Por Emídio Ferra
in REVISTA PROGREDIR | JUNHO 2021
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Fruto dos conflitos de interesses e de poderosos lobbies financeiros, o Dinheiro e o seu entendimento, mantêm-se no obscuro submundo das sociedades modernas, com a inevitável consequência do acesso aos fundos monetários e à sua redistribuição social estarem fora do alcance ao comum dos mortais e de quem, na verdade, produz a riqueza e também dos políticos que se curvam diante dos magnatas e de sue interesses umbilicais.
Considerando a experiência que se viveu em Portugal, nos dois últimos anos, nas famílias, nas empresas, nos setores social, cultural e político, em geral, afirmamos que se denotou uma maior responsabilização e consciência do valor do dinheiro e da sua manutenção e gestão.
A responsabilidade ambiental ganhou um maior sentido na política, a equidade social encontrou um espaço nas comunidades mediáticas e a economia contempla fatores do desenvolvimento social e humano nas suas premissas macro de previsões e estratégia.
Os indivíduos no seu habitat natural, a família, no decorrer da invasão deste mais recente vírus, vivenciou experiências de medo e desolação, que permitiram uma reflexão obrigatória, mas passional, do modo de vida habitual e seus valores implícitos. As impossibilidades decorrentes do estado de emergência, confinamento, limitação na circulação e das liberdades básicas de acesso a vários serviços, permitiram a tomada de consciência de mau e abusivo uso do dinheiro que cada família consegue obter e gerir.
O que seria impossível visionar no “ram-ram” do dia-a-dia, até então, tornou-se claro que não é necessário tanto (e desnecessário) consumo esquizofrénico, para viver em paz e tranquilidade e obter momentos de felicidade, como o é possível com as simples partilhas entre os membros da família, vivenciando-se momentos inesquecíveis em união e aprendizagem comunitária.
Todos sabemos que foram nestes tempos, vividos e partilhados momentos difíceis e de saturação, porque afinal na maioria das famílias, já se tinham perdido os hábitos de comunhão, aprendizagem e afeto natural, por estes terem sido, ao longo dos tempos, transferidos e substituídos pela “falsa” satisfação no consumo supérfluo e desconexo, gerados pela “máquina” da economia do crescimento, com o apoio do Marketing desvinculado dos valores éticos, humanos e sociais.
Aos poucos e de repente, a perceção de que, pelo menos, metade dos gastos de âmbito pessoal e familiar eram completamente desnecessários e/ou poderiam ser minimizados com as tecnologias e processos digitais, os hábitos de consumo, alteraram-se para estes recentes métodos, assoberbando os processos das compras online, as transportadoras e os empregos de entrega ao domicílio, com a consequente redução da pegada de carbono e eficácia na aquisição onde a “compra por impulso” é mais controlada e a possibilidade de reflexão prévia ao consumo, permite reduzir alguns gastos excedentes e desnecessários.
Em alguns casos, verificou-se que mesmo com um rendimento diminuto, a boa gestão do dinheiro existente no orçamento mensal familiar, era possível suportar o penoso fardo de aguentar o longo mês, sem recurso ao crédito e ao endividamento.
Aparentemente esta situação acima descrita, deveria ter tido um impacto contrário no mundo empresarial. Contudo, havendo um universo de micro - empresas e empresários que não sobreviveram a estes tempos hostis, também é de anotar um conjunto da economia que, mesmo reduzindo os seus valores habituais de faturação, conseguiram manter seus níveis de rentabilidade e produção, em grande parte pelos apoios governamentais obtidos para a manutenção dos trabalhadores, entre outros.
Havendo imensas incertezas com o futuro da economia e das finanças ao nível global, na atual realidade, devemos congratularmo-nos com os avanços que se vêm a desenhar neste ano, que retomam as preocupações emergentes do estado ambiental do nosso planeta, as questões emergentes dos migrantes e outra sociais, de equidade, justiça e transparência.
Para que estes avanços, não caiam novamente em “saco roto”, é necessário mantermo-nos atentos e conscientes da realidade envolvente, com uma atitude dinâmica de cidadania ativa, participação social e de bom-senso humanitário.
A crescente consciência do valor do dinheiro e na nossa responsabilidade pelo seu uso e gestão, garantirá uma boa parte da melhoria das condições de vida e de um mundo melhor, que merecemos celebrar.
CONSULTOR EM BIOECONOMIA, FINANÇAS E INOVAÇÃO
www.empowertolive.pt
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“Empreendedorismo e Inovação
in REVISTA PROGREDIR | JUNHO 2021
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