, a cada passo do caminho.
O olhar da testemunha interna recorda-nos que somos capazes de suprir as nossas próprias necessidades sem as projetar no outro, melhorando significativamente a qualidade da relação connosco mesmos e, por consequência, com quem nos rodeia.
Através deste movimento interno de autonutrição e autoestima podemos descobrir que, afinal, aquilo que encontramos de diferente nos outros é profundamente interessante e pode acrescentar algo de verdadeiramente extraordinário ao nosso quotidiano!
Viver em atenção plena
Para trazer esta atenção plena aos relacionamentos podemos praticá-la de formas simples.
- estar atento à forma como discutimos e às emoções presentes, dando espaço para respirar e acalmar-nos e permitindo que a comunicação seja uma escolha e não uma reação;
- manter o foco na situação em vez da forma de ser (em vez de “tu és um(a) preguiçoso(a)”, escolher “quando te comprometes a fazer algo que não cumpres sinto que não estou a ser ouvido (a)”);
- debater os assuntos quando surgem, evitando a “fuga” ou o “deixar para depois”;
- procurar ativamente atividades de lazer em conjunto enquanto guardamos espaço para os interesses próprios, separadamente;
- escutar a voz da alma do outro através do contacto silencioso com o olhar, que guarda muito mais para nos dizer que as palavras.
FORMADORA/TUTORA NA ESCOLA DE DESENVOLVIMENTO TRANSPESSOAL
(EDT), COACH EM EDUCAÇÃO TRANSPESSOAL, FACILITADORA DE EDUCAÇÃO MINDFULNESS, TERAPEUTA EDUCACIONAL
www.escolatranspessoal.com
margarida.monarca@
escolatranspessoal.com
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