in REVISTA PROGREDIR | AGOSTO 2020
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
No seu discurso, Albert Schweitzer referia-se ao sentimento da esperança. De facto a esperança é um sentimento dualista que pode conduzir à inércia ou à ação.
Os olhos só podem ver até onde a consciência alcança e assim é com este sentimento dualista chamado esperança. A palavra esperança tem origem no latim e deriva de SPES, que significa confiar em algo positivo, que evolui para o verbo SPERARE, que em latim significa ter esperança, originando a palavra esperar como a conhecemos hoje.
Assim a ESPERANÇA é uma crença emocional que oferece a espera por algo positivo que possa acontecer do ponto de vista pessoal. A esperança exige perseverança no ato de acreditar que algo, ainda que ilusório e utópico, possa acontecer mesmo que as condições sejam adversas, o que aproxima a esperança do atributo da fé.
Apontando alguns exemplos práticos, podemos incluir aqui a esperança de ficar rico, de ter esperança na cura de uma doença ou no desejo de sentimentos de amor recíprocos.
A esperança pode ser incluída no conjunto das três virtudes teológicas do Cristianismo ao lado da fé e do amor. Os cristãos esperam que Deus lhes conceda a vida eterna e o reino dos Céus como uma promessa de felicidade.
Na Mitologia Grega, a esperança não foi considerada uma virtude. Quando Pandora, a primeira mulher criada pelos deuses, abriu a caixa que continha todos os males da Humanidade, ao fechá-la, o único mal que ficou preso lá dentro foi justamente a esperança. Ainda hoje, quando nos referimos à “caixa de Pandora”, estamos a considerar a hipótese de que algo caótico possa acontecer, no entanto, mantemos a esperança que não seja tão mau quanto possa parecer.
Este olhar sobre a esperança também nos remete para as lendas e para as crenças de origem popular com afirmações como: “A esperança é a última a morrer” ou “Quem espera sempre alcança”, conduzindo a esperança para uma espera passiva.
Também nos movimentos New Age se afirmam crenças como “deixar a decisão nas mãos do Universo” ou “confiar e entregar ao Universo”.
Quando se espera para-se no tempo e aposta-se na desresponsabilização, não se serve a Vida porque se espera ser servido. Podemos considerar que este tipo de esperança é baseado no orgulho pessoal, inflexibilidade, vergonha, no medo de se expor e na decisão deliberada de permanecer na zona de conforto.
Quem não nasce para servir, também não serve para viver!
Quem escolhe servir a Vida, ser útil e contribuir para um mundo melhor, escolhe o caminho de Esperançar, abre os braços para almejar, para sonhar, age com convicção, empreende, busca, trabalha para melhorar as condições e obter melhores resultados.
Os empreendedores não vivem de esperança, eles esperançam em busca de soluções eficientes quando parece não haver alternativas. Saem da sua margem de conforto, são flexíveis, compreensivos e agem no sentido de fazerem as mudanças necessárias para realizarem os seus sonhos, metas e objetivos. Compreendem as dificuldades e focam corajosamente a sua atenção no campo das infinitas possibilidades.
Estamos Inquestionavelmente perante um equívoco entre a esperança e o esperançar, em que o conceito da esperança é um dado adquirido que perdura por inúmeras gerações até se tornar numa crença inquestionável, assim como o equívoco entre a fé e a convicção. As crenças conduzem para comportamentos que não são genuínos nem deixam margem para a liberdade de escolha, por isso, a Filosofia é uma das disciplinas mais importantes para o questionamento daquilo que uma sociedade considera um dado adquirido.
Esperança e Esperançar são conceitos que merecem ser refletidos, desmistificados e ajustados de acordo com a liberdade de escolha de cada um.
PSICOLOGIA HOLÍSTICA, HIPNOSE, AUTOHIPNOSE
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