in REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2016
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
A nossa história pessoal está plena de buracos negros. Zonas que não queremos aceder. Pessoas que nos traumatizaram. Episódios que não queremos lembrar. Acreditamos que se colocarmos uma pedra nesses momentos, ele ficarão esquecidos. E às vezes até somos bem-sucedidos.
O que acontece é que acabamos por viver em fuga. E nessa fuga, vamos perdendo oportunidades, abafando frustrações e corremos o risco de dar por nós a sentirmo-nos impotentes diante das circunstâncias. Podemos ter feito todas as terapias possíveis. Mas se não encararmos os nossos buracos e aprendermos a reconciliar-nos com eles, jamais poderemos caminhar inteiros. A nossa história pessoal não se coaduna com estes espaços vazios. Compreende-los é fundamental para que a nossa vida faça sentido. E devemos aprender a honra-la e a respeita-la. Só assim saberemos do que realmente somos capazes.
Perdoar aquilo que não tivemos. Perdoar a quem nos faltou. Perdoar as decisões que tomámos e que sentimos agora não terem sido as mais corretas. Perdoar a quem não nos soube nem sabe amar melhor. Tudo isto é extremamente importante para resgatarmos a nossa força, mas de nada vale se, no decorrer desse processo, não nos reconciliarmos com a nossa vida. E isso significa fazer algumas modificações na forma como contamos a nossa história. Por exemplo, começar uma frase por: “Se não me tivesse faltado X, eu teria de certeza alcançado Y.”, é fatal. Atira-nos para trás. Entrega-nos a sensações permanentes de frustração, revolta, tristeza, absolutamente corrosivas. E falar de perdão em algum destes contextos, soará a uma missão impossível e forçada. A menos que aprendamos a contar estes episódios de uma maneira totalmente diferente, de modo a retirar deles força e orgulho pessoal.
Contar a nossa história de vida passa por aceitar estes momentos como partes que nos constroem. Com as quais aprendemos e evoluímos. E em cada momento mau, há sempre outros bons que se revelam. A reconciliação faz-se com a certeza desta totalidade que nos acompanha todos os dias. Em todos os momentos. Em todas a decisões que tenhamos que tomar ao longo da vida. Será que podemos garantir que teríamos as mesmas competências se não fossem as nossas faltas? Será que conseguiríamos a mesma empatia com determinadas pessoas ou causas? E, vamos lá a ser sinceros: Será que não somos hoje muito mais interessantes e únicos?
Resumindo, eis as chaves para que possamos nos reconciliar com a nossa vida e vivermos com mais paz e amor próprio:
Passo 1: Tomarmos consciência de alguma emoção que persiste na nossa vida e que sintamos nos corta as asas. Insegurança, inveja, medo. Dar-lhe um nome.
Passo 2: Recordar na nossa vida onde aquela sensação possa ter começado. Relembrar um trauma. Um ressentimento. Uma desilusão.
Passo 3: Contar esse episódio, em voz alta para si ou escrevendo, começando a frase por:” Apesar de me ter faltado..., eu consegui…”
Passo 4: Perdoar esse episódio negro e ilumina-lo assim com outro desfecho.
Veja como se sente no final deste exercício. Olhe-se no espelho e avalie o seu olhar. Se se sentir mais brilhante, então terá conseguido reconciliar-se com uma parte da sua vida. Faça este exercício para outros episódios. E terá finalmente o gosto do perdão. A sua vida poderá então seguir em frente, rumo a outras aprendizagens e experiências. Contará agora com mais fluidez interior, maior respeito por si mesmo e muito mais amor para partilhar.
TERAPEUTA E COACH
www.sofiareiki.wordpress.com
in REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2016
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