in REVISTA PROGREDIR |DEZEMBRO 2019
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Todos nós num qualquer momento da vida desejámos ter a coragem necessária para ir mais além e/ou fazer diferente. Afinal, o que significa a palavra “Coragem” e como pode proporcionar-nos sensações de ânimo e de audácia.
Quando abordamos o tema, coragem é inevitável não falarmos do medo, questionando até que ponto a coragem é antídoto do medo. Enquanto seres únicos que somos desenvolvemos medos e crenças onde a coragem, inevitavelmente, se assume como uma “ação” que realizamos apesar do medo. Parece-me importante, por isso, que não se exclua uma da outra, ou melhor, o facto de existir medo não é por si motivo para que não tenhamos coragem e vice-versa. Será que quem tem medo não tem coragem? É necessário refletir quantas vezes somos forçados a agir apesar do medo.
Importa entender a coragem como “impulsionadora” que, para além do sofrimento, permite ao indivíduo experienciar sentimentos de ousadia e assegurar que no medo encontramos um forte aliado com uma função protetora, ainda que nos torne vulneráveis. Considero que a coragem não deverá assumir um papel desafiante dos limites e muito menos ser encarada como ilimitada. Assim, a coragem inclui responsabilidade e integridade, conduzindo ao desenvolvimento pessoal.
Entender o conceito de coragem é compreender a sua estreita relação com os princípios e valores éticos de cada um, perante a vida e a sua própria construção. Acredito que não existe um “modelo” de coragem, podendo este estar associado ao “primeiro passo para…” ou ”um forte sofrimento…”, no entanto, o ato não encerra em si uma visão singular. Na minha prática terapêutica, nas sessões de terapia familiar, o facto de a família chegar até nós e procurar ajuda é o reflexo de um ato de coragem. Também noutras situações, como saber lidar com a finitude e/ou doenças terminais que envolvem grande desgaste emocional, com equilíbrio, é demonstrativo do que chamamos de coragem.
Perante a adversidade a coragem assume muitas vezes um papel de relevo, no entanto, os seus feitos estão interligados com os resultados até então obtidos. Viver os momentos de coragem quando estes se apresentam positivos confere-lhe um sentido de subsequência, a que podemos recorrer no futuro.
Pensar que existem heróis destemidos que se movem em permanentes atos de coragem e onde o medo não tem lugar é uma falácia. Na verdade, nada nos garante que factos tenham sido bem-sucedidos, no entanto, desses pouco se fala, deixando antever que da coragem se obtém sempre resultados positivos.
Importa refletir que ter a coragem de adotar alternativas em determinados momentos pode criar em nós sentimentos de liberdade e confiança, sendo que muitas vezes o resultado está acima de tudo na importância dessa conquista. Enfrentar a coragem como D. Quixote a descreveu “quem perde seus bens perde muito, quem perde um amigo perde mais, mas quem perde a coragem perde tudo” é revelador das nossas (in) seguranças dos princípios e valores e do nosso modo de estar na vida.
Por fim, termino com uma frase de um homem que me inspira e encoraja;
“Devemos promover a coragem onde há medo, promover o acordo onde existe conflito, e inspirar esperança onde há desespero.” Nelson Mandela
TERAPEUTA FAMILIAR
www.terapiafamiliarsistemica.pt
in REVISTA PROGREDIR |DEZEMBRO 2019
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