
Por Cris Ferreira
in REVISTA PROGREDIR | JULHO 2013
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A inovação não está confinada ao objetos e produtos, está também presente nas relações humanas. Por vezes os pais comentam que todos os dias têm de “inventar” situações para educar os seus filhos… Quando o fazem estão também a tentar inovar a sua forma de transmitir informação e emoções aos mais pequenos. Mais recentemente, possivelmente como consequência de um modelo social que chegou a um beco sem saída, surgiu a expressão “inovação social” para identificar teorias, modelos, processos ou metodologias que visam provocar alterações no modo como encontramos soluções para os problemas sociais que estão a emergir e que afetam a nossa relação connosco, com os outros e com o ambiente. Em termos sociais a inovação começa a emergir nesta União Europeia perdida num modelo politico, social, económico e financeiro que parece já não conseguir dar respostas às necessidades e aspirações do Europeus.
Quando estudamos permacultura ou desenvolvimento sustentável, a inovação é algo muito interessante porque observam a Terra como um sistema holistico. Mais do que criar algo novo, tendemos a olhar o que nos rodeia, aprender e projetar novas soluções, ou usos, a objetos ou situações sociais que já conhecemos. É uma filosofia que encontra soluções de dentro para fora e não o inverso, como tem sido apánagio nas últimas décadas movidas pela sociedade do consumo.
Assim sendo faz todo o sentido em falar em “reciclagem criativa” como um processo que permite a tomada de consciência individual e coletiva para promover a mudança de comportamentos e hábitos de consumo e, simultâneamente, criar novos objetos ou usos de objetos já existentes. E melhor, podemos fazê-lo de forma criativa, lúdica e com um propósito útil para o individuo; porque cria algo de que necessita para si; para a sociedade porque cria algo que pode ser útil a mais pessoas ou a uma comunidade; ao planeta pois reduz a “pegada ecológica” humana.
Mas o que é a “reciclagem criativa”?... Bem… não é nada de inovador enquanto conceito mas o seu resultado tem surpreendido e deslumbrado muitas pessoas, e torna-se num catalizador de formas de expressão criativa e empreendedora humana. Algo que numa sociedade onde tudo nos é “dado” com facilidade nós “adormecemos” essa nossa grande e preciosa faculdade.
Reciclagem criativa é, por exemplo, transformar caixas de pizza em telas para pintar, paletes em camas ou sofás, ripas de madeiras em réguas, caixa da fruta e gavetas de um ármario velho em estantes e prateleiras, pneus em vasos ou bancos, etc…
Fazendo uma pesquisa pela internet, todos os dias aparecem novas soluções úteis, lúdicas e, nalgus casos, impressionantes.
O poema “Pedra Filosofal” de António Gedeão termina da seguinte forma:
“…Eles não sabem, nem sonham,
Que o sonho comanda a vida,
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.”
Dedicar tempo à pesquisa de soluções úteis, funcionais, de baixo custo e bonitas de reciclagem criativa mostra-nos que o espirito solidário e empreeendedor do Ser Humano, quando observa o que o rodeia com um olhar de criança, consegue transformar tudo, para melhor, à sua volta.

WAKESEED – Sustentabilidade e Desenvolvimento Pessoal e Comunitário
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REVISTA PROGREDIR | JULHO 2013