in REVISTA PROGREDIR | JULHO 2020
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
O coitado do homem ficou, desta vez, muito perturbado com o desespero do bicho. A angústia e a tristeza do papagaio não saíam da cabeça do bom homem.
Um dia soube que o amigo, dono da ave infeliz, ia viajar e engendrou uma maneira de entrar na casa dele. Lá dentro foi direto à gaiola do papagaio e com um sorriso na boca e no coração, abriu a porta para, finalmente, o papagaio poder sair e desfrutar da sua tão desejada Liberdade!
O papagaio ao ver a porta aberta agarrou-se às grades no fundo da gaiola com um ar aterrorizado e gritou atabalhoadamente: “liberdade, liberdade…”
Vamo-nos colocar no futuro. Pode ser 20, 30, 40 anos à frente. Somos velhotes. Vamos fazer, inevitavelmente, um balanço sobre a nossa existência.
As questões que nos vão assombrar são: como vivi eu? Vivi com a intensidade que quis? O que é que conquistei? Vivi todas as aventuras que me fizeram estar acordado horas e horas com o coração a bater mais rápido? Amei o suficiente? Abracei todos aqueles que queria abraçar? Dei tudo o que tinha? Ajudei os que precisaram? Aceitei a ajuda dos outros em momentos delicados? Perdoei as fragilidades dos outros? Perdoei-me pelas minhas escolhas? Em que é que eu consegui melhorar, enquanto ser divino? Que legado deixo na Terra?
Sintetizando, perguntaremos; estou em paz para encerrar este ciclo de vida?
Por norma, as respostas a essas questões são dececionante. O silêncio responde a muitas destas questões, enquanto o nosso rosto perde o sorriso e o brilho. ‘E se?’ ‘E se eu tivesse sido mais louca, mais espontânea, mais corajosa, mais livre? E se eu tivesse dominado o meu medo, a minha insegurança? Tudo teria sido diferente…
Deixei que as opiniões dos outros guiassem o meu destino, ou melhor, eu permiti que os outros tivessem esse poder sobre mim. Deixei de lado a minha responsabilidade pessoal, por isto ou por aquilo, mas sim, fui eu que permiti. (Uma não escolha é também uma escolha). Ai, se eu pudesse voltar atrás!’
Nessa altura, vai ser tarde.
Sabemos que há, em nós, formatações que são difíceis de superar. São ancestrais. Temos ultrapassando algumas, é certo, mas será que homens e mulheres sentem quase a obrigação de serem… normais?
Temos de casar antes dos 30 anos! ‘Vamos ficar para tias! As minhas amigas já casaram e eu fiquei para trás!’ Depois, temos que ter filhos porque as primas já tiveram. Mais, temos porque temos que construir uma carreira brilhante, mesmo que isso nos custe vários sacrifícios, por norma emocional. Porque é que eu tenho de? Onde é que isso está escrito? Porque é que temos de ter uma vida idílica? Porquê?! Que exaustivo, deuses! Que loucura! A nossa vida raramente é perfeita e se for é porque estamos em paz com o passado e com o presente. Algum de nós está?
Os filhos vão crescer e voar; a carreira acaba aos 65 anos e depois?
Depois, restamos nós…
‘Era suposto sentir-me realizada? Mas não sinto. Só sinto que falta algo mais.’ Faltamos nós!
Quantas e quantas vezes, nessa altura da nossa vida ou noutras em que percebemos que estamos a fechar um ciclo, o vazio entranha-se e corrói a nossa vontade e até a nossa mente. Sentimo-nos perdidas. ‘O que é suposto fazermos daqui em diante? Quais são os objetivos agora? Novos objetivos, nesta altura?!'
Somos, de facto, seres estranhos; de forma consciente ou não, sonhamos com esta fase de teórica libertação (o entre empregos ou a reforma) para fazermos o que nos desse na real gana, verdade?!
Somos livres! Finalmente, somos livres!
… mas o que fazemos com essa Liberdade? Pouco.
Somos todos os papagaios fechados nas nossas gaiolinhas douradas que ansiamos, mais uma vez, de forma consciente ou não, por mais. Queremos tanto a liberdade, mas quantos de nós a vive genuína e plena?
A Liberdade é irmã da Responsabilidade.
A Liberdade, como qualquer outro ato, tem sempre repercussões, e isto assusta-nos.
Sair de uma relação tóxica e abrir os braços à vida aproveitando novas oportunidades… quantos de nós fazemos isso? Alguns, sim. Alguns heróis que superaram a curva do medo.
Medo - o arqui-inimigo da Liberdade
Ridículo - o arqui-inimigo da Criatividade
Segurança - o arqui-inimigo da Expansão da Alma
Reparemos, todos queremos ser bem-sucedidos, saudáveis, serenos, amados, mas, quantos de nós se entregam e vivem nessa frequência vibratória em consciência e de coração? Poucos. Queremos ser amados, mas construímos muros, ‘não vá eu magoar-me’. Queremos ser elegantes e saudáveis, mas mantemos os mesmo hábitos alimentares e o ‘nhofe’ sentado mais de uma dezena de horas por dia.
Este querer está apenas no plano das ideias. Então as ações, a vontade, a disciplina? Bom, isto seria matéria para outro texto.
Mulheres e Homens deste mundo, temos tudo a aprender acerca do que é a verdadeira Liberdade, porque a Liberdade talvez seja termos estes compromissos e prioridades que nos preenchem o dia e a vida, mas ainda assim, sabermos que podemos mudar tudo no momento que quisermos.
Eis, talvez, a tangível Liberdade…
TAROT & LIFE COACHING
www.tarotdeisis.com
www.facebook.com/VeraXavierOficial
[email protected]
in REVISTA PROGREDIR | JULHO 2020
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)