Por Carlos Lourenço Fernandes
in REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2013
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A tensão útil da bondade sempre ameaçada pelo outro, o outro encerrado na alma negra de cada um, o outro, o ser maldoso. Fazer prevalecer a excelência e o valor nas atitudes, comportamentos, atos, momentos e ditos. E que não se pode confundir com o moralismo imperativo, inútil e inculcado na generosa condição humana quando se afirma em nascer. Tensão útil nas que percorre, em resultado dominante, em resultados visíveis, o percurso da humanidade. Percurso feliz, mas, sofredor. A bondade, a qualidade do que é adequado e justo, não se organiza, atenta e vigilante. Transporta boa-fé: a maldade organiza conspiração, intriga, insídia, injustiça e ignomínia. Trabalha, em permanência, para fazer sofrer. Mas, a tensão útil, o instinto de sobrevivência humana, percorre vitórias consistentes. No mais absurdo campo de concentração, existiu sempre o guardião amigo e bondoso. E denunciou a maldade, a abjeta e desprezível maldade. A virtude supera. Progride e, em espontaneidade, provoca avanço, benevolência e felicidade.
O sorriso bondoso constrói poesia nas faces, nos rostos. O cinismo, a hipocrisia, convoca a tessitura rugosa, a rejeição (mesmo que sob máscaras de beleza primeira), a antipatia. A reserva. O cuidado acrescido. A renúncia. A bondade constrói emergências e erupções de beleza verdadeira. A interior que, afirmando-se, projeta-se em peles e superfícies exteriores convocantes de empatia, sedas, tecidos esvoaçantes, brisas morenas e caldas, aromas de permanência. Tudo reconhece a vantagem de prosseguir a tensão útil da bondade. Praticar bondade, praticar a justiça, é caminho difícil, mas melhor caminho. A estação terminal da bondade chama-se envelhecer bem. Percorrer a estrada da vida em companhia consistente de bem-fazer. A bondade significa o despojamento, o desprendimento material, a paz e sabedoria, o espírito de infância, a serenidade. A maldade é companheira do mau envelhecimento, aquele que se inicia quando o acessório (e inútil) prevalece, tem primazia, sobre o essencial. O bom envelhecimento é aquele que onde nos sentimos prontos e melhor preparados para viver. A maldade é deterioração. Degradação. A perda de frescura e graça. A maldade é a indiferença da alma. Pobres, os maldosos. A bondade organiza a juventude ao longo dos anos. O belo, porque é bom, transforma o percurso em glória e alegria.
A maldade enruga a pele. Obriga a silicones violentos na busca da adequação que não se alcança. Dar o mais possível de coração bondoso é trabalhar na alegria. Na aleluia permanente. Com a bondade, a velhice assume dignidade, beleza e quietude tranquila, verdadeira. No fundo, envelhecer trata de morrer em boa saúde. E. boa saúde, é tradução de saúde física, mental, social (as boas interatividades) e espiritual (a prevalência das virtudes).
Professor, Escritor, Conferencista
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REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2013