in REVISTA PROGREDIR | AGOSTO 2016
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
O que decidimos fazer nestas situações tem implicações sobre todo o nosso sistema, pois estando os fatores acima referidos interligados, uns têm influência nos outros, quer positivamente quer negativamente.
E conseguiremos realmente ouvir o que nos está a ser dito? Agiremos nós de acordo com o que ouvimos?
O movimento iluminista que se iniciou no século XVIII originou uma sobrevalorização da racionalidade, ensinando que a lógica deveria imperar sobre qualquer outro aspeto.
Assim, e como resultado desta doutrina, outros aspetos, tais como as emoções e a intuição, tornaram-se “elementos de segunda”. Passámos então a ser ensinados a “fazer ouvidos de mercador” a tudo o que não fosse possível explicar de forma racional.
Apesar disso, certamente o “leitor” concorda que por vezes temos necessidades que consideramos não fazer sentido, e como não existe uma “razão lógica” para a sua existência, muitas vezes ignoramos os alertas que o nosso sistema emite.
Se existem situações, nomeadamente a nível físico, que prestamos atenção, provavelmente por uma questão de sobrevivência e outros motivos biológicos, ouvindo-se expressões como: “preciso comer um bolo, devo ter os níveis de açúcar em baixo” e “hmm… isso agora não acho que me vá cair bem no estômago”; outras situações existem, mais ligadas à forma como conduzimos a nossa vida, em que já não prestamos assim tanta atenção aos alertas do nosso sistema.
Quantas e quantas vezes tomamos decisões contra os nossos próprios instintos, levando-nos por caminhos que talvez a curto prazo nos tragam mais benefícios, mas que a longo prazo nos traz insatisfação? É o caso de escolhas profissionais, em que por vezes optamos por um trabalho que nos traz mais dinheiro e estatuto social, e depois anos mais tarde (se mais cedo não for) encontramo-nos frustrados e irritados por não gostarmos do que fazemos, chegando a surgir doenças do foro biológico (físico).
É o que acontece também em situações de mudança de carreira. Uma pessoa dedica satisfatoriamente a sua vida laboral a uma determinada área e a partir de certa altura sente vontade de mudar de área. No entanto, a pessoa resigna-se ao hábito que tem em trabalhar na área que o tem feito, pois mais uma vez pensa que não faz sentido, apesar de sentir vontade de o fazer, justificando-se por ser o mais racional.
Goste de si! Aprenda a ouvir-se! Se sente vontade de mudar de área é porque existe pelo menos uma necessidade sua que não está a ser satisfeita, procure saber qual é e a melhor forma de a satisfazer. Como é que pode descobrir essa sua necessidade? Fale consigo! Fale com o seu verdadeiro “eu”, não aquele que você construiu na sua vida em sociedade, mas o seu “eu” íntimo, aquele de quando está sozinho e em tranquilidade, muitos chamam-lhe “a criança interior”, pois à sua “criança” interessa-lhe divertir-se, explorar, relacionar-se harmoniosamente com os outros, no fundo, satisfazer as suas necessidades, sem pensar em obrigações ou em impressionar ninguém.
Já sei! Já sei! Muitos “leitores” neste momento estão a pensar: “Mas nós temos obrigações, não podemos largar tudo para seguir as nossas vontades”. Eu concordo com o “leitor”, mas faço-lhe uma pergunta: O que é que já fez para seguir as suas vontades e sonhos?
A sua “criança” também sabe que você tem responsabilidades, e ela própria não quer que largue tudo de um momento para o outro, pois algo fundamental para uma criança é o sentimento de segurança, que iria ser afetado se assim o fizesse. Ouvir a nossa “criança” não é fazer de repente uma mudança drástica nas nossas vidas, mas é sim traçar uma linha de orientação a seguir, no sentido de nos apercebermos o que está bem nas nossas vidas e aquilo que precisamos modificar para ficarmos felizes. Felicidade é saúde!
É desta forma que conseguirá ganhar controlo sobre a sua vida, caso contrário estará sempre sujeito à força das circunstâncias, perdido, sem saber para onde se dirigir. Não deixe a sua vida em mãos alheias, liderar a sua vida é liderar a sua saúde, pois é dessa forma que os fatores físicos, mentais e espirituais estão a colaborar em pleno e o seu sistema funciona no seu melhor.
Esta linha de pensamento é também válida a nível institucional, como por exemplo empresas. Cada um dos trabalhadores de uma empresa faz parte de um sistema, sendo que as suas necessidades são também necessidades do próprio sistema, pois para o sistema da empresa funcionar no seu melhor é necessário os trabalhadores terem as suas necessidades satisfeitas, situação em que a produtividade atinge o seu ponto máximo. Entenda-se então que comportamentos por parte de trabalhadores que levem a uma menor produtividade é um alerta do “sistema empresa” a informar que existem necessidades suas que não estão a ser satisfeitas, e que a sua saúde está em risco. Tratar das necessidades dos seus trabalhadores é tratar da saúde da sua empresa!
MEDIADOR FAMILIAR
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