in REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2016
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Mas e quando a reconciliação tem de ser connosco mesmos? Este é, talvez, o maior desafio de todos. Não fomos propriamente ensinados a perdoarmo-nos com a mesma eficácia com que perdoamos os outros. Crescemos a ver os nossos erros apenas como isso e somos incentivados a exigir sempre mais de nós, rumo à perfeição.Quando erramos tendemos a culpar-nos, quando sofremos uma desilusão fechamos o coração, quando somos enganados tornamo-nos desconfiados, e por aí adiante. Criamos capas que se vão sobrepondo ao nosso ser e essência e vamo-nos esquecendo de quem somos. Mas não julgamos, aprendemos a não julgar, afinal a vida é dura e injusta; a vida é mesmo assim.
E assim, aprendemos menos a perdoarmo-nos e mais a seguir em frente. Tapamos os “acidentes de percurso” com capas e tornamo-nos cada vez menos autênticos, mais blindados às emoções mas aparentemente mais fortes. Até que um dia, cai tudo por terra. Acordamos com a respiração ofegante e um aperto no peito, sem entender bem porquê. Porque sentimos aquele aperto no coração? Afinal, a vida até corre bem, o quotidiano está controlado, não temos inimigos conhecidos e somos intelectualmente desenvolvidos. Mas está ali qualquer coisa que nos magoa e nos impede de sermos mesmo felizes.
Procuramos por remendos exteriores que possam colmatar essa falta: televisão, álcool, tabaco, compras por impulso, relações fugazes, vale tudo! Mas a solução tarda em aparecer. E quando os remendos exteriores se esgotam em si, simplesmente paramos, e é aí que a solução, como que por magia, aparece. E percebemos que esteve sempre ali, em nós.
Simplesmente parar é outro ato de coragem, porque nos coloca frente a frente connosco mesmos. Deixamos de ter os remendos exteriores para nos esconder e percebemos que aquela dor é nossa para connosco. Mesmo que essa dor seja proveniente de situações fora de nós. Situações que, na maior parte das vezes, estão fora do nosso controlo. É por isso que é inevitável que, em vários pontos da nossa vida, erremos, sejamos enganados ou magoados. Mas o que essas situações fazem de nós, já é uma escolha. É aí que podemos fazer a diferença. Podemos deixar que as situações nos definam ou podemos aprender o necessário com elas e seguir em frente. Não é fácil, mas aprendera perdoar e reconciliarmo-nos connosco mesmos é a única solução para muitas das nossas dores. E enquanto não o fizermos, elas vão acompanhar-nos e minar a nossa felicidade, por muitas coisas boas que aconteçam à nossa volta.
Por isso hoje, pára. É urgente a reconciliação. Perdoa e faz as pazes contigo. Não deixes mais que as dores do passado definam a pessoa que és. Aprende o necessário com elas e deixa o resto. Por uma vida mais feliz.
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in REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2016
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