por Pedro Amaral
in REVISTA PROGREDIR | DEZEMBRO 2013
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Um outro estudo, realizado no Reino Unido, mostrou que as crianças com doenças crónicas utilizavam três vezes mais tratamentos “alternativos” do que as crianças saudáveis. O que é curioso é que os médicos pediatras não sabiam que os seus clientes estavam a fazer outras formas de tratamento, por opção dos pais.
Um estudo realizado na Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa (Videira, C., Veloza, A., Moreira, J.M., Ribeiro, J. e Miranda, R.) revelou que, ao contrário do que se poderia pensar, a maior parte das pessoas que recorre à medicina alternativa não está insatisfeita com a medicina convencional – de facto, 95% dos inquiridos que utilizavam a medicina alternativa diziam-se satisfeitos com os cuidados médicos, 88% consideravam a relação com o médico boa e 92% estavam satisfeitos com os resultados dos tratamentos médicos. Muitas das pessoas que recorrem à medicina alternativa, quando precisam de cuidados mais especializados, consultam também os médicos especialistas convencionais.
Talvez a medicina convencional não esteja “em crise”, nem essa seja a razão do aumento da procura da medicina alternativa. Assim, o recurso a estas práticas não seria encarado pelos utentes como uma “alternativa” ou substituto à medicina convencional, mas sim, como um complemento desta. E as crianças virão, certamente, a beneficiar desta abordagem global e holística, dentro das várias “medicinas complementares”.
As medicinas designadas por “alternativas” não deveriam ser menosprezadas e inferiorizadas. Uma conclusão é óbvia: chegou a altura de deixar “a falar sozinhos” os corporativistas que defendem que “medicina só há uma, a ocidental e mais nenhuma”, e estudar, em conjunto e colaboração, as várias medidas terapêuticas que podem beneficiar, do ponto de vista biológico, psicológico e social, as crianças e suas famílias. É bom admitirmos que não sabemos nem dominamos tudo, e que a separação do trigo do joio passa por reconhecer que há trigo e que há joio. Na medicina “alternativa”, mas também na “ocidental”.
Moda ou necessidade?
Medicinas Alternativas?
Complementares? A discussão é grande e a polémica tem feito correr rios de tinta, envolvendo os mais altos órgãos de soberania, as instituições profissionais e os leigos. Não adianta “tapar o sol com a peneira”, nem emitir juízos de valor sobre uma prática que, como todas, terá os seus pontos positivos e os seus aspetos menos bons – o que interessa é ver, numa abordagem científica, qual o interesse, a eficácia e a eficiência desta medicina, se o seu posicionamento é “alternativo” ou “complementar” relativamente à medicina “médica”, bem como saber um pouco mais dos “quês” e “porquês”, dos “quem” e dos “quandos”. Até porque, sob a designação “alternativa”, encontram-se coisas tão diversas como comprar de vez em quando um chá de tília ou submeter-se a acupunctura regularmente. Uma área em franco crescimento.
Não existem dúvidas de que a medicina alternativa está a tornar-se cada vez mais popular no hemisfério Norte. Em Portugal, os dados permitem saber que cerca de um em cada seis portugueses revela ter já utilizado as terapêuticas alternativas, nas duas semanas anteriores a serem inquiridos e pelo menos um em dois, ao longo da sua vida.
No entanto, apesar da crescente procura da medicina alternativa em Portugal, há um relativo “ vazio legislativo” sobre esta matéria, o que permite o exercício desta medicina por pessoas não qualificadas para tal.
O reverso da medalha
Claro que nem tudo são “rosas”, nem chazinhos de camomila. É necessário as pessoas estarem alerta para a existência de muitos charlatães nesta área, e que o arrastar de alguns problemas pode trazer riscos para a saúde, não apenas pela acumulação de medicamentos dos dois tipos (com efeitos colaterais cumulativos), mas porque há diagnósticos que podem ser protelados.
A abertura de espírito e a análise científica das vantagens e desvantagens, eficácia e eficiência das várias práticas médicas poderá separar o trigo do joio e contribuir para o objetivo final de qualquer prática médica: ganhos em saúde e em bem-estar para os utentes. Complementaridade sim. Atitudes fundamentalistas do género “eu é que sou o dono exclusivo da verdade”, não.
O caso particular da Homeopatia
A Homeopatia, em particular, é uma verdadeira Medicina Natural, Complementar à Alopatia, Integrativa e Holística. Daí que faça cada vez mais sentido falar em Medicinas Complementares, que contribuem globalmente para a Saúde do Paciente. Os benefícios são mútuos quer para o paciente, quer para o médico ou profissional de saúde que o acompanha. Assim, neste contexto, importa abordar estes temas sempre numa perspetiva de Complementaridade.
Portugal está felizmente a mudar no que concerne aos hábitos e cuidados com o seu estado de saúde e o acesso à informação é cada vez mais democratizado graças às novas tecnologias de informação como a Internet, pelo que as Medicinas designadas, de Alternativas são cada vez mais procuradas.Esta realidade é uma boa notícia nos tempos de “crise” que correm.
Outra questão interessante que contraria a regra do ponto de vista legal é a Homeopatia. Esta Medicina está, ao contrário do que se possa pensar, regulamentada e Portugal fez avanços legislativos consideráveis nesta área, apesar de não estar ainda ao nível de países como a Inglaterra e Alemanha, Brasil e Índia.É atualmente uma Medicina em franco desenvolvimento.Os profissionais formados em Portugal estão abrangidos pela Lei de Enquadramento das Terapêuticas não convencionais 71/2013, pelo que é seguro e legal confiar na prática clínica de um Homeopata qualificado e certificado para o exercício da prática clínica em contexto de clínica, consultório particular, centros de saúde ou ao domicílio.
Em suma, já é altura de trabalhar em equipa e separar o trigo do joio.Para o bem do Paciente e afinal para o bem da Saúde dos Portugueses.
BIÓLOGO E TERAPEUTA ESPECIALISTA EM HOMEOPATIA
in REVISTA PROGREDIR | DEZEMBRO 2013
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