Por Raquel Fonseca
in REVISTA PROGREDIR | JULHO 2020
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Colado desde que nasce a um padrão social, cedo o Ser Humano se faz escravo de uma mente coletiva. Possuidor de uma mente que tudo vê e ouve, este cérebro pensante, subtilmente é comandado por 95% de informações gravadas e acumuladas no subconsciente, que lhe permitem tudo menos ser livre.
Até haver um despertar de Consciência, somos (nas nossas ações) produto de escolhas não genuinamente as nossas. Escolhas induzidas. Publicidades atrás de publicidades que discretamente ’gritam’ em looping que nada chega, incutindo e enraizando uma insatisfação patológica, fazendo crer que a liberdade que procuramos sentir, está sempre na Viagem que ainda não fizemos, na casa que ainda não temos e em todo o resto que ainda não conquistámos externamente. Sem se dar conta, o Ser humano afasta-se cada vez mais de si próprio, da sua essência e transforma-se gradualmente num reservatório ansioso. Uma esponja alimentada pelos estímulos do exterior, num ciclo crescente e vicioso.
A verdadeira Liberdade já é intrínseca a cada Ser humano. Não se tem por isso que aprender a Ser livre, mas sim saber romper todas as cordas com as quais inconscientemente a pessoa se amarra a si própria.
Ser livre implica render-se ao desconhecido, sem padrões e crenças que prendem em dogmas, criando a sensação ilusória de separação e limitação.
A coisa mais difícil, por incrível que pareça, é conseguir lidar com a profunda liberdade que em essência já se É, por isso, o Ser Humano tem quase sempre tendência a boicotar-se neste processo. “Pássaros que são criados em gaiolas desconhecem o poder das suas asas e acreditam que voar é uma doença”.
Na sociedade mundana onde se (sobre)vive, programa-se o inconsciente, para que a viver numa imensa prisão quotidiana, as pessoas acreditem que são livres. Assim, quem vive para um mundo externo, vive programado pelos estímulos que subtilmente tudo decidem. Não é por acaso que tudo o que corre num ecrã — seja da TV, seja dos computadores — se chamam 'programas'. Programas que decidem pela pessoa: o que é melhor, o que é o certo e o errado, o que é o bom e o mau, o que se deve fazer e comprar. O programa que faz esta “lavagem cerebral” está em tudo o que a mente perceciona. Nas cores, nas músicas utilizadas, na forma como as notícias são dadas, na sequência de imagens, nas palavras utilizadas e na forma como são ditas, nas horas a que dão e no número de vezes que são postas a rodar. Tudo isto é feito por forma a ser bem gravado pela mente que, consoante o que vai absorvendo vai comandar a forma de pensar e consequentemente formatar a pessoa a agir em comportamentos esperados pelo sistema e induzidos.
Só através de uma auto-observação consciente é possível perceber e detetar tudo isto. E, quando esta consciência acontece, eis que se mostra finalmente o portal para a verdadeira Liberdade. Até lá, todos os Seres humanos são reféns em si mesmos, por camadas condicionantes em cima de camadas.
A Liberdade não se vê, sente-se. E é preciso parar sair da dormência e Sentir.
Viver em Liberdade? É viver na coragem de se manter fiel a si mesmo, assumindo também a sua fragilidade e vulnerabilidade como condições humanas sagradas. É possível Sentir absolutamente TUDO aquilo que a vida convida a experienciar, sem nunca se deixar para trás a Consciência da liberdade que significamos e somos.
Viver em Liberdade não é viver fora de uma prisão ou estar fora de um sítio fechado. É muito mais do que isso. É morar num corpo consciente de tudo o que acontece em si e através de si, em atenção plena e amor. É estabelecer interação com o meio e simplesmente ser aquilo que na essência se É. Não se limitar. Somos a única espécie de Seres Vivos no planeta dotada da capacidade de fazer escolhas. Eis a maior prova da Liberdade que Somos. E é precisamente aqui que reside a beleza de viver neste mundo dual.
Ser livre?
É ser autêntico.
na forma como se vive,
na forma como se sente.
Assim é respirar...leveza.
Assim é… viver em amor.
Liberdade não é fazer tudo o que se quer, mas sim atrever-nos a Ser simplesmente quem somos.
Como ir ao encontro desta Liberdade interior?
Não forçar nem fazer nada em esforço. Parar. Sentir tudo, sem bloquear nada, sem fugas, mesmo que o que vier se mostre difícil.
É nesta aceitação e na não rejeição do que surge, que todo o desbloqueio começa. De repente, neste processo, a busca cessa e já é a própria Liberdade que se quer tornar consciente em nós.
É um encontro maravilhoso de auto descoberta. Uma fusão perfeita entre o simplesmente ser do Ser Humano, com o fluxo de energia que tudo É, tudo move e tudo torna possível.
Quem vive amarrado à espera que a Liberdade se mostre para se sentir livre e feliz, será um eterno refém nas suas próprias cordas. Viver em Liberdade é viver em amor, sem cordas e diretamente do coração. Só quem vive assim prova o verdadeiro sabor da vida.
TERAPEUTA
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