Por Frederico Lucas
in REVISTA PROGREDIR | DEZEMBRO 2013
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Há milhões de famílias na Europa a deslocarem-se de bicicleta no seu quotidiano e que habitam casas pré fabricadas, em geografias com condições climatéricas mais adversas que a nossa.
Esta é uma pequena tendência que estamos a assistir nos países desenvolvidos. Um “regresso ao campo”, mas não à pobreza como aquela que conhecemos pelos relatos dos nossos avós.
São famílias novas povoadoras que deixam para trás as cidades em busca de um estilo de vida mais calmo.
Raras vezes alteram as suas áreas profissionais. Mantêm as suas atividades nas áreas de especialização, mas aplicam os seus conhecimentos em novos contextos económicos.
Um técnico florestal que abandona a área de cadastro que exercia em Lisboa para iniciar um projeto de extração e tratamento de resina na região Centro de Portugal, não estará a desvalorizar o seu conhecimento anterior, mas antes, a sustentar a sua nova etapa em investigação desenvolvida.
E este é o novo ciclo: aplicar a experiência e conhecimento da economia “urbana” ao serviço do bem-estar familiar e da dinamização do território rural.
Estamos na época da Castanha. O seu valor médio no produtor é de 2,5€/kg, sem qualquer transformação. Mas a comercialização em 2ª gama, como é o caso de compotas ou em bombons, faz disparar o seu valor para 20 a 40€/kg. Este exemplo é revelador do desperdício que vivemos em 80% do território nacional. Vendemos os produtos sem transformação nem marca, deixando a mais-valia para terceiros.
A crise traz consigo a reflexão. E com ela a reorientação de estratégias profissionais e familiares.
O rendimento das famílias nos territórios de baixa densidade é inferior ao rendimento urbano. Mas em contra ciclo, os depósitos das famílias nestes territórios rurais superam os valores médios da riqueza das famílias metropolitanas.
Tal ocorre porque o “interior” não dispõe de sistemas integrados de aspiração de riqueza familiar, como são os casos dos Centros Comerciais. O Rural LifeStyle é farto no tempo que dispomos para a família, mas contido em hábitos de consumo.
“Quando tenho um impulso consumista, saio de casa em direção à única mercearia que temos em Castelo Rodrigo e compro dois pacotes de natas. Para fazer chantilly!” Um comentário de Ana Berliner, proprietária do turismo rural Casa da Cisterna, que ilustra bem os condicionamentos ao consumo em contexto rural.
O sucesso migratório reside no conhecimento profissional que acumulámos e que nos permite ser úteis nas fileiras económicas nas regiões de baixa densidade, bem como nos serviços que poderemos continuar a prestar via online aos nossos clientes urbanos.
Em termos sociais, teremos de compreender que as nossas vilas rurais já existiam antes da nossa chegada, e vão continuar a existir depois da nossa saída.
No entretanto, cabe-nos a tarefa de dar o nosso contributo e de aproveitar a qualidade de vida que estas comunidades poderão emprestar à nossa família.
Que é, no final, a única “coisa” que conta.
COORDENADOR DO PROGRAMA NOVOS POVOADORES
EMPREENDEDOR SOCIAL PARA O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL
ORADOR MOTIVACIONAL NA ÁREA DO EMPREENDEDORISMO
in REVISTA PROGREDIR | DEZEMBRO 2013
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