
Por Pedro Melo
in REVISTA PROGREDIR | JULHO 2015
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
No que respeita a falar da gestão financeira, integrada na saúde da família, destacamos aqui um modelo de referência que ajudará os leitores a perceber a importância de investir em tolerância para o bem-estar familiar. Uma autora de um Modelo direcionado para a saúde da Família e Doutorada em Enfermagem, Henriqueta Figueiredo, indica que nas famílias há vários papéis a desempenhar pelos seus membros, sendo que dois deles estão diretamente ligados às finanças: O papel de provedor (as pessoas que ganham o dinheiro) e o papel de gestão financeira (as pessoas que gerem os custos/despesas). Para o desempenho eficaz dos papéis familiares tem de haver equilíbrio e respeito pela importância de cada elemento da família como um contributo fundamental para a sua saúde como um todo. Assim, os elementos que desempenham os papéis que indiquei devem ver-se integrados num contexto de diálogo claro, transparente e de confiança com os restantes membros da família. Só num contexto de pura confiança mútua se conseguem atingir níveis de tolerância para uma adaptação a uma crise financeira.
Como caminhar para a tolerância e fazer face a dificuldades financeiras? Deixamos aqui três conselhos:
O primeiro conselho é o diálogo. A comunicação é um dos primeiros passos fundamentais para se conseguir resultados. O “gestor financeiro” da família deve ter uma grande capacidade de escuta e ouvir os desejos dos membros da família, integrando esses desejos num quadro de negociação face às prioridades da família num momento de crise. Os membros da família devem entender que, se naquele momento não é possível ter despesas com os seus desejos, isso não significa que não é atribuída importância aos seus objetivos e à sua felicidade. Num quadro de negociação, devem ser colocados na mesa todos os argumentos e tomada uma decisão harmoniosa face às despesas que podem ser tidas naquele momento. Fomentando a confiança é muito mais fácil obter a tolerância face a restrições… O Amor é um excelente mealheiro de tolerância em momentos de crise financeira.
O segundo conselho é fomentar a criatividade na família. Conseguir ter momentos de felicidade em família não implica necessariamente ter grandes despesas… Existem muitas formas de, por exemplo, ter momentos de lazer em família, poupando nos custos:
- Fazer sessões de cinema em casa (integrando uma “bilheteira” à porta da sala, servindo pipocas e refrigerantes) escolhendo um filme nos clubes de vídeo disponíveis, permite poupar muito dinheiro e manter o ambiente favorável a quem gosta da sétima arte (pode inclusive fazer-se no final do filme um debate em família sobre vários aspectos relacionados com o filme, desde críticas a lições que o mesmo trouxe);
- Com a melhoria do estado meteorológico, fazer um piquenique em família é muito mais económico que ir almoçar a um restaurante e permite usufruir da liberdade do espaço, dos horários e das actividades escolhidas para fazer em família;
- Está decerto a ter mais ideias neste momento, é esse o caminho…
O terceiro conselho é promover a objetividade face à gestão financeira. A Família pode adquirir por exemplo, uma agenda e nomeia um elemento da família para diariamente escrever as despesas da família, bem como o capital disponível em cada dia. Desta forma, quando o gestor financeiro reunir com a família para fazerem a negociação para o mês seguinte, não haverão surpresas, já que todos os elementos da família participaram ativamente na discussão das questões financeiras. Mesmo as crianças devem ser envolvidas no preenchimento desta agenda (um rebuçado ou uma carteira de cromos pode ser uma despesa menor, mas deve ser encarada como tão importante como as contas da luz e do gás). Esta participação de todos, não só vai permitir a cada um percepcionar a sua importância, como também facilitar a tolerância na negociação, quando confrontado com as despesas do todo.
Comunicação, criatividade e objetividade são três elementos centrais para obter juros de bem-estar, investindo em tolerância no mealheiro do Amor.
Boas poupanças.

PROFESSOR NA UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA (ICS – PORTO)
ESCRITOR
www.facebook.com/escritorpedromello
in REVISTA PROGREDIR | JULHO 2015
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)