Por Joana Costa Meira
in REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2018
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Julgamos que sabemos, julgamos que queremos, julgamos que conhecemos, pedimos que não nos julguem e, até assim, estamos a julgar!
A vida do dia-a-dia corre cheia de pressa e, pelos intervalos, lá vamos nós julgando, aqui e acolá, este ou o outro.
O que nos faz perder o nosso precioso tempo (que parece cada vez mais escasso!!) nesta tendência que nos envolve e absorve de querermos controlar tudo e todos, de querermos colocar o nosso mundo ‘à força’ em mundos que, muitas vezes, nem são os nossos?
Engraçado, não é? Queixamo-nos do tempo, mais precisamente da falta dele, do pouco tempo que temos, mas, nem assim, paramos de tentar opinar em relação a este nosso mundo e até outros que podem ou não existir!
Olhamos para a pessoa e já não vemos a pessoa, vemos o comportamento que julgamos!
Olhamos para um desafio e não fazemos por procurar uma solução, julgamos e opinamos com o nosso melhor vocabulário acerca do que foi ou podia ter sido (normalmente entre o mau e o péssimo).
Estamos com alguém e, já não criamos empatia, já não sentimos o que ela sente, julgamos o que ela sente e descrevemos sim, como se ‘deveria’ sentir.
Baloiçamos entre provas e provações, entre julgamentos e opiniões que nos desgastam e colocam um filtro tão pesado nestas nossas vidas.
O que estamos a ganhar com estes comportamentos?
O que ganhamos quando nos cobramos, quando nos impomos, quando tiramos partido, quando aplaudimos e somos a pancadinha nas costas’?
Quando condenamos e desvalorizamos o que por nós passa, o que a nós chega?
Vivemos numa sociedade em que tudo temos e nada nos satisfaz, numa sociedade em que as pessoas têm tecnologia, acessibilidade a tanta informação e, no meio de todas estas distrações, perdemo-nos do mais importante: Da aceitação. De nós.
O mundo que nos acolheu leva-nos hoje para longe de ‘nós’ e, talvez seja por este motivo, por nos encontrarmos perdidos (embora ocupadíssimos!!!) nesta viagem que é a vida que, quando temos oportunidade, numa situação ou relação que nos envolve, libertamos aquilo que, tantas vezes não conhecemos conscientemente.
Parece que, aproveitamos esses mesmos momentos para nos mostrarmos ao mundo e deixar sair aquilo que vamos acumulando e empurrando para baixo, o que vamos calando e preferimos não conhecer, não vá atrapalhar na rotina do dia-a-dia.
No fundo, estes julgamentos, talvez sejam o escape da nossa consciência, o nosso grito de alma a querer dar-se a conhecer, a querer mostrar-nos quão desalinhados andamos com a nossa essência, com o que nos move!
Talvez pudéssemos escutar e agradecer em vez de contrariar e julgar o que de nós vem, o que de nós, nos chega.
Todos os dias acontecem situações e momentos que preferíamos que fossem diferentes ao julgar? Ao puxar pela minha veia do mal e colocar-me naquele estado inseguro-desconfiado-inflamável o que ganho com isso?
Julgamos os outros, o mundo lá fora e esquecemo-nos de como todo esse mundo, tudo aquilo que temos e vemos diante de nós, não é mais que o nosso reflexo.
Perdemo-nos nas críticas, quando nos poderíamos encontrar nesses mesmos critérios que tanto nos incomodam e fazem saltar a tampa!
Criamos estádios de frustração, alteramos comportamentos, tornamo-nos sisudos, tristonhos e inflamáveis, quando somos nós, quando é a nossa essência que se expressa em cada diálogo, em cada gesto, em cada relação.
Temos receio de não ser suficientemente bons, de não sermos suficientemente competentes, carinhosos e valiosos e, é esse medo que nos leva a reagir. É esse medo que nos leva a reagir!
A vida acontece, as situações mudam, os desafios transformam-se e nós reagimos.
Já ninguém responde, já ninguém se ouve. Só se reage.
Vivemos num piloto automático em que as escolhas já não parecem opção, em que tudo parecem ser deveres, preconceitos e suposições.
As nossas escolhas e as nossas decisões são quem nos guia, quem nos coloca no caminho.
Todos os dias escolhemos, em todos os momentos de cada dia tomamos decisões, mais ou menos conscientes, com mais ou menos interferência no nosso dia-a-dia, na nossa vida.
É num ‘sim’ ou ‘não’ que fazemos a diferença. É num ‘vou’ ou ‘não quero’ que entramos no barco ou saltamos fora.
Parece ser algo demasiado decisivo e importante para que deixemos de parte, para que votemos em branco e nos ponhamos em jeito de seguir numa viagem que não é a nossa.
Fluir é deixar ir. Que seja essa a tua escolha, deixar ir, que seja escolha ir ou não ir.
É ao ouvirmo-nos, ao seguirmo-nos, ao respeitar o que em nós grita que fazemos a verdadeira escolha, a escolha que acalma o coração.
Quando paramos e tomamos consciência de nós, quando nos conhecemos e nos respeitamos, será isso que vamos refletir em cada gesto, em cada sorriso, em cada momento.
Quando nos permitimos ser nós, sem condenações e julgamentos, damos espaço à aceitação e amor. Acolhemo-nos e temos compaixão por nós, como de se de outra pessoa se tratasse. Somos amor e transbordamos amor. Quando assim é, o julgamento dá lugar à aceitação, ao abraço.
Julgar é uma estratégia. Julgar é uma ferramenta. É espelho de nós, reflexo no mundo.
Julgar pode até ser inevitável, mas, que depois de hoje, jamais deixe de ser consciente. Que julgar seja, depois de hoje, passo no caminho da aceitação, que seja lição que virou bênção.
Que o julgamento a partir de hoje, a partir de agora, seja aceite e que dele consigamos tirar o melhor fruto e sabor. Que, dessas sementes nasça a planta mais forte e vivaz, nasça a árvore que se verga quando precisa de mergulhar no rio para dele se beber e, que a mesma árvore seja capaz de se erguer e se abrir aos céus para se aquecer quando o Sol parecer não chegar a terra firme.
ENFERMEIRA, LIFECOACH, PRACTIONER DE PROGRAMAÇÃO NEUROLÍNGUISTICA
E CRIADORA DA MISSÃO PICK A DREAM
www.pickadream.pt
www.instagram.com/pickadream.joanameira
in REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2018
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