Por Maria Gorjão Henriques
in REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2022
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Tudo o que acontece na nossa vida é criado por nós com o objetivo de contactarmos com a informação que está guardada, registada e aprisionada dentro de nós, por memórias e condicionamentos de outras vidas, por memórias e condicionamentos transmitidos de geração em geração na nossa família de origem, por memórias e condicionamentos vividos na nossa vida útil desde a infância até agora.
Entender e perceber que cada sentimento de injustiça, acontecimento, ato, experiência e a sua respetiva sensação no nosso corpo físico e emocional fazem parte de um cenário mágico que atraímos e cozinhamos com o objetivo de nos oferecer mais uma oportunidade de trazer à luz o que grita por ser reintegrado, reconhecido e amado dentro de nós é o que distingue a predisposição de cada ser humano para a construção da sua felicidade.
Na verdade, estamos a falar de conteúdos psíquicos que foram recalcados ou enviados para o inconsciente num passado longínquo ou recente que, por não serem compatíveis com a nossa supervisão, por criarem dor ou medo de serem enfrentados, por receio de não estarmos à altura, por medo de não sermos amados levaram-nos a dizer sim aos outros e não a nós próprios.
Nesse mesmo momento entramos em desconexão e dissociação connosco e perdemos a capacidade, a força e a coragem de sermos leais a nós próprios, de seguirmos com a nossa verdade e de ousar experimentar a nossa verdade interior.
O sentimento de injustiça que experimentamos com a Vida não é mais do que o vazio de vivermos dissociados dos nossos valores internos, do nosso conceito interno de justiça e onde a traição que praticamos por nós se reflete diretamente no exterior e aparece espalhada através da sensação e frustração que sentimos no contato com o outro ou com as circunstâncias que o nosso inconsciente constrói. Tudo com o propósito de voltar a vincular com o que de essencial precisa de ser resgatado e reintegrado.
O tipo de vida que todos vivemos hoje em dia com as redes sociais através do fazer e ter em vez do Ser, cria um vazio de Amor e espelha a falta de profundidade, responsabilidade e compromisso que existe para connosco próprios, virtudes essenciais para o nosso desenvolvimento espiritual.
Por fuga, aprendemos a ir buscar fora de nós a falsa ideia de segurança e felicidade porque também fomos educados para competir e estar à altura das expectativas que são colocadas sobre nós, forçando ainda mais o nosso desejo interno de cumprir e sermos perfeitos.
O alimento que nasce do estilo de vida que vemos acontecer à nossa volta através por exemplo das redes sociais é um reflexo claro desse desejo de vidas edílicas e da projeção de imagens arquetípicas em que passamos a acreditar, como crianças humanas, que os outros já estão nesse patamar, acabando por projetar dentro de nós e alimentar dentro de nós esse mesmo engano.
O sentimento de injustiça resulta naturalmente do vazio que nasce da ausência desses valores essenciais como a responsabilidade, o compromisso, a coerência e a verdade.
A Vida é maravilhosa porque nos ensina o que precisamos de saber momento a momento através das sensações que vamos experienciando.
Enquanto sentirmos esse vazio, injustiça, traição e outros sentimentos que nos provocam dor e que nos afastam desse lugar de pacificação interna, poderemos sempre parar e perguntarmo-nos a nós próprios:
- que parte de mim se sente excluída?
- que parte de mim está a viver no lugar que não é o meu?
- que parte de mim está a dar mais do que esta capaz para receber?
O convite para a vivência da nossa verdade interna acontece através do mergulho na quietude e na pacificação do nosso mundo interno. Só assim nos encontraremos, nesse silêncio interno, que nos permite escutar, observar, ver e sentir a verdadeira magia que brota de dentro de nós. A Vida e o Amor.
PSICÓLOGA, TERAPEUTA, PROFESSORA E FACILITADORA DE CONSTELAÇÕES FAMILIARES, FUNDADORA E CEO DO ESPAÇO AMAR, FUNDADORA E CEO DA CONSCIÊNCIA SISTÉMICA EM PORTUGAL, MENTORA E ORGANIZADORA DO I E II CONGRESSO INTERNACIONAL DE CONSCIÊNCIA SISTÉMICA
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in REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2022
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