in REVISTA PROGREDIR | DEZEMBRO 2015
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Quando somos gratos, permitimos ao outro entrar no nosso mundo, abrimos o coração de forma genuína e ao mesmo tempo, ser grato é sorrir com a alma, mostrando agrado, reconforto para com o outro.
Ser grato é pois a mais nobre forma de partilha… A partilha de um genuíno bem-vindo com o agrado da dádiva da existência mútua. A condição de ser grato é pois sobreponível à condição de Ser Humano. Só um Ser Humano tem a dimensão ética da percepção grandiosa de dádiva do que o outro tem para lhe dar, gratificando-o na verbalização do “Sou Grato” ou no silêncio do sorriso.
Quem nunca é grato, comete um suicídio de condição humana. Viver sem gratidão é estar numa condição paliativa, sem o alívio de uma dor silenciosa de rancor e angústia… Sem gratidão somos ilhas rochosas num oceano de solidão, onde não se vislumbra luz no horizonte, nem vida a renascer em nós.
A gratidão é pois adubo, para potenciar na nossa condição humana, um fértil estado de imortalidade, vislumbrado num pomar onde os frutos são partilhas que nos alimentam e nutrem de eternidade.
Quanto mais gratos, mais grandiosos… Porque se Fernando Pessoa se traduzia “do tamanho que os olhos alcançam”, a gratidão traduz-nos “do tamanho que os olhos dos outros nos projectam”. Ser grato é ser dotado da humildade do saber receber e da sabedoria do saber mostrar agrado, partilhando assim a nossa condição para além do que a cápsula do corpo nos encerra. Tornamo-nos enormes, grandiosos, quando desenhados por todos os olhos daqueles a quem somos gratos. “Sou-te Grato” é o mesmo que “Sou grandioso, a partir da grandeza que és!”
Não há maior gratidão que sermos gratos a nós mesmos por termos a sabedoria de sermos gratos!
Dizer “Grato!” é um fantástico exercício muscular. A nossa boca e língua precisam contorcer-se ente o “Gra” e o “To” e a nossa alma… também ela se contorce na elevação que nos dá o soletrar dessa nobre palavra… Por isso “Mente grata… Corpo grato”! Quando soletramos a gratidão com a alma, o nosso corpo torna-se forte em gratidão, predispõe-nos para a dádiva, permite-nos estender os braços para o abraço e as mãos para a partilha sem causar desconforto, nem cansaço.
Sejamos pois gratos…
Gratos a nós mesmos por sermos capazes de sermos gratos.
Gratos aos outros por nos permitirem sermos gratos.
Sejamos gratos… Sejamos Humanos.
PROFESSOR NA UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA (ICS – PORTO)
ESCRITOR
www.facebook.com/escritorpedromello
in REVISTA PROGREDIR | DEZEMBRO 2015
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