Por São Luz
in REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2018
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
O apego perpetua a ilusão da imutabilidade, contrária à ordem, à beleza e harmonia do Universo, onde nada existe em separado. O apego à forma deriva do medo do ego que, na sua tentativa de nos proteger do sofrimento, procura manter-nos em segurança, evitando situações mais ou menos desconhecidas, que nos deixem à mercê de fatores que poderemos não controlar. Tentará, por todos os meios, manter a previsibilidade, continuidade e estabilidade dos processos. Tentará também garantir a permanência da noção de realidade enquanto experiência percebida pelos órgãos dos sentidos, inconsciente de que essa realidade não é, de facto, a Realidade, mas uma representação interna, condicionada pelas vivências experimentadas pela personalidade e, como tal, necessariamente diferenciadas de pessoa para pessoa. Tal irá contrariar o Princípio da Unidade e despoletar o sentimento de separação que irá reforçar novamente o medo, reiniciando o ciclo.
Ao considerarmos a impermanência, transitoriedade e inconstância das formas ficaremos livres para viver o presente, único ponto no tempo em que a vida acontece, e convidados a exercitar caraterísticas como a entrega, a concentração, a alegria, a generosidade, a compaixão, a aceitação, o desapego, o contentamento. Poderemos vê-la também como um estímulo para sairmos da zona nossa de conforto e experimentarmo-nos em outras formas de expressão, mais criativas e conscientes.
Refletir sobre a impermanência é também refletir sobre a efemeridade das situações e a necessidade de relativizar a importância das condições que se apresentam na nossa vida – prosperidade e declínio, desgraça e fama, elogio e censura, sofrimento e alegria.
Todas as grandes correntes de pensamento, religiosas ou não, valorizam a importância do desapego e da consciência da inevitabilidade da mudança. O Budismo considera a impermanência (anicca) como a primeira qualidade caraterística do Universo.
Na Bíblia encontramos referência ao mesmo conceito quando lemos, p. ex., que existe um tempo para semear e um tempo para colher, um tempo para nascer e um tempo para morrer (Eclesiastes 3). O Hinduísmo considera que o ser humano possui aspetos permanentes e impermanentes e que, enquanto estiver preso aos fenómenos impermanentes, está sujeito ao sofrimento e ao renascimento. No entanto, quando voltar a sua atenção para a face permanente de si mesmo, será capaz de superar a impermanência e alcançar a libertação.
Lavoisier, considerado o pai da química moderna, no séc. XVIII, afirmou que na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Mas talvez seja a simples e direta observação da Natureza que, com mais facilidade, nos mostra este conceito a desenrolar-se a cada dia que passa.
Também a Astrologia, enquanto linguagem simbólica, nos ajuda a refletir sobre este princípio. Temos assim as propostas trazidas por Úrano, com as suas mudanças libertadoras e repentinas, mas também com o espírito de unidade e fraternidade; Neptuno com a dissolução dos limites e o desejo de fusão coletivo; Plutão enquanto princípio regenerador e a percepção de que nada na vida pode permanecer sempre igual, que a vida dá lugar a morte e que a própria morte é o húmus que alimenta a nova vida, seja ela entendida como ideia, circunstância, entidade, consciência ou Universo.
COACHING, DESENVOLVIMENTO PESSOAL E ASTROLOGIA
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in REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2018
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