Por Manuela Pereira
in REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2014
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Apesar de confluírem e interagirem constantemente, vamos focar-nos no Yin, no lado mais passivo, calmo, interno e feminino de cada um. Independentemente do género a que pertencemos, todos nós trazemos implícito a energia Yin e torna-se fundamental, senão vital, que consigamos um equilíbrio e mesmo colocá-la a nosso favor para que a plenitude do dia-a-dia seja tangível.
Isto significa que os homens, por exemplo, podem e devem desenvolver o seu lado mais Yin sem que isso signifique perder a sua identidade masculina. Assim, como a mulher que atenta nesta energia em particular pode e vai tornar-se muito mais absoluta enquanto Mulher. A verdade é que todos nós possuímos uma cota sustentável de energia feminina que não sabemos identificar e quase nunca utilizar. Quando desenvolvemos esta capacidade de reconhecer o nosso yin, passamos a conseguir gerar, criar e transmutar não só comportamentos, como mudanças no nosso estilo de vida. Começamos, essencialmente, a perceber onde e como podemos utilizar este poder interior nas mais pequenas coisas que, de repente, passam a fazer a diferença em cada gesto ou pensamento.
A energia feminina nutre, alimenta e impulsiona. É a energia dos afetos. Num mundo cheio de pressa e numa sociedade cada vez mais materialista, caiem por terra noções que nos definem, partes de um todo que nos interpreta. Se observarmos, a mulher procura sempre no homem características muito femininas e maternais: proteção, calor, cuidado, romance; o homem que tenha estas formas de comportamento mais desenvolvidas terá muito mais sucesso nas relações que estabelece com a sua companheira, mãe, irmã ou círculo de amizades. Já o homem que perceber a urgência de desenvolver este seu lado energético, vai tornar-se menos dependente da mulher, mais capaz de dar e receber e passar a ser alguém mais completo na sua integração social. Tanto para o homem como para a mulher, a energia Yin simboliza o que demais profundo existe na sua essência e, sem dúvida, anda de mãos dadas com a intuição.
A mudança é algo que começa de dentro para fora e reveste-se de uma consciência profunda sobre a necessidade de procuramos formas de equilíbrio e de bem-estar pessoal. A nossa forma de pensar, de ver as coisas, de as sentir, altera completamente a forma como captamos o mundo exterior. Nesta alteração, desenvolve-se parte dos nossos relacionamentos com o Outro e infelizmente, neste jogo, quase ninguém conhece as regras. É necessário vermo-nos por dentro, para disfrutarmos do que esta cá fora. Para, no final das contas, conseguirmos ter relações com tudo o que nos rodeia, já que é disso que se trata.
Deixamos de disfrutar da leitura de um livro, para estarmos a competir num mundo onde a energia masculina impera, deixamos de cuidar de nós, para estarmos alerta num espaço onde o afeto pode ser o elo mais fraco, deixamos de conversar, para apenas falar, deixamos sobretudo de ouvir, para escutarmos. A polaridade que inverte a sensibilidade para o que de mais rude absorvemos, dá-nos a falsa segurança de que nos protegemos de investidas desleais, de movimentos em falso, de valores de juízos. Deixamos de exercitar as emoções, para preferir o desapego. Com o tempo, percebemos que estamos doentes, não física, mas emocionalmente. Concluímos, tarde demais, que desperdiçamos tempo e energia vital com uma forma de vida menor: menor na intensidade, menor na sua expressão, menor na sua condição, menor na sua longevidade.
A energia feminina é algo que reside em nós desde que nascemos, queiramos ou não, acreditemos ou não, ela vai continuar a fazer parte do que nos estrutura ou, na pior das condições, no que nos desestrutura. O conhecimento desta energia não nos traz vantagem sem a consciência do que ela significa. É importante para ambos os géneros estar susceptível ao conceito de que somos energia, somos um aglomerado de vontades em potência que mal usadas não nos servem para a dimensão que foram criadas.
Estar atento, colocar-se no lugar do outro, ver o mundo lá fora como reflexo do nosso universo interior, dar valor às nossas emoções, respeitar a dos outros, distribuir afetos e saber receber, mostrar gratidão, não ter pressa, saber esperar, aceitar, reconhecer o choro são estratégias de desenvolvimento Yin.
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in REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2014
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